Guernésiais

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Guernésiais
Falado(a) em: Guernsey
Total de falantes: 1.330 fluentes (2% população)
Família: Indo-europeia
 Itálica
  Românica
   Ítalo-Ocidental
    Galo-ibérica
     Galo-românica
      Galo-rética
       Oïl
        Normanda
         Guernésiais
Códigos de língua
ISO 639-1: --
ISO 639-2: ---

Guernésiais, também chamada Dgèrnésiais, Guernsey French, Francês Normando Guernsey , é uma variante da língua normanda falada em Guernsey. Muitas vezes é chamada de patuá (patois) na ilha. É uma das Oïl que tem raízes no Latim, mas sofreu muita influência tanto da língua nórdica antiga (Norse) como do inglês em diferentes épocas de sua história.

Características[editar | editar código-fonte]

Há alguma inteligibilidade mútua (com certa dificuldade) com os falantes de Jèrriais (de JerseyCanal da Mancha) e com os falantes do normando da Normandia. O se parece mais com o dialeto normando de Le Havre na península do Cotentin (o Cotentinais). A língua Guernésiais foi menos influenciada pelo francês do que foi o Jèrriais, mas foi muito mais influenciada pelo inglês. Palavras modernas foram importadas, tais como "le bike", "le gas-cooker".

Há uma rica tradição poética da língua Guernsey. Há canções inspiradas pelo mar, por coloridas figuras de linguagem, pelo folclore tradicional, bem como pela bela natureza da ilha. O maior poeta de Guernsey foi Georges Métivier (1790–1881), contemporâneo de Victor Hugo, o qual influenciou e inspirou poetas locais para imprimir e publicar suas obras poéticas. Métivier utilizou nomes de localidades da ilha, de aves e outros animais, ditos populares e fragmentos de poesia local medieval para criar suas Rimes Guernesiaises (1831). Denys Corbet (1826–1910) foi considerado como "Último Poeta" do Francês de Guernsey e publicou muitos poemas de seu tempo na sua língua nativa no jornal da ilha e também de forma privada.

Um trecho da poesia de Métivier: Que l'lingo seit bouan ou mauvais / J'pâlron coum'nou pâlait autefais (Seja o “lingo” bom ou mau, eu vou falar como meu querido velho pai).

O mais recente dicionário do Guernésiais, chamado "Dictiounnaire Angllais-Guernesiais" (Inglês-Guernsey ) e publicado por “La Société Guernesiaise, Abril 1967 (edição revisada em1982), foi escrito por Marie de Garis (1910–2010). Em 1999 De Garis recebeu um Ordem do Império Britânico (MBE) por seu trabalho.

Situação hoje[editar | editar código-fonte]

Em Dgèrnésiais a primeira mensagem de boas vindas no posto de turismo Guernsey em St. Peter Port

O Censo de 2001 registrou 1.327 (dos quais 1.262 nascidos em Guernsey) ou 2% da população fala fluentemente a língua, enquanto 3% a entendem perfeitamente. Desses 1.327, 70% (934) têm mais de 64 anos. Dentre os jovens, somente um em cada mil conhece bem a língua. 14% da população de Guernsay diz entender um pouco a língua.

  • L'Assembllaïe d'Guernesiais, uma associação de falantes Dgernesiais, fundada em 1957, publicou um jornal, Les Ravigoteurs. Outra associação publicou um livro de histórias e uma fita cassete para crianças.
  • Forest School de Guernsey patrocina um concurso anual de conversação na língua entre crianças da escola fundamental (6º ano).
  • O encontro anual “Eisteddfod” promove performances na língua, notas em jornais em estações de rádio relacionadas.
  • Há algum ensino do idioma em classes voluntárias de Guernsey.
  • Dgèrnésiais é reconhecida (bem como Jèrriais, Irlandês, Gaélico escocês, Galês, ], Manx- Manês e Scots, essa na na Escócia e Irlanda do Norte) como um língua regional oficial pelos governos do Reino Unido e da Irlanda, dentro do British-Irish Council.
  • A Radio BBC de Guernsey]] e o jornal Guernsey Press ambos apresentam periodicamente lições da língua.
  • Um Oficial para desenvolvimento da língua de Guernsey foi indicado em janeiro de 2008.[1]
  • Há a pouca programação de Televisão e Rádio em Guernesiais, sendo a língua aí quase ignorada, havendo algumas apresentações curtas, mais para quem quer aprender a língua na BBC Radio Guernsey

Mesmo com um claro desenvolvimento das línguas normandas, muitos ainda acham que o Guernesiais não é uma realmente língua e a veem como um dialeto da língua francesa, pois, como a escrita do Dgèrnésiais baseia fortemente naquela do francês, os franceses podem entender muito do que se escreve em Dgèrnésiais.

Obras diversas[editar | editar código-fonte]

  • O poeta Guernsey poet, George Métivier (1790 - 1881) – chamado o Burns Guernsey , foi o primeiro a produzir um dicionário da língua normanda das Ilhas do Canal, o Dictionnaire Franco-Normand (1870). Isso veio a estabelecer uma primeira ortografia que mais tarde foi modificada e modernizada. Entre seus trabalhos poéticos são as Rimes Guernesiaises de 1831.
  • O príncipe Louis Lucien Bonaparte publicou uma tradução da Parable of the Sower para o Dgèrnésiais em 1863 como parte de sua pesquisa de filologia.
  • Assim como Métivier, Tam Lenfestey (1818 ~ 1885) publicou poesias em jornais de Guernsey e num livro.
  • Denys Corbet (1826 ~ 1909), que se descreveu como o Draïn Rimeux (último poeta), mas a produção literária continuou. Corbet é mais conhecido por seus poemas, em especial por sua poesia épica L'Touar de Guernesy, um “tour” picaresco pelas paróquias de Guernsey. Como editor do jornal (em língua francesa) Le Bailliage, ele também escreveu folhetins em Dgèrnésiais usando o cognome Badlagoule ("tagarela"). Em 2009 houve na ilha uma amostra especial na paróquia Forest sobre Corbet e seu trabalho, quando do centenário de sua morte, onde se mostrou um retrato do escritor pintado pelo artista Christian Corbet, seu primo..
  • Thomas Martin (1839 ~ 1921) traduziu para o Guernésiais a Bíblia, peças de William Shakespeare, doze peças de Pierre Corneille, três de Thomas Corneille, vinte e sete de Molière, vinte de Voltaire e o The Spanish Student de Henry Wadsworth Longfellow.[2]
  • Thomas Henry Mahy (1862 ~ 21 Abril 1936) escreveu Dires et Pensées du Courtil Poussin, uma coluna regular em La Gazette Officielle de Guernesey, desde 1916. Uma coletânea foi piblicada em libreto em 1922. Mahy publicou peças ocasionaisde prosa e poesia em Guernésiais até o início doas anos 30.
  • Thomas Alfred Grut (1852 ~ 1933) publicou Des lures guernesiaises em 1927, colunas de jornais, ele também traduziu para o Guernésiais histórias escritas em Jèrriais escritas por Philippe Le Sueur Mourant.
  • Marjorie Ozanne (1897 ~ 1973) escreveu histórias que foram publicadas no Guernsey Evening Press entre 1949 e 1965. Algumas de suas promeiras peças podem ser encontradas na La Gazette de Guernesey dos anos 20.
  • O dicionário de Métivier foi superado pelo de Marie de Garis (n. 1910), Dictiounnaire Angllais-Guernésiais, cuja primeira edição foi em 1967, com suplementos em 1969, 1973, 3ª adição em 1982.
  • Quando as Ilhas do Canal foi invadida pela Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial, a língua teve um ligeiro crescimento. Muitos das pessoas de Guernsey não queriam ser entendidas pelas forças de ocupação, dentre as quais havia quem entendesse inglês.
  • Victor Hugo incluiu a estranho nome Dgèrnésiais em alguns de seus romances sobre as Ilhas do Canal. Seu romance Les Travailleurs de la Mer (Les Travailleurs de la Mer) teria promovido a inclusão do termo pieuvre, Dgèrnésiais para polvo, na língua francesa, na qual polvo é poulpe.
  • Uma coletânea de histórias curtas, P'tites Lures Guernésiaises (em Guernésiais com tradução para o inglês), escritas por vários autores foram publicadas em 2006.[3]

Fonologia[editar | editar código-fonte]

A Metátese do /r/ é comum em Guernésiais, se comparamos com Sercquiais e Jèrriais.

Guernésiais Sercquiais Jèrriais Francês Português
kérouaïe krwee crouaix croix cruz
méquerdi mekrëdi Mêcrédi mercredi quarta-feira

Outros exemplos são pourmenade (passeio), persentaïr (presente), terpid (tripéd).

Verbos[editar | editar código-fonte]

aver – ter, haver (verbo auxiliar)

presente pretérito imperfeito futuro condicional
j'ai j'aëus j'avais j'érai j'érais
t'as t'aëus t'avais t'éras t'érais
il a il aëut il avait il éra il érait
all' a all' aeut all' avait all' éra all' érait
j'avaöns j'eûnmes j'avaëmes j'éraöns j'éraëmes
vous avaïz vous aeutes vous avaites vous éraïz vous éraites
il aönt il aëurent il avaient il éraönt il éraient

oimaïr -Amar (conjugação regular)

presente pretérito imperfeito futuro condicional
j'oime j'oimis j'oimais j'oim'rai j' oim'rais
t'oimes t'oimis t'oimais t'oim'ras t'oim'rais
il oime il oimit il oimait il oim'ra il oim'rait
all' oime all' oimit all' oimait all' oim'ra all' oim'rait
j'oimaöns j'oimaëmes j'oimaëmes j'oim'rons j' oim'raëmes
vous oimaïz vous oimites vous oimaites vous oim'raïz vous oim'raites
il' oiment il' oimirent il' oimaient il' oim'raönt il' oim'raient

Amostras de textos[editar | editar código-fonte]

Exemplos[editar | editar código-fonte]

"Learn Guernésiais with the BBC
BBC Guernsey
Your voice in the Islands"
Guernésiais
(Pronúncia)
Português Francês
Quaï temps qu’i fait? Como está o tempo? Quel temps fait-il ?
Colloquial: Quel temps qu'il fait ?
I' fait caoud ogniet Hoje está quente Il fait chaud aujourd'hui
Tchi qu’est vote naom? Qual é o teu nome? Formal: Comment vous appellez-vous?
Colloquial: Comment t'appelle tu? / Comment tu t'appelle?
Quel est votre nom?
Coume tchi que l’affaire va?
(kum chik la-fehr va)
Com vai você?
Lit. Como vão seusnegócios?
Comment vont les affaires ?
Coll: comment que vont les affaires ?
Quaï heure qu'il est? Que horas são? Quelle heure est-il ?
Coll: Quelle heure qu'il est ?
À la perchoine
(a la per-shoy-n)
Nos veremos em breve Au revoir
À la prochaine
Mercie bian Muito obrigado(a) Merci beaucoup
Coll: Merci bien
chén-chin Isto ceci
ch'techin Este aqui celui-ci
Lâtchiz-mé Deiuxe-me Laissez-moi

Oração[editar | editar código-fonte]

Sarnia Chérie (Hino nacional de Guernsey)

Sarnia, chière patrie, bijou d'la maïr, Ile plloinne dé biautai, dans d'iaoue si cllaire Ta vouaix m'appeule terjous, mon tcheur plloin d'envie, Et mon âme té crie en poine, mes iars voudraient t'veis. Quaend j'saonge, j'té vaie derchier, mesme comme t'étais d'vànt, Tes côtis si vaerts et ton sabllaon si bllànc, Tes bànques et tes rotchets. Ah! Dé toutes la pus belle. Mon réfuge et mon r'pos, chière île qu'est si belle. Sarnia Chérie, ma chière patrie, D'l'île dé ma nèissance, mon tcheur a envie Ta vouaix m'appeule terjours, Et j'pense à té chaque jour. Ile plloinne dé biautai, Sarnia Chérie.

Sàns saver ta valeur, j'm'en fus en colère, Je v'yagis si llian, à l'aute but dé la terre. I m'dirent dé biaux pays, et j'm'en fus brâment Oueque la terre baillait à haut d'l'or et dé l'argent. Nous 'tait tous amis et i fit bal chaque jeur, Mais ta vouaix m'applait terjours, a m'déteurtait l'tcheur. Ch'est pourtchi qué j'm'en vians. Ah! té veis, la millaeure. Ma chière île dé répos, dé chenna j'sis saeure.

Sarnia Chérie, ma chière patrie, D'l'île dé ma nèissance, mon tcheur a envie Ta vouaix m'appeule terjours, Et j'pense à té chaque jour. Ile plloinne dé biautai, Sarnia Chérie.

Vèrsion Dgèrnésiaise por Hazel Tomlinson

Notas[editar | editar código-fonte]

  1. “Guernesiais promoter starts work” – BBC – 29.12.2009
  2. The Guernsey Norman French Translations of Thomas Martin: A Linguistic Study of an Unpublished Archive, Mari C. Jones, Leuven 2008, ISBN 978-90-429-2113-9
  3. P'tites Lures Guernésiaises, edited Hazel Tomlinson, Jersey 2006, ISBN 1-903341-47-7

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Maria De Garis - Dictiounnaire Angllais-Guernésiais - Phillimore & Co Ltd – 05.11.1982 - Isbn=978-0-85033-462-3

Ligações externas[editar | editar código-fonte]