Hospital Nacional Simão Mendes

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Hospital Nacional Simão Mendes
Hospital Nacional Simão Mendes
Fachada do edifício-sede do HNSM
Localização Praça de São José (Bissau-Velho), Bissau, Guiné-Bissau
Fundação 1690 (334 anos)
Sistema de saúde Sistema Nacional de Saúde da Guiné-Bissau
Financiamento Governo da Guiné-Bissau
Tipo Público
Rede hospitalar Nacional
Coordenadas 11° 51′ 45″ N, 15° 34′ 54″ O
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O Hospital Nacional Simão Mendes (HNSM) é uma unidade de saúde guinéu-bissauense, localizado na cidade de Bissau, considerado o maior e mais antigo hospital público do pais, referência em cuidados gerais e diversas especialidades.

História[editar | editar código-fonte]

O HNSM descende do "Hospício de Bissau", instituição criada em 1690 para tratar de doenças tropicais que ocorriam na cidade, sendo um dos equipamentos sociais mais importantes que foram erguidos junto com a primeira Fortaleza de São José da Amura (que ainda tinha o nome de Fortaleza de Nossa Senhora da Conceição).[1]

Em 1697/1698, no bojo da primeira grande revolta dos povos papéis contra a presença lusitana na ilha de Bissau, o hospício é incendiado pelos papéis e fica em ruínas. Impossibilitados de reconstruir o hospício e continuar sua presença na fortaleza (destruída em 1707), os portugueses abandonam a ilha.[1]

Em 1766, ano da reconstrução definitiva da Fortaleza da Amura, um ofício do sargento-mor engenheiro Manuel Germano da Mata ao secretário do ultramar Mendonça Furtado dava conta que o pároco de Bissau reconstruiu o Hospício de Bissau, contando com mão-de-obra de soldados cabo-verdianos e de prisioneiros, contando com patrocínio financeiro dos reinos papéis da ilha.[2] O novo hospício era ligado ao convento e, por isso, muitas vezes chamado de "Casa de Saúde e Convalescênça". O hospício conseguiu resistir as muitas revoltas e conflitos entre portugueses, papéis e grumetes que assolaram a ilha entre meados do século XVIII e início do século XX.[1]

No início do século XX, após a implantação da República Portuguesa, o Hospício de Bissau deixou de ser gerido pela Paróquia de Bissau, passando a chamar-se ora como "Hospital Geral de Bissau", ora como "Hospital Central de Bissau". Em 1951 ganhou um novo edifício-sede, de autoria do arquiteto Mário de Oliveira.[3]

Após a independência nacional da Guiné-Bissau, passa a ser denominado definitivamente como "Hospital Nacional Simão Mendes", em homenagem a Simão Mendes, um dos heróis da Guerra de Independência da Guiné-Bissau.[3]

Na década de 1990, na esteira da abertura político-econômica e do colapso do sistema socialista, o hospital fica com estruturas bastante degradadas, sendo que, em 1998, no auge da Guerra Civil na Guiné-Bissau, continha a única enfermaria pediátrica do país.[4]

Em 2009–2011, passou por uma remodelação significativa. Em 2011, contava com 417 leitos e oferecia 21 especializações, entre quais: maternidade, pediatria e oftalmologia; além disso ganhou um novo setor de radiologia e um laboratório de análises clínicas. Na época, contava com 41 médicos e 82 enfermeiras.[5] Em 20 de outubro de 2016, uma central de armazenamento e conversão de oxigênio medicinal foi inaugurada na área do hospital.[6] No final de 2018, o hospital tinha mais de 500 leitos e um médico era especialista em cardiologia. A enfermaria pediátrica possuía 158 leitos e contava com 9 médicos e 40 enfermeiras.[7]

Referências

  1. a b c Gomes, Américo. (2012). «História da Guiné-Bissau em datas.» (PDF). Lisboa 
  2. Ofício do Sargento-Mor Engenheiro, Manuel Germano da Mata, ao Secretário de Estado da Marinha e Ultramar, Francisco Xavier de Mendonça Furtado, Sobre os Navios que Chegariam em Bissau para Integrar a Expedição. Arquivo Histórico Ultramarino - Guiné. 6 de abril de 1766
  3. a b Milheiro, Ana Vaz. Cabo Verde e Guiné-Bissau: Itinerários pela Arquitectura Moderna Luso-Africana (1944-1974). Lisboa: Atas do Colóquio Internacional Cabo Verde e Guiné-Bissau: Percursos do Saber e da Ciência, 21-23 de junho de 2012.
  4. Crowding and Health in Low-income Settlements of Guinea Bissau. [S.l.]: UN-HABITAT. 1998. p. 18. ISBN 978-92-1-131361-1 
  5. Hospital Simão Mendes é um pesadelo em Bissau. Voa Notícias, 16 de novembro de 2011.
  6. Hospital Simão Mendes já produziu 25 botijas de oxigénio Radio Sol Mansi. 31 de outubro de 2016.
  7. Funcionários do principal hospital de Bissau suspendem greve. Deutsche Welle. 28 de dezembro de 2018.