Grande Prêmio de Lausitz de 2001

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American Memorial 2001
Grande Prêmio de Lausitz de 2001

Mapa do circuito.
Detalhes da corrida
Categoria Champ Car
Data 15 de setembro de 2001
Nome oficial American Memorial
Local Circuito oval de Lausitzring
Oberspreewald-Lausitz,  Alemanha
Total 154 voltas / 501.42 km
Pole
Piloto
Brasil Gil de Ferran Penske
Volta mais rápida
Piloto
Brasil Tony Kanaan Mo Nunn Racing
Tempo 34.747 (na volta 96)
Líder por mais voltas
Piloto
Suécia Kenny Bräck Team Rahal
Voltas 82 de 154 voltas
Pódio
Primeiro
Suécia Kenny Bräck Team Rahal
Segundo
Itália Max Papis Team Rahal
Terceiro
Canadá Patrick Carpentier Forsythe Racing
Cronologia
Temporada da Champ Car de 2001
Vancouver 2001
Rockingham 2001
American Memorial
Não houve
Não houve

O Grande Prêmio de Lausitz de 2001 (inicialmente, German 500 e renomeado, em seguida, para American Memorial de 2001[1]) foi a décima-quarta etapa da temporada de 2001 da CART. Foi a primeira incursão da categoria no continente europeu[1], e a corrida teve como vencedor o sueco Kenny Bräck, da Team Rahal. Antes da largada, houve uma homenagem às vítimas do atentado de 11 de setembro ocorrido 4 dias antes, nos Estados Unidos.

Este GP é lembrado pelo gravíssimo acidente do italiano Alessandro Zanardi, da Mo Nunn Racing, cujo carro foi acertado pelo canadense Alex Tagliani, da Forsythe. Devido ao excesso de detritos espalhados na pista, a direção de prova optou em continuá-la em bandeira amarela até o final, dando a vitória a Bräck. Max Papis, também da Rahal, chegou em segundo e Patrick Carpentier, da Forsythe, cruzou a linha de chegada em terceiro. Dentre os brasileiros, o melhor colocado foi Tony Kanaan, em quinto lugar.

Resultado[editar | editar código-fonte]

Pos. Piloto Equipe Voltas Tempo/Abandono Grid Pontos
1 8 Suécia Kenny Bräck Team Rahal 154 2:00:20.940 2 20
2 7 Itália Max Papis Team Rahal 154 0.2 segs. 16 16
3 32 Canadá Patrick Carpentier Forsythe Racing 154 2.8 segs. 9 14
4 39 Estados Unidos Michael Andretti Team Green 154 4.7 segs. 4 12
5 22 Espanha Oriol Servià Sigma Autosport 154 5.2 segs. 20 10
6 5 Japão Tora Takagi Walker Racing 154 6.4 segs. 26 8
7 55 Brasil Tony Kanaan Mo Nunn Racing 154 6.6 segs. 10 6
8 1 Brasil Gil de Ferran Penske 154 9.3 segs. 1 5
9 18 Nova Zelândia Scott Dixon PacWest Racing 154 9.9 segs. 6 4
10 26 Canadá Paul Tracy Team Green 154 10.3 segs. 11 3
11 4 Brasil Bruno Junqueira Chip Ganassi Racing 154 13.0 segs. 15 2
12 3 Brasil Hélio Castroneves Penske 154 14.9 segs. 3 1
13 19 Estados Unidos Townsend Bell Patrick Racing 154 18.5 segs. 27
14 12 Estados Unidos Memo Gidley Chip Ganassi Racing 153 1 volta 18
15 40 Estados Unidos Jimmy Vasser Patrick Racing 153 1 volta 14
16 17 Brasil Maurício Gugelmin PacWest Racing 152 2 voltas 23
17 16 México Michel Jourdain Jr. Bettenhausen Racing 151 3 voltas 21
18 25 Brasil Max Wilson Arciero-Blair Racing 149 5 voltas 24
19 11 Brasil Christian Fittipaldi Newman-Haas Racing 148 Problema mecânico 12
20 66 Itália Alessandro Zanardi Mo Nunn Racing 142 Acidente 22
21 33 Canadá Alex Tagliani Forsythe Racing 142 Acidente 13
22 52 Japão Shinji Nakano Fernández Racing 142 Problema elétrico 25
23 20 Brasil Roberto Moreno Patrick Racing 130 Problema mecânico 8
24 51 México Adrián Fernández Fernández Racing 120 Problema mecânico 17
25 27 Reino Unido Dario Franchitti Team Green 115 Problema mecânico 5
26 6 Brasil Cristiano da Matta Newman-Haas Racing 37 Problema mecânico 7
27 77 Estados Unidos Bryan Herta Zakspeed-Forsythe Racing 31 Problema elétrico 19
Source:[2]

Notas[editar | editar código-fonte]

Problemas nos treinos e qualificações[editar | editar código-fonte]

A exemplo de outras modalidades esportivas Americanas, como a NFL, MLB, NASCAR e IRL, muito se cogitava a possibilidade e até mesmo o dever da CART adiar ou cancelar a corrida em Lausitz pelos ocorridos nos atentados de 11 de setembro, essa era a primeira da história da categoria na Europa, o que se tornava um peso maior na decisão a ser tomada, porém a prova foi mantida para o dia 15 de setembro de 2001, um sábado, apenas quatro dias após os atentados que geravam grande comoção da maioria americana de funcionários envolvidos na categoria. A ordem contou com os treinos-livres na quinta (13), qualificação na sexta (14) e corrida no sábado (15), porém uma chuva longa na quinta impossibilitou os trabalhos (carros da categoria por segurança não correm em pista molhada nos ovais), o que obrigou a CART a reorganizar as atividades pelo fim de semana, devido as equipes terem optado por usarem os seus kits aerodinâmicos das pistas ovais em uma pista que poucos pilotos conheciam.

A agenda atualizada teve os treinos-livres realizados na sexta, e a qualificação originalmente na sexta foi cancelada, a organização resolveu considerar a então classificação do campeonato de pilotos até aquela altura da temporada. [3]

O acidente de Zanardi[editar | editar código-fonte]

Zanardi e seu companheiro de equipe na Mo Nunn, Tony Kanaan, mostravam no treino-livre que os carros estavam muito bem no circuito alemão, o que na temporada era uma raridade para Zanardi, que tinha como melhor resultado um único quarto lugar em Toronto, após uma sétima posição em Motegi e no decorrer do campeonato um nono lugar em Chicago, Lausitz já era a décima quarta etapa do campeonato. Kanaan liderou Zanardi que fez de imediato os segundos melhores tempos tanto nos treinos-livres quanto no warm-up apenas +0s325 e +0s282 respectivamente atrás das voltas de 34s625 e 35s288 do Brasileiro

Na corrida o bom rendimento prosseguiu e os pilotos da Mo Nunn escalaram o pelotão até a volta 142/154, quando o Italiano foi os pits realizar um splash and go para garantir que teria combustível o suficiente para finalizar a corrida sem o risco de uma pane seca, quando retornava a pista ainda na saída dos boxes ele perdeu o controle do seu carro que parou em posição extremamente perigosa dentro do traçado de corrida, Patrick Carpantier foi o primeiro carro a ver a situação que Zanardi se encontrava de frente, ele conseguiu desviar pela direita e passou a metros da traseira do Italiano, porém, Alex Tagliani que vinha logo a seguir acertou Zanardi em uma batida praticamente em 'T', a mais temida para qualquer categoria do automobilismo, a velocidade estimada foi de 305 km/h

Parte frontal do carro da Mo Nunn da CART

o Dr. Steve Olvey, médico oficial da CART na prova, de ínicio achou que o caso poderia se tratar de uma tragédia dupla, onde ambos os pilotos perderiam a vida. O Dr. Terry Trammell, ortopedista oficial da CART, ao chegar no local chegou a achar que uma grande poça que estava no local se tratava de óleo do Mo Nunn, mas era o sangue de Zanardi, que teve seu carro partido da altura de seu volante em diante do bólido, o que teria decepado de forma imediata as pernas de Alessandro Zanardi. O Dr Olvey ainda concluiu que as pernas não foram cortadas e sim explodidas com a pressão da batida, como em casos de soldados em guerra que pisam em minas-terrestres.

A perda de sangue era nessa altura o ponto mais crítico da situação, com um cinto improvisaram um torniquete na perna esquerda, a que sofreu o impacto primeiro e estava mais afetada com a batida, o piloto foi levado a um hospital de Berlin de helicóptero, durante o voo de 130km de distância foi divulgado que seu estado era extremamente crítico ainda que respirando por conta própria, não contava com 75% do sangue de seu corpo além de pressão arterial muito baixa, o que comprometia o funcionamento de órgãos-vitais, até o hospital o seu coração parou de bater por sete vezes, mas os médicos conseguiram reanima-lo em todas as vezes, além disso os médicos realizaram uma solução salina intravenosa para auxiliar no transporte de oxigênio para o cérebro.

Faixada do EuroSpeedway Lausitz

Chegando ao hospital, Alex Zanardi foi submetido a uma cirurgia de três horas, que resultaram na amputação de suas duas pernas acima do joelho, isso porque a sua perna direita havia sido acidentada em 8 centímetros abaixo do joelho, ele também tinha fratura na pélvis e seus sinais neurológicos eram considerados normais, porém os médicos optaram por manter Alex Zanardi em coma induzido para diminuição dos estresses em seu corpo. O quadro sério já era um grande alívio para as proporções causadas no acidente, o Dr Olvey ainda destacou que Zanardi não teria sobrevivido a mais de dez ou quinze minutos sem o atendimento propicio no hospital.

Em 19 de setembro de 2001, quatro dias depois do acidente e desperto do coma, Zanardi foi informado do seu estado pela sua esposa e surpreende à todos com sua positividade apenas pelo fato de estar vivo ao lado de sua família em imensa gratidão. Ele teve alta no dia 30 de setembro de 2001 saindo pela porta da frente do hospital de Berlin Klinikum Berlin-Marzahn, com um grande sorriso no rosto em sua cadeira de rodas [4]

Alex Tagliani por sua vez se encontrava ciente e alerta de tudo o que aconteceu, se queixando apenas de dores nas costas ele foi levado para o mesmo hospital que Zanardi em Berlin com menos urgência, ele ganhou alta um dia depois de sua entrada após realizar exames de rotina, podendo competir no restante da temporada.

Bandeiras amarelas[editar | editar código-fonte]

Voltas Causa
63-69
80-84
142-154 Acidente

Pilotos que lideraram o GP[editar | editar código-fonte]

Piloto Voltas na liderança
Kenny Bräck 82
Patrick Carpentier 31
Alessandro Zanardi 20
Tony Kanaan 11
Michael Andretti 6
Bruno Junqueira 3
Tora Takagi 1

Referências

  1. a b «CART re-names race 'The American Memorial'». Canadian Broadcasting Corporation. 14 de setembro de 2001. Consultado em 12 de setembro de 2009. Cópia arquivada em 16 de setembro de 2009 
  2. «Results: 2001 The American Memorial». Championship Auto Racing Teams. Consultado em 2 de novembro de 2009. Cópia arquivada em 4 de maio de 2003 
  3. «Folha Online - Esporte - Alex Zanardi é levado para hospital após grave acidente na Indy - 15/09/2001». www1.folha.uol.com.br. Consultado em 10 de setembro de 2021 
  4. «Há 15 anos, Zanardi perdia as pernas em forte acidente». motorsport.uol.com.br. Consultado em 10 de setembro de 2021 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]