Herói nacional

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Herói é o nome dado por vários governos a seus cidadãos por terem praticado atos de auto-sacrifício pelo estado, por um grande feito no campo de batalha ou ainda numa força de trabalho.[1]

Atualidade[editar | editar código-fonte]

A imagem de um herói nacional é importante na construção e afirmação da identidade local. No Brasil, o arquétipo do que seria tal personagem tem mudado gradualmente, refletindo uma alteração nos discursos circulantes no país.

Esse contraste entre diferentes imagens do herói nacional nasce de uma mudança nos discursos circulantes na sociedade brasileira.

O discurso da malandragem surge como forma de justiça social, diante da desigualdade que sempre marcou o país. Assim, legitimando o desvio das regras para atingir o sucesso, surge o jeitinho brasileiro, imortalizado pelos sambistas da Lapa e atualmente associado negativamente aos políticos. É o discurso da malandragem que alça personagens como Leonardinho de Memórias de um Sargento de Milícias à posição de herói.

Porém, com a melhora nas condições econômicas e diante da imagem negativa que o discurso do malandro despertava, tal construção passou a dividir espaço com um novo discurso. Semelhante à ideia do “selfmade man”, esse discurso se baseia no esforço e no mérito como formas de atingir melhores condições de vida. Tal semelhança fica clara no depoimento de Denise Paraná, autora do livro em que se baseia o filme de Lula, ao apontar que este teria chances de ganhar o óscar de melhor filme estrangeiro por retratar "um drama pessoal pungente e uma história social dramática que tem como desfecho a superação da tragédia e a conquista de 'um novo lugar no mundo'", qualidades prezadas pela academia e pelos americanos em geral e que colocam o ex-presidente na posição de herói nacional.

Porém, a mudança não foi totalmente consolidada. Assim, os discursos da malandragem e do mérito dividem espaço no âmbito nacional, consolidando heróis tipicamente brasileiros, que embora se esforcem e sejam justos, conservam uma dimensão de malandragem.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • ALMEIDA, Manuel Antônio de. Memórias de um sargento de milícias. 25ª ed. São Paulo: Ática, 1996
  • BARRETO, Fábio. Lula, o Filho do Brasil. Produção de Paula Barreto e Romulo Marinho Jr, direção de Fábio Barreto. São Paulo, Globo Filmes, 2009. 128 min.
  • CANDIDO, Antonio. A Dialética da Malandragem. In: O Discurso e a Cidade. São Paulo: Duas Cidades, 1993.

Referências

  1. Thiesse, Anne-Marie (2001). «Ficções criadoras: as identidades nacionais». Revista Anos 90. Consultado em 22 de novembro de 2018 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]