Ictiofobia

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Ictiofobia (do grego antigo ἰχθύς, transl. ikhthys, "peixe", e Φόβος, transl. fóbos, "medo") é um termo que designa as fobias ou medos relacionados a peixes, tanto à fobia específica ao próprio animal como qualquer tipo de medo a ele relacionado, como o medo de comer a sua carne, ou o medo de peixes mortos.

Fobia[editar | editar código-fonte]

A ictiofobia é um medo irracional, intenso e persistente de peixes, descrito como uma fobia específica "incomum",[1] e classificado pela quarta edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Desordens Mentais da Associação Americana de Psiquiatria como um medo que o indivíduo que o tem reconhece como sendo excessivo.[1] Tanto os sintomas quanto as curas da ictiofobia são comuns à maioria das fobias mais específicas.

John B. Watson, um nome célebre do behaviorismo, descreve um exemplo, citado por muitos livros de psicologia, do medo condicionado dum peixe-vermelho numa criança, e um modo de descondicionar o medo através do que se chama atualmente de "terapia de exposição graduada": [2]

Tente outro método. Deixe seu irmão, de quatro anos, que não tem nenhum medo do peixe, vir até uma tigela e por as mãos nela e pegar o peixe. Apenas assistir, ainda que por infinitas vezes, outra criança destemida brincar com estes animais inofensivos não removerá o medo da criança. Tente então humilhá-lo, fazendo dele um bode expiatório. Suas tentativas são igualmente fúteis. Tentemos, no entanto, este método simples. Coloque a criança, na hora da refeição, na ponta de uma mesa com três ou quatro metros de comprimento, e mova o aquário com o peixe à outra ponta da mesa, e o cubra. Assim que a comida for colocada diante da criança, retire o objeto que cobre o aquário. Se houver algum distúrbio, afaste o aquário para ainda mais longe, até que o distúrbio pare de ocorrer. A alimentação ocorre normalmente, e a digestão não sofre interferência. Repita o procedimento no dia seguinte, movendo o aquário para um pouco mais perto da criança. Em quatro ou cinco dias o aquário poderá ser trazido até a bandeja de comida sem causar o menor distúrbio. Pegue então um copo de vidro, encha-o de água e mova-o para longe da criança, trazendo-o gradualmente para perto, a cada refeição. Da mesma maneira, em três ou quatro dias o pequeno copo de vidro pode ser colocado em sua bandeja, juntamente com o leite. O antigo medo foi expulso pelo treinamento, o descondicionamento ocorreu, e este descondicionamento é permanente.

Por outro lado, a terapia de exposição radical foi usada com sucesso para curar um homem com fobia de peixes capaz de "alterar sua vida", no documentário The Panic Room, de 2007. [3]

Fenômeno cultural[editar | editar código-fonte]

Historicamente, o povo navajo era descrito como ictiófobo,[4][5] devido a sua aversão ao peixe. Este medo, no entanto, foi reconhecido posteriormente como uma aversão cultural ou mítica a animais aquáticos,[6] e não uma condição psicológica.

Medo de comer peixes[editar | editar código-fonte]

O Journal of the American Medical Association publicou um artigo científico[7] abordando o medo de comer peixe[8] pelo medo de que substâncias tóxicas, como o mercúrio, tenham se acumulado na carne do peixe.

Casos de ictiofobia[editar | editar código-fonte]

Em sua autobiografia, o futebolista italiano Paolo Di Canio descreve que seu companheiro de time, Peter Grant, sofria de ictiofobia. Durante uma peça, Di Canio descreve a reação de medo de Grant ao encontrar uma cabeça de salmão em sua cama.[9] Grant disse ao jornal The Independent que o objeto em sua cama era na verdade uma "cabeça de tubarão" e "dizer que eu tomei um susto quando coloquei meus pés entre os lençóis é um eufemismo.".[10] Em entrevista Blender, a cantora Rihanna disse que estava no mar uma vez e, com a água cristalina da região, ela começou a ver peixinhos nadando em volta de seus pés. Rihanna teve um ataque de pânico e um homem teve que tirá-la da água.


Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. a b Michael W. Eysenck. Psychology: An International Perspective, Psychology Press, 2004, p. 839, ISBN 184169360X (em inglês)
  2. John B. Watson (1929) "Behaviorism - The Modern Note in Psychology" (em inglês)
  3. Tryst Williams. Man cured of 'life affecting' fish phobia. Western Mail, 18 de abril de 2007
  4. Washington Matthews. Ichthyophobia, The Journal of American Folklore, Vol. 11, No. 41 (1898), pp. 105-112
  5. William H. Lyon. The Navajos in the American Historical Imagination, 1868-1900, Ethnohistory, Vol. 45, No. 2 (1998), pp. 237-275
  6. Howard M. Bahr. The Navajo as Seen by the Franciscans, 1898-1921: A Sourcebook. Scarecrow Press, 2004, ISBN 0810849623
  7. Dariush Mozaffarian, Eric B. Rimm, "Fish Intake, Contaminants, and Human Health. Evaluating the Risks and the Benefits", Journal of the American Medical Association, 2006, vol. 296, pp 1885-1899.
  8. "Time-Tested Guidelines for Eating Seafood" Arquivado em 21 de julho de 2011, no Wayback Machine., uma palestra de Jane Brody (colunista de saúde pessoal do The New York Times) na Conferência sobre Frutos do Mar e Saúde, realizada em 2005, onde ela cunhou seu próprio termo para o medo de peixes: pescafobia (pescaphobia em inglês, de pesca, "peixe" em latim vulgar). (em inglês)
  9. Paolo Di Canio. Paolo Di Canio: The Autobiography, Harper Collins, 2001, ISBN 0007115989
  10. Ronald Atkin. Grant ready with his shark riposte, The Independent, 19 de novembro de 2006.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]