Isaías Coelho

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Isaías Coelho
  Município do Brasil  
Símbolos
Hino
Lema A Força e a Voz do Povo em Ação
Gentílico isaiense, coelhense, ou isaiascoelhense tamborilense (em desuso)
Localização
Localização de Isaías Coelho no Piauí
Localização de Isaías Coelho no Piauí
Localização de Isaías Coelho no Piauí
Isaías Coelho está localizado em: Brasil
Isaías Coelho
Localização de Isaías Coelho no Brasil
Mapa
Mapa de Isaías Coelho
Coordenadas 7° 44' 16" S 41° 40' 33" O
País Brasil
Unidade federativa Piauí
Região metropolitana Sudeste Piauiense e microrregião do Alto Médio Canindé
Municípios limítrofes Simplício Mendes, Vera Mendes, Conceição do Canindé, Floresta do Piauí, Patos do Piauí e Campinas do Piauí.
Distância até a capital 407 km
História
Fundação 9 de dezembro de 1963 (60 anos)
Administração
Prefeito(a) Francisco Eudes Castelo Branco Nunes (PMDB, 2017 – 2020)
Características geográficas
Área total [1] 664,660 km²
População total (IBGE/2010[2]) 8 218 hab.
Densidade 12,4 hab./km²
Clima tropical sêco semi-árido
Altitude 260 m
Fuso horário Hora de Brasília (UTC−3)
Indicadores
IDH (PNUD/2000 [3]) 0,582 baixo
PIB (IBGE/2008[4]) R$ 21 276,811 mil
PIB per capita (IBGE/2008[4]) R$ 2 654,96

Isaías Coelho é um município do Estado do Piauí, localizado na região árida do sertão, no Nordeste do Brasil. Situado na mesorregião do Sudeste Piauiense e integrante da microrregião do Alto Médio Canindé. O município de Isaías Coelho era anteriormente conhecido no Estado do Piauí pelo nome de "Povoado Tamboril", antes de sua emancipação e Autonomia político-administrativa, de Simplício Mendes, município limítrofe e antiga repartição administrativa, da qual pertencia. As terras meridionais piauienses do Alto Médio Canindé se desenvolveram de forma um tanto esparsa e desordenada, apesar da capitania de Pernambuco, que era uma das mais prósperas da América portuguesa, abarcar a área do atual município de Isaías Coelho e região.[5]

História[editar | editar código-fonte]

A história local se inicia no período colonial português na Província do Piauí. O pequeno município do interior do estado do Piauí, está localizado nos entornos vizinhos das antigas e não mais existentes fazendas, assentadas no Piauí por decreto da Coroa portuguesa por meio de Carta Régia de 1701. Eram estas fazendas: "Fazenda Olho d'Água", "Fazenda Salinas", "Fazenda Caraíbas", "Fazenda Saco Dos Bois Del Rei", "Fazenda Paulista, atual Paulistana", "Fazenda Serrinha", "Fazenda Cana-brava" e "Fazenda-Nova".[6][7]

As fazendas "Olho d'água, Caraíbas, Salinas, Cana-brava, Fazenda Saco Dos Bois Del Rei e Fazenda-Nova, formavam a chamada Colônia Rural de São Pedro d'Alcântara, na Capitania de São José do Piauí. Durante uma das viagens dos Imperadores do Brasil ao Norte-nordeste e em passagem pela Província do Piauí, a colônia de São Pedro d'Alcântara foi reconhecida de seu valor histórico e as fazendas foram tombadas pelo Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), como Patrimônio cultural imaterial da Província do Piauí, no período do Brasil Império por Dom Pedro II, que ao lado da Imperatriz Teresa Cristina, agiam em prol da cultura, da pesquisa, preservação dos patrimônios e a valorização da cultura nacional.

As fazendas instaladas naquela região do semiárido piauiense tiveram seu auge durante o regimento das políticas coloniais do Marquês de Pombal no período do reinado do rei Dom José I de Portugal. As fazendas em princípio pertenciam a Coroa portuguesa, com a independência da Província do Piauí do Reino de Portugal, passaram a pertencer ao Rio de Janeiro, que serviu de Capital ao Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves e ao Império do Brasil. E com a proclamação da república brasileira, foram então declaradas fazendas nacionais – depois passaram a pertencer integralmente ao Estado do Piauí.

Foi a partir de uma feira que era frequentada pelos moradores destas fazendas que surgiu um povoado, que inicialmente se chamava "Povoado Tamboril", tendo sido assim nomeado pelos primeiros colonos de origem portuguesa que alí se assentaram. Esse nome deu-se ao local pelo fato de que ao se estabelecerem, esses colonos encontraram naquela localidade uma espécie de peixe já conhecido pelos portugueses e bastante apreciado, peixe este, de nome Tamboril, que em particular é um dos peixes tradicionais da Gastronomia Portuguesa. O povoado Tamboril pertencia ao município de Simplício Mendes a que era subordinado políticamente, já que Simplício Mendes era a sede das localidades limítrofes.[8]

Com o crescimento gradual do povoado Tamboril, foi construída uma pequena Igreja Católica e com essa igreja houve o consequente desenvolvimento desta feira, então surgiram no entorno alguns pequenos "quartos", para a venda de mercadorias provenientes da Bahia. No mesmo período começaram a ser construídas residências pelos moradores já na área povoada do que posteriormente seria a sede do município de Isaías Coelho.

Em 1952, junto com a luta para emancipar o povoado Tamboril do município de Simplício Mendes, foi edificada uma nova Igreja sendo dedicada à Sant'Ana e São Joaquim, padroeiros do município. Somente em 1964 ocorreu de facto a emancipação política, já com o topónimo de Isaías Coelho. A divisão territorial entre os municipios de Simplício Mendes e Isaías Coelho só aconteceu em 31 de dezembro 1968, assim permanecendo em divisão territorial datada de 2005, segundo apontam dados do IBGE.

Durante o processo de emancipação política em 1964, o povoado Tamboril foi elevado à categoria de município, passando a possuir uma comarca própria, com a denominação de "Isaías Coelho", pela lei estadual n.° 2549, de 09-12-1963, desmembrando-se do município de Simplício Mendes, recebendo assim um novo nome para evitar homonímia com o município de Tamboril do Piauí, que já existia no Estado.

O município de Isaías Coelho, recebeu um novo nome como uma forma de prestar homenagem a um dos médicos da região, que se destacou pela sua bondade, caridade, generosidade, gênio forte e habilidade para resolver problemas em circunstâncias que nem sempre eram favoráveis, chamado Isaías Rodrigues Coelho, nascido no dia 20 de Outubro de 1890, no povoado Lagoas, então município de Oeiras, Piauí, depois incorporado ao município de Simplício Mendes.

Dr. Isaías Coelho, era filho de Joaquim Juscelino Rodrigues Coelho e Gabina Rodrigues de Carvalho, um casal de primos em segundo grau, oriundos de uma das famílias de origem portuguesa mais aristocráticas do Piauí e de toda a Região Nordeste, pois ambos eram bisnetos de Dom Valério Coelho Rodrigues que teve a sua nobreza oficialmente reconhecida pela coroa portuguesa a mercê de atestado de fidalguia e nobreza. Dr. Isaías Coelho formou-se em medicina pela Tradicional Faculdade de Medicina da Bahia em 27 de Dezembro de 1913, era conhecido apenas por Dr. Isaías. Seu nome foi homenageado em vários logradouros no Nordeste brasileiro

.[9][10]

Isaías Rodrigues Coelho era de facto descendente por duas linhas de Dom Valério Coelho Rodrigues, Nobre Fidalgo português, um personagem muito importante no processo da colonização portuguesa no Piauí e no assentamento da base econômica da Província do Piauí. Como destaca o historiador e acadêmico piauiense Reginaldo Miranda, que se dedicou ao estudo da genealogia das principais famílias piauienses. Em 2017, ele publicou o livro “Memória dos Ancestrais”, pela Coleção Genealogia Piauiense, da Academia Piauiense de Letras. Valério Coelho Rodrigues nasceu em 3 de setembro de 1713, na freguesia de São Salvador do Paço de Sousa, Bispado do Porto, em Portugal.[11][12][13][14][15]

Dom Valério Coelho Rodrigues, era filho de Domingos Coelho e de sua mulher Águeda Rodrigues, ambos provenientes de famílias oriundas da fidalguia portuguesa. Dom Valério Coelho Rodrigues morou em São Paulo, onde se casou com Dona Domiciana Vieira de Carvalho, filha de abastados comerciantes, que também eram portugueses estabelecidos em São Paulo.

Posteriormente após o casamento de Dom Valério Coelho Rodrigues com Dona Domiciana Vieira de Carvalho, referida como Domiciana Rodrigues, após o casamento, o casal se mudou e fixaram-se em caráter definitivo na Província do Piauí, onde Valério Coelho Rodrigues instalou o assentamento da "Fazenda Paulista", hoje atual cidade de Paulistana (Piauí), onde existe uma praça com o nome de Valério Coelho Rodrigues.

Dom Valério Coelho Rodrigues fez grande fortuna e gerou vasta família com descendência que se projeta na política nacional do Brasil até os dias atuais. Uma curiosidade a respeito da Fazenda Paulista é que nesta foi posta o nome como uma forma de Dom Valério Coelho Rodrigues, homenagear sua esposa, Domiciana Vieira de Carvalho, que era nascida no Estado de São Paulo, sendo que ela era filha de pai e mãe portugueses.

Entre os descendentes de Dom Valério Coelho Rodrigues, assinala o historiador Reginaldo Miranda, que muitos foram abastados fazendeiros, senhores de escravos, coronéis no Brasil Império e República Velha, líderes na política regional do Piauí, Pernambuco, Bahia e outras unidades federativas. Outro acadêmico que vêm se dedicando à pesquisas sobre as famílias piauienses é Homero Castelo Branco, que em 2018, publicou o livro "História do Piauí - Passageiros do passado", de rico conteúdo literário com vários registros relevantes sobre Valério Coelho Rodrigues e sua vasta descendência.[16][17][18][19][20]

Geografia[editar | editar código-fonte]

Localiza-se a uma latitude 07º44'16" sul e a uma longitude 41º40'34" oeste, estando a uma altitude de 260 metros. Em 2009, sua população estimada era de 8.043 habitantes, segundo o IBGE.

Referências

  1. IBGE (10 de outubro de 2002). «Área territorial oficial». Resolução da Presidência do IBGE de n° 5 (R.PR-5/02). Consultado em 5 de dezembro de 2010 
  2. «Censo Populacional 2010». Censo Populacional 2010. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 29 de novembro de 2010. Consultado em 11 de dezembro de 2010 
  3. «Ranking decrescente do IDH-M dos municípios do Brasil». Atlas do Desenvolvimento Humano. Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). 2000. Consultado em 11 de outubro de 2008 
  4. a b «Produto Interno Bruto dos Municípios 2004-2008». Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Consultado em 11 de dezembro de 2010 
  5. «Sistema IBGE de Recuperação Automática - SIDRA». sidra.ibge.gov.br. Consultado em 8 de dezembro de 2023 
  6. «Isaias Coelho – Quilombos Fazenda Nova e Carreira da Vaca | ipatrimônio». Consultado em 13 de novembro de 2023 
  7. «Incra cadastra 600 famílias quilombolas para receber créditos no Piauí». Agência Gov. Consultado em 13 de novembro de 2023 
  8. Porto, Arthur (30 de abril de 2021). «Conheça o tamboril, o peixe mais estranho do planeta – Fatos Desconhecidos». Fatos Desconhecidos. Consultado em 13 de fevereiro de 2023 
  9. Gonçalves, Wilson Carvalho (1996). Roteiro cronológico da história do Piauí: 1535-1995. [S.l.]: Gráfica e Editora Júnior 
  10. [http://www.coelhorodrigues.ong.br/default.asp#patriarca «Fam�lia Coelho Rodrigues»]. www.coelhorodrigues.ong.br. Consultado em 25 de setembro de 2022  replacement character character in |titulo= at position 4 (ajuda)
  11. «Valério Coelho Rodrigues - Diálogos com a história | Portal Entretextos». www.portalentretextos.com.br. Consultado em 3 de julho de 2022 
  12. cidades.ibge.gov.br https://cidades.ibge.gov.br/brasil/pi/isaias-coelho/historico. Consultado em 10 de julho de 2022  Em falta ou vazio |título= (ajuda)
  13. Ribeiro, Mateus (6 de abril de 2020). «Dr. Isaías Coelho, o herói do Sertão». Info Newss. Consultado em 10 de julho de 2022 
  14. «Capitão Valério Coelho Rodrigues, o 'patriarca do Sertão', faria hoje 301 anos». Blog do Carlos Britto. 4 de setembro de 2014. Consultado em 10 de julho de 2022 
  15. «Portal de ISAIAS COELHO - História do Município». isaiascoelho.pi.gov.br. Consultado em 12 de julho de 2022 
  16. «Descendentes de Valério Coelho criam associação e site». Academia Piauiense de Letras - APL. 2 de junho de 2021. Consultado em 1 de julho de 2022 
  17. «Valério Coelho Rodrigues - Diálogos com a história | Portal Entretextos». www.portalentretextos.com.br. Consultado em 1 de julho de 2022 
  18. [http://www.coelhorodrigues.ong.br/default.asp «Fam�lia Coelho Rodrigues»]. www.coelhorodrigues.ong.br. Consultado em 2 de julho de 2022  replacement character character in |titulo= at position 4 (ajuda)
  19. «Descendentes de Valério Coelho criam associação e site». Academia Piauiense de Letras - APL. 2 de junho de 2021. Consultado em 10 de julho de 2022 
  20. «Homero Castelo Branco "Historia do Piauí - Passageiro do Passado." - Semanário Jurídico». cidadeverde.com - Semanário Jurídico (em inglês). Consultado em 10 de julho de 2022 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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