Ignorância vencível e invencível (teologia)

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

A ignorância vencível é, na teologia moral católica, a ignorância que uma pessoa poderia remover aplicando diligência razoável num determinado conjunto de circunstâncias. Contrasta com a ignorância invencível, que uma pessoa é totalmente incapaz de remover ou só poderia fazê-lo por meio de esforços supererrogatórios (ou seja, esforços acima e além do dever normal). [1]

Doutrina da ignorância vencível[editar | editar código-fonte]

É culpável permanecer deliberadamente ignorante sobre assuntos que somos obrigados a saber. [2] Embora a ignorância invencível elimine a culpabilidade, a ignorância vencível, no máximo, a atenua e pode até agravar a culpa. A culpa de uma ação praticada em ignorância invencível deve ser medida pelo grau de diligência ou negligência demonstrada na prática do ato. [3] Um indivíduo é moralmente responsável por sua ignorância e pelos atos dela resultantes. [2] Se alguma diligência insuficiente foi demonstrada em dissipar a ignorância, ela é considerada meramente vencível; pode diminuir a culpabilidade a ponto de tornar venial o pecado. Quando pouco ou nenhum esforço é feito para remover a ignorância, a ignorância é chamada de grosseira ou supina; remove pouca ou nenhuma culpa. A ignorância deliberadamente fomentada é afetada ou estudada; pode aumentar a culpa. [1]

A ignorância pode ser: [3]

  • Do direito, quando se desconhece a existência da própria lei, ou pelo menos que determinado caso se enquadra nas suas disposições.
  • De fato, quando não se conhece a relação de algo com a lei, mas a própria coisa ou alguma circunstância.
  • De pena, quando uma pessoa não tem conhecimento de que uma sanção foi associada a um determinado crime. Isto deve ser especialmente considerado quando se trata de punições mais graves.

Doutrina da ignorância invencível[editar | editar código-fonte]

“A ignorância invencível desculpa toda culpa. Uma ação cometida na ignorância da lei que a proíbe, ou dos fatos do caso, não é um ato voluntário”. Por outro lado, é culpável permanecer deliberadamente ignorante sobre assuntos que se é obrigado a saber (ignorância vencível). Neste caso o indivíduo é moralmente responsável pela sua ignorância e pelos atos dela decorrentes. A culpa associada a um delito cometido por ignorância é menor do que seria se o ato fosse cometido com pleno conhecimento, porque nesse caso o delito é menos voluntário. [2]

Visão protestante[editar | editar código-fonte]

Os protestantes divergiram da doutrina católica nesta área durante a Reforma. Martinho Lutero acreditava que a ignorância invencível era apenas uma desculpa válida para ofensas contra a lei humana. Na sua opinião, os humanos ignoram a lei divina por causa do pecado original, pelo qual todos são culpados. [2] João Calvino concordou que a ignorância da lei de Deus é sempre vencível. [2]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. a b «Ignorance - Invincible and Vincible (This Rock: July/August 1999)». Arquivado do original em 28 de junho de 2011 
  2. a b c d e George Hayward Joyce, "INVINCIBLE IGNORANCE", in James Hastings, John A. Selbie, and Louis H. Gray (eds.), Encyclopædia of Religion and Ethics (Edinburgh; New York: T. & T. Clark; Charles Scribner’s Sons, 1908–1926), p. 403.
  3. a b «Ignorance». Catholic Encyclopedia