Invasão de medusas

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Invasão de Medusas (em inglês: Jellyfish Invasion) é um documentário do National Geographic Channel (NGC), da série Explorer,[1][2] chama a atenção para o aumento da proliferação de águas-vivas nos últimos anos, apresentando o trabalho de investigação de cientistas que têm se ocupado do assunto, na Austrália, no Havaí e no Japão.

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O documentário apresenta a tese segundo a qual as medusas podem vir a se tornar uma praga com impactos sobre todo o planeta. Essa tese se baseia nas seguintes constatações:

De acordo com uma pesquisa da Universidade de Queensland, feita em conjunto com o Centro de Pesquisa Marinha da Austrália, os oceanos estão sendo cada vez mais rapidamente infestados por águas-vivas, algumas com mais de dois metros de diâmetro e pesando 200 quilos. As causas do problema, segundo os estudiosos, estão ligadas à ação humana (pesca excessiva, poluição, etc.), sendo que as águas-vivas são mais resistentes a modificações do ambiente marinho. O cientista australiano Anthony Richarson afirmou que "foi observado nos últimos anos um aumento mais severo desses seres pelos oceanos devido a diminuição de seus competidores e predadores" (incluindo tartarugas, tubarões e atum, mas também peixes pelágicos pequenos, que andam em cardumes, como anchovas e sardinhas, e se alimentam de filhotes de águas-vivas). "Esse equilíbrio do sistema marinho está se acabando a passos largos”, afirma Richardson. Como consequência dessa invasão, no Japão, por exemplo, a atividade pesqueira vem sendo prejudicada. Aguas-vivas gigantes, (as nomuras) arrebentam redes de pesca, além de deixar os peixes com uma espécie de limo na pele, dificultando a venda. Próximo a Namíbia, onde a pesca intensa dizimou a população de sardinhas, o mar é hoje dominado por água-vivas. As sardinhas são um predador natural das água-vivas e também competem com elas pelo mesmo tipo de organismos marinhos para alimentar-se. A pesquisa também aponta consequências da proliferação de águas-vivas: praias podem ser fechadas, afetando diretamente o turismo, a economia e as atividades sociais.[3]

Na Escócia, em julho de 2011, os reatores da central nuclear de Torness teve que ser desligado, após uma invasão de águas-vivas. A central tem um sistema de refrigeração de reatores movido a gás, mas que também usa água do mar. Uma grande quantidade de águas-vivas obstruiu os filtros de água, apesar da existência de um sistema de obstrução à entrada de peixes e outros animais. Alguns biólogos conjecturam que a proliferação de águas-vivas na costa da Escócia seja decorrente do aumento na temperatura do Mar do Norte.[4]

Segundo artigo de Condon et al., publicado em 2011[5] são vários os fatores que levam à proliferação de águas-vivas, como as mudanças climáticas, a pesca excessiva, o lançamento de fertilizantes agrícolas nas águas, etc. A reprodução exagerada desses organismos implica excessivo aumento do consumo de plâncton, base da cadeia alimentar marinha, e gera aumento dos níveis de carbono no oceano. Isto porque as bactérias oceânicas conseguem absorver o carbono, o nitrogênio, o fósforo e outros elementos químicos da maioria dos peixes quando estes morrem, mas não conseguem absorver bem o carbono da biomassa de invertebrados, tais como a água-viva. Em vez de usar esse carbono para se desenvolver, a bactéria o expira como CO2, que vai parar na atmosfera. Parte desse dióxido de carbono, porém, não é expelida para a atmosfera e é absorvida pelo oceano. O excesso de CO2 é uma das causas da acidificação das águas do oceano, processo que, nas próximas décadas, deverá ter consequências na cadeia alimentar marinha, segundo pesquisadores do Laboratório Marinho de Plymouth, Inglaterra, e a comissão oceanográfica intergovernamental criada pela Unesco. "A acidificação dos oceanos tem um impacto negativo global sobre os organismos e alguns ecossistemas cruciais que fornecem alimento a milhões de seres humanos", declarou Carol Turley, cientista do programa britânico de investigação sobre acidificação dos oceanos.[6]

Além disso, a proliferação de águas-vivas tem causado problemas nas regiões costeiras e usinas de dessalinização no Japão, no Oriente Médio e na África, além de ser prejudicial para os banhistas, pois o contato com o organismo pode causar desde queimaduras e dor e até mesmo a morte.

No Brasil[editar | editar código-fonte]

No verão de 2012, somente no mês de janeiro, mais de 12 mil acidentes com águas-vivas foram registrados no litoral do Estado do Paraná. No ano anterior, houve cerca de 500 casos. O Governo do Estado montou um grupo de especialistas para descobrir causas do aparecimento numeroso de águas-vivas no litoral. Variações climáticas, ação humana e mudança nas correntes marítimas estão entre as hipóteses para explicar a alta desses casos.[7] Por essa razão, o Corpo de Bombeiros interditou para banho uma das praias de Guaratuba.[8]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Jellyfish Invasion, National Geographic.
  2. Killer jellyfish population explosion warning, The Daily Telegraph, 11 de fevereiro de 2008.
  3. Águas-vivas proliferam por causa da poluição e pesca excessiva. Opera Mundi, 1° de julho de 2009.
  4. Águas-vivas forçam desligamento de reator nuclear no Reino Unido. BBC, 1° de julho, 2011]
  5. "Jellyfish blooms result in a major microbial respiratory sink of carbon in marine systems", por Robert H. Condon, Deborah K. Steinberg, Paul A. del Giorgio, Thierry C. Bouvier, Deborah A. Bronk, William M. Graham e Hugh W. Ducklow.
  6. Acidificação dos oceanos representa um perigo crescente, alerta a ONU. [[Público (jornal)|]], 3 de dezembro de 2010.[ligação inativa]
  7. Litoral contabiliza 12 mil acidentes com águas-vivas. Bonde, 30 de janeiro de 2012.
  8. Bombeiros interditam primeiro ponto por causa das águas-vivas Bem Paraná, 23 de janeiro de 2012.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]