Grazina-de-trindade

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Como ler uma infocaixa de taxonomiaGrazina-de-trindade
Espécime em desenho de 1914
Espécime em desenho de 1914
Espécime avistado na ilha Redonda, Maurícia
Espécime avistado na ilha Redonda, Maurícia
Estado de conservação
Espécie vulnerável
Vulnerável (IUCN 3.1) [1]
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Aves
Ordem: Procellariiformes
Família: Procellariidae
Género: Pterodroma
Espécie: P. arminjoniana
Nome binomial
Pterodroma arminjoniana
Giglioli & Salvadori, 1869
Distribuição geográfica
Distribuição da freira-de-trindade
Distribuição da freira-de-trindade
Sinónimos
Aestrelata arminjoniana[2]

Grazina-de-trindade,[3] freira-de-trindade[4] ou pardela-de-trindade[5] (nome científico: Pterodroma arminjoniana) é uma espécie de ave marinha da família dos procelariídeos (Procellariidae).[6]

Distribuição e habitat[editar | editar código-fonte]

A grazina-de-trindade utiliza a ilha da Trindade, na costa do Espírito Santo, como zona de nidificação. Na década de 1990, estimou-se que a população em Trindade podia ser de dois a cinco mil indivíduos, mas estudos recentes sugerem que é tão baixa quanto 1130 casais reprodutores. Revoadas foram avistadas nos picos do Túnel, Pão de Açúcar, Farilhões e Crista de Galo. Também houve avistamentos ao largo dos Açores e nas ilhas de Cabo Verde. Pode migrar ao Atlântico Norte durante o inverno e forrageia em águas profundas desde a linha do equador até 34°S. Uma população foi avistada nidificando na ilha Redonda, 22 quilômetros ao norte de Maurícia, no oceano Índico.[1]

Reprodução[editar | editar código-fonte]

A grazina-de-trindade ocupa Trindade durante todo o ano, onde se reproduz em dois períodos bem definidos com alguma sobreposição e aparente fidelidade de indivíduos em um período. Os ninhos são feitos em fendas e outras cavidades de falésias nas partes mais altas da ilha, bem como ao nível do mar. Seu maior pico de postura ocorre entre outubro e abril.[1]

Conservação[editar | editar código-fonte]

No passado, foi severamente afetada pela presença de mamíferos invasores, como os gatos ferais, que dizimaram as populações de aves marinhas em Trindade até a erradicação deles na década de 1990. Por sua vez, cabras e porcos desnudaram a vegetação insular, o que degradou o habitat da espécie até sua erradicação em 2004 e 1965, respectivamente. Atualmente a maior ameaça em potencial à grazina-de-trindade são as atividades antrópicas na ilha, sobretudo da marinha do Brasil que tem planos de construir uma base aérea na ilha, bem como turbinas eólicas experimentais. Apesar dos riscos, sua população foi considerada como estável, o que permitiu sua classificação, na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN / IUCN), como vulnerável.[1]

Em 2005, foi classificado como em perigo na Lista de Espécies da Fauna Ameaçadas do Espírito Santo;[7] e em 2014 e 2018, respectivamente, como criticamente em perigo no Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção e na Lista Vermelha do Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).[8][9]

Referências

  1. a b c d BirdLife International (2018). «Pterodroma arminjoniana». Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas. 2018: e.T22698005A132618884. doi:10.2305/IUCN.UK.2018-2.RLTS.T22698005A132618884.enAcessível livremente. Consultado em 22 de abril de 2022 
  2. Salvadori, Tommaso (1869). «Due nuove specie di uccelli della famiglia dei Caprimulgidi». Atti della Società italiana di scienze naturali: 447–458 
  3. Rivera, Rafael (13 de setembro de 2021). «Parcerias institucionais viabilizam ação de conservação das aves marinhas do Arquipélago de Trindade e Martin Vaz». Instituto de Biodiversidade e Sustentabilidade (NUPEM) da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (URRJ). Consultado em 22 de abril de 2022 
  4. Paixão, Paulo (Verão de 2021). «Os Nomes Portugueses das Aves de Todo o Mundo» (PDF) 2.ª ed. A Folha — Boletim da língua portuguesa nas instituições europeias. p. 145. ISSN 1830-7809. Consultado em 13 de janeiro de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 23 de abril de 2022 
  5. «Espécies de aves registradas nos ambientes marinho e costeiro do Brasil» (PDF). Consultado em 22 de abril de 2022. Arquivado do original (PDF) em 24 de setembro de 2016 
  6. Carboneras, C.; Jutglar, F.; Kirwan, G. M.; Sharpe, C. J. (2020). «Trindade Petrel (Pterodroma arminjoniana), version 1.0». In: de Hoyo, J.; Elliott, A.; Sargatal, J.; Christie, D. A.; Juana, E. de. Birds of the World. Ítaca, Nova Iorque: Laboratório Cornell de Ornitologia. doi:10.2173/bow.tripet1.01 
  7. «Lista de Espécies da Fauna Ameaçadas do Espírito Santo». Instituto de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (IEMA), Governo do Estado do Espírito Santo. Consultado em 7 de julho de 2022. Cópia arquivada em 24 de junho de 2022 
  8. «Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção» (PDF). Brasília: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Ministério do Meio Ambiente. 2018. Consultado em 3 de maio de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 3 de maio de 2018 
  9. «Pterodroma arminjoniana (Giglioli & Salvadori, 1819)». Sistema de Informação sobre a Biodiversidade Brasileira (SiBBr). Consultado em 22 de abril de 2022. Cópia arquivada em 9 de julho de 2022