Igreja de Santa Bárbara (Santa Bárbara)

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Igreja de Santa Bárbara.
Igreja de Santa Bárbara (Álbum Açoriano, 1903).
Igreja de Santa Bárbara.
Igreja de Santa Bárbara: "Theatro" do Império do Divino Espírito Santo.
Igreja de Santa Bárbara: Império do Divino Espírito Santo.

A Igreja de Santa Bárbara localiza-se no vale de Santa Bárbara, na freguesia de Santa Bárbara, concelho da Vila do Porto, na ilha de Santa Maria, nos Açores.

História[editar | editar código-fonte]

A mais antiga referência a este templo encontra-se no testamento de João Tomé, o "Amo", datado de 13 de março de 1537, acreditando-se que tenha sido feita capela por essa época.[1] De acordo com Gaspar Frutuoso, foi seu primeiro cura o micaelense Bartolomeu Luiz.[2] Ao tempo deste cronista (fins do século XVI) o vigário de Santa Bárbara ganhava 24$000 réis, sendo que mais tarde, em 1700, recebia 7 moios e 19 alqueires de trigo, e 10$333 réis em espécie.[1]

De 1571 a 1616 foi seu pároco o padre Manuel Fernandes Velho, que foi feito cativo pelos piratas da Barbária na incursão à ilha naquele ano. Ao fazer o seu testamento em Tetuão, este religioso deixou um moio e meio de trigo a esta sua igreja, para dourar o retábulo quando este se fizesse.[1]

Em 1661 os paroquianos foram fintados para se acrescentar a igreja, tendo sido requerido à Mesa da Consciência e Ordens para que lhe desse um sino de 8 quintais. Por volta de 1666 havia necessidade de paramentar a capela-mor, tendo se encomendado uma custódia de prata, uma vez que a até então existente era de madeira. Em 1672 nova finta foi lançada para aumentar a igreja.[1]

Sendo a comunidade muito humilde, do exame dos livros da Igreja Paroquial das Visitas (Bispos e outros), depreende-se o esforço para se obter dos Comendadores os recursos para o auxílio e manutenção do culto.[1] Em maio de 1674, o bispo, D. Frei Lourenço de Castro, em visita a esta igreja, ordenou ao padre vigário requerer ao provedor mandar executar a finta lançada aos fregueses e colocar em execução as obras de acrescentamento da igreja, com o que conseguiu concluí-las.

Encontra-se referida por MONTE ALVERNE (1986) ao final do século XVII com vigário, cura e tesoureiro.[3]

Em 1696 proibiram-se as consoadas na sacristia na noite de Quinta-feira Santa.[1]

Sofreu nova intervenção em 1825, data assinalada na base da cruz, no pináculo do frontão.

Aqui exerceu as funções de cura o padre Manuel do Couto Benevides, natural da freguesia de Água de Pau, onde nasceu a 24 de novembro de 1849, e que se destacou como músico e autor de várias obras, ainda hoje cantadas nas igrejas da ilha. Exerceu ainda, na comarca de Vila do Porto, as funções de advogado de provisão, sendo reconhecido como orador eloquente.

A igreja possuía um passal e várias confrarias.[1]

Ao final da década de 1950 sofreu intervenção de conservação na fachada por iniciativa do então pároco, Cláudio de Medeiros Franco.[4]

A festa da padroeira tem lugar anualmente, em dezembro, com missa e procissão.

Características[editar | editar código-fonte]

Em alvenaria de pedra rebocada e caiada, é constituída por um corpo principal de planta rectangular, pelo corpo da capela-mor, também de planta retangular, pela torre sineira e vários corpos salientes correspondentes ao batistério, às capelas laterais, à sacristia e ao falso transepto.

A fachada, voltada para o chamado "Caminho Velho", é rasgada pela portada, encimada por uma janela. Ambos os vãos são em arco abatido. É encimada por um frontão contracurvado com enrolamentos. Nos lados, é definida por dois cunhais encimados por grossos pináculos. A cornija que separa o frontão e os pináculos da fachada acompanha em curva o arco da janela e prolonga-se envolvendo os cunhais. A porta é enquadrada por um portal simulado constituído por pilastras estreitas, cornija saliente e pináculos embutidos na vertical das pilastras. As impostas do arco da porta, muito salientes, prolongam-se unindo-se às pilastras. A cornija está unida ao parapeito da janela superior por meio de um elemento decorativo contracurvado.

A torre sineira, de planta quadrangular, apresenta uma cornija a separar o terço superior onde se encontram os vãos dos sinos rematados em arco de volta perfeita. A torre é rematada por uma segunda cornija e por uma guarda em cantaria (com cruzes em baixo relevo nos elementos do ângulo) encimada por pináculos nos quatro cantos.

O interior apresenta nave única, de cantos cortados junto à capela-mor. Tem coro-alto em madeira sobre a entrada. Tem três capelas na cabeceira, outra no lado da Epístola (a meio do corpo da nave) e o batistério junto à entrada (do lado do Evangelho). Nos cantos cortados, junto à capela-mor, situam-se dois arcos que dão acesso aos braços do falso transepto, por onde se acede às duas capelas que ladeiam a capela-mor. O arco triunfal, bem como os que dão acesso ao falso transepto e às capelas, são em arco de volta quase perfeita sobre impostas.

No altar-mor encontram-se a imagem de Santa Bárbara e, do lado do Evangelho a de Nossa Senhora do Carmo; do lado da Epístola, a de São Lourenço. Os altares laterais, do lado do Evangelho, são dedicados ao Sagrado Coração de Jesus, a São José e a Santo António; do lado da Epístola, ao Sagrado Coração de Maria. No corpo da igreja, do lado do Evangelho existe um altar dedicado ao Senhor Santo Cristo e, do lado da Epístola, o do Batistério.

Referências

  1. a b c d e f g COSTA, 1955-56:130.
  2. FRUTUOSO, Gaspar. Saudades da Terra, Livro III.
  3. Op. cit., cap. I.
  4. PUIM, Arsénio. "No Roteiro das Igrejas Paroquiais de Santa Maria". in O Baluarte de Santa Maria, ano XXXVIII, 2ª Série, 22 set. 2011, nº 410. p. 28.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Arquivo Paroquial de Vila do Porto, Livro de Visitações da Igreja de Santa Bárbara (1661-1704).
  • CARVALHO, Manuel Chaves. Igrejas e Ermidas de Santa Maria, em Verso. Vila do Porto (Açores): Câmara Municipal de Vila do Porto, 2001. 84p. fotos.
  • COSTA, Francisco Carreiro da. "130. Igreja de Santa Bárbara - Ilha de Santa Maria". in História das Igrejas e Ermidas dos Açores. Ponta Delgada (Açores): jornal Açores, 17 abr 1955 - 17 out 1956.
  • FIGUEIREDO, Jaime de. Ilha de Gonçalo Velho: da descoberta até ao Aeroporto. Lisboa: C. de Oliveira, 1954. 205p., il.
  • FIGUEIREDO, Jaime de. Ilha de Gonçalo Velho: da descoberta até ao Aeroporto (2ª ed.). Vila do Porto (Açores): Câmara Municipal de Vila do Porto, 1990. 160p. mapas, fotos, estatísticas.
  • FRUTUOSO, Gaspar. Saudades da Terra: Livro III. Ponta Delgada (Açores): Instituto Cultural de Ponta Delgada, 2005. 124p. ISBN 972-9216-70-3
  • MONTE ALVERNE, Agostinho de (OFM). Crónicas da Província de S. João Evangelista das Ilhas dos Açores (2ª ed.). Ponta Delgada (Açores): Instituto Cultural de Ponta Delgada, 1986.
  • MONTEREY, Guido de. Santa Maria e São Miguel (Açores): as duas ilhas do oriente. Porto: Ed. do Autor, 1981. 352p. fotos.
  • Ficha 63/Santa Maria do "Arquivo da Arquitectura Popular dos Açores".
  • Ficha D-2 do "Inventário do Património Histórico e Religioso para o Plano Director Municipal de Vila do Porto".

Ver também[editar | editar código-fonte]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]