Inácio Weingärtner

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Retrato de Inácio Weingärtner júnior, por seu irmão Pedro.
Fac-símile de uma página de A Sentinela do Sul com um retrato e caricaturas.

Inácio Weingärtner (Porto Alegre, 14 de maio de 1845 – Porto Alegre, 3 de maio de 1908) foi um caricaturista, ilustrador e litógrafo brasileiro.

Era filho dos imigrantes alemães Inácio Weingärtner e Angélica Schäfer. Seu pai apreciava a arte e desenhava amadoristicamente, transmitindo seu gosto para seus cinco filhos e duas filhas. Seu irmão Pedro Weingärtner foi um destacado pintor. Inácio júnior foi aluno do pintor e decorador Hermann Traub, a quem depois serviria como auxiliar. Interessando-se principalmente pelo desenho e as artes gráficas, foi admitido como aprendiz na gráfica Litografia Imperial, de Emílio Wiedmann, onde aprendeu a técnica da litografia, especialmente do seu colega, o exímio gravador Augusto Lanzac von Chanac, que nesta época era o chefe da equipe.[1]

Em 1867 Chanac deixou a empresa e Weingärtner assumiu seu lugar na chefia.[2] No mesmo ano foi lançado o periódico A Sentinela do Sul, o primeiro jornal ilustrado do sul, cuja tipografia e impressão era feita pela gráfica de Wiedmann. Weingärtner foi encarregado dos retratos e caricaturas, sendo o pioneiro nesta área no estado e revelando possuir um sensível talento para o humor.[1][3]

Em 1870 abriu uma gráfica própria em sociedade com Luiz Wiedmann, filho de Emílio, mas o negócio durou menos de dois anos. Então Weingärtner decidiu aperfeiçoar seus conhecimentos no Rio de Janeiro, mas pouco depois Joaquim Alves Leite lhe ofereceu a possibilidade de reativar a gráfica, colocando-o como sócio e chefe das oficinas. Depois de algumas mudanças na sociedade, Weingärtner adquiriu o controle completo da empresa, passando a chamar-se Litografia Weingärtner e projetar-se na capital e no estado, oferecendo a impressão de retratos, cenas, mapas, diplomas, rótulos de embalagem, selos, cartas de títulos e ações, anúncios, partituras musicais e outros itens. Permaneceu não apenas na chefia das operações, mas também ocupava-se pessoalmente do desenho de muitas placas de gravação.[1] Como ilustrador colaborou com os jornais O Mercantil, A Reforma, Jornal do Comércio, Correio do Povo e outros.[2]

Deixou grande obra em folhas avulsas, tiragens, coleções e periódicos, que cobrem uma gama de imagens variadas, onde, segundo Athos Damasceno, "jamais perdeu o desembaraço do risco, o equilíbrio dos volumes, a precisão dos efeitos. [...] Sua obra se impõe, sobretudo, por sua qualidade". Seus retratos litografados são considerados por Damasceno o melhor de sua produção, especialidade na qual "nenhum artista seu contemporâneo o excedeu entre nós". Sua empresa tornou-se uma das mais reputadas no estado e deu formação a uma quantidade de outros gravadores habilidosos,[1][2] além de ter contribuído para educar o gosto e ampliar o mercado artístico da capital.[4] É de Weingärtner o risco da fachada do hospital da Beneficência Portuguesa.[5]

Ver também[editar | editar código-fonte]

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Referências

  1. a b c d Damasceno, Athos. Artes Plásticas no Rio Grande do Sul. Globo, 1971, pp. 360-363
  2. a b c Tiburski, João C. "A litografia no Brasil e no Rio Grande do Sul". In: Boletim Informativo do MARGS, 1985 (24)
  3. Brenner, Mayara Dalla Libera. "Análise da revista Aplauso: uma comparação do espaço destinado a assuntos da capital e do interior do estado". UFSM, 2011, p. 11
  4. Carvalho, Luiza Fabiana Neitzke de. "O cemitério dos artistas - Necrópoles São José I e II em Porto Alegre/RS" In: 24º Encontro da ANPAP: Compartilhamentos na Rede: Redes e Conexões. Santa Maria, 22-26/09/2015
  5. Paim, Lorena. "Patrimônio: Tombamento da Beneficência Portuguesa está indefinido". Sul 21, 18/12/2011