Igreja da Misericórdia de Beja

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Foi por volta de 1548-1550 que o Infante D. Luís ordenou a construção de um imponente edifício no centro da cidade de Beja, no intuito de aí instalar os açougues municipais. No entanto, depois de já iniciada a edificação do espaço, cuja traça se atribui ao arquitecto Diogo de Torralva, o duque decidiu alterar o destino do novo espaço, determinando que "o grande edifício de pedra que mandei fazer para o matadouro na praça, o qual Deus parece ter desejado tão belo quanto mal aproveitado era para tão baixa função" (in SIPA) deveria ser a nova igreja da irmandade da Misericórdia local. O edifício desenvolve-se em planta longitudinal composta pelos volumes da galilé, da capela-mor e das dependências.

Fachada composta por sumptuoso efeito da galilé, loggia de aparelho rusticado inspirada "na gravura de Serlio que reproduzia o piso médio do anfiteatro de Verona". As arcadas, ao gosto maneirista apresentam-se profundamente marcadas na sua verticalidade, criando um conjunto de nervuras apoiadas em colunas coríntias, de nítido gosto clássico. Na parede fundeira, precedido por escadas, murete e gradeamento, abre-se o portal do templo, com frontão de linhas clássicas muito depuradas. O corpo da igreja, instalado no espaço que originalmente corresponderia ao terceiro tramo da loggia, perdeu parte do programa decorativo original, possivelmente devido às indevidas utilizações que o espaço teve a partir da primeira metade do século XIX. Do seu património integrado primitivo subsistem o púlpito e quatro tábuas com cenas da vida de Cristo pertencentes ao retábulo-mor, executadas em 1564 pelo pintor eborense António Nogueira, que se encontram no Museu Regional de Beja.

Do seu património integrado primitivo subsistem o púlpito e quatro tábuas com cenas da vida de Cristo pertencentes ao retábulo-mor, executadas em 1564 pelo pintor eborense António Nogueira, que se encontram no Museu Regional de Beja.

A Igreja da Misericórdia de Beja apresenta-se como um emblemático e belo exemplar da arquitectura de transição entre o Renascimento e o Maneirismo em Portugal, pleno do entendimento das fontes tratadísticas e das formas eruditas da lição maneirista italiana, originado na traça de um dos mais notáveis arquitectos do terceiro quartel do século XVI.

Fotografias[editar | editar código-fonte]

Fotografias da Igreja da Misericórdia de Beja [1]

Fontes[editar | editar código-fonte]

  • IGESPAR
  • SIPA
  • Câmara Municipal de Beja