Jorge XII da Geórgia

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Jorge XII
Rei de Cártlia-Caquécia
Jorge XII da Geórgia
Coroação 5 de dezembro de 1799 (Anchiskhati)
Antecessor(a) Heráclio II
Sucessor(a) Império Russo
Nascimento 10 de novembro de 1746
  Telavi
Morte 28 de dezembro de 1800 (54 anos)
  Tbilissi
Cônjuge Ketevan Andronikashvili
Mariam Tsitsishvili
Pai Heráclio II
Mãe Anna Abashidze
Assinatura Assinatura de Jorge XII
Coroa de Jorge XII, feita de ouro e decorado com 145 diamantes, 58 rubis, 24 esmeraldas e 16 ametistas. Ele tomou a forma de um colar elevado por ornamentos e oito arcos. Um globo elevado por uma cruz baseava-se na parte superior da coroa

Jorge XII (georgiano: გიორგი XII, Giorgi XII), às vezes conhecido como Jorge XIII (Telavi, 10 de novembro de 1746Tbilisi, 28 de dezembro de 1800), da dinastia Bagrationi, foi o último rei da Geórgia (Reino de Cártlia-Caquécia) de 1798 até a sua morte em 1800. Seu breve reinado nos anos finais do século XVIII foi marcado por significativa instabilidade política que aproximou a Geórgia de uma guerra civil e de uma invasão persa. Apesar dos problemas internos, Jorge renovou um pedido de proteção do czar Paulo I da Rússia. Depois da sua morte, a Geórgia foi anexada pelo Império Russo, e a família real foi deportada.[1]

Juventude e ascensão ao trono[editar | editar código-fonte]

Jorge era filho de Heráclio II, o rei de Caquécia, e mais tarde de Cártlia, com a sua segunda esposa, Anna Abashidze. Jorge foi reconhecido como o herdeiro do trono, com o título de Batonishvili, e nomeado como o lorde da vila de Pambak em Lorri (agora na Armênia). Em 1770, ele começou a fazer parte da sucessão militar de Heráclio, mas sua última expedição contra as guarnições otomanas no sul da Geórgia resultou em um fracasso. Em 1777, Jorge, junto com o seu meio irmão, o príncipe Levan, lutaram contra o eristavi ("duque") de Ksani e subjugaram a coroa real.

Jorge ascendeu ao trono depois da morte de seu pai em 12 de janeiro de 1798, sendo reconhecido pelo Czar Paulo I em 22 de fevereiro de 1799 e coroado na Basílica de Anchiskhati em Tbilissi em 5 de dezembro de 1799. Sua capital, Tbilissi, ainda estava em ruínas e o país ainda estava sofrendo os efeitos da invasão persa de 1795 que foi por causa da aproximação de Heráclio com a Rússia(Tratado de Georgievsk de 1783) e a sua recusa a se submeter a autoridade persa.[1]

Problemas na Geórgia[editar | editar código-fonte]

Os três anos de seu reinado foram um período de instabilidade e confusão. Diferente de seu pai heroico, Jorge não era popular entre os súditos e e eles tinham pouco respeito por ele. Sofrendo de excesso de corpulência, o rei normalmente permanecia doente em Tbilissi. Ele foi assolado pelas intrigas de sua madrasta, a rainha viúva Darejan (Darya), que buscava privar os descendentes de Jorge do trono em favor de um de seus próprios filhos. Seus numerosos meio-irmãos abrigados nos grandes domínios atribuídos a eles por seu falecido pai ignoraram a sua autoridade. Um deles, o príncipe Alexandre, partiu para o Daguestão e permaneceu em oposição armada ao rei e suas políticas pró-russas durante anos.

Para tornar as coisas ainda piores, Fath Ali Shah da Pérsia exigiu que Jorge XII enviasse seu filho mais velho para Teerã como um refém e ordenou que ele submetesse o seu país ao Império Persa. Logo após a ascensão de Jorge ao trono, o xá escreveu ao monarca georgiano:

"Nosso padrão elevado procederá a suas terras e, assim como ocorreu no tempo de Aga Maomé Cã, agora você vai ser submetido ao duplo aumento da devastação, e a Geórgia voltará a ser aniquilada, e o povo da Geórgia se entregará à nossa ira."[1]

Ele vivia com medo constante de ser deposto, ou de ver outra invasão persa ao seu território, Jorge foi forçado a concluir que alguma coisa mais formal do que um protetorado russo era preciso para garantir a sobrevivência do seu reino. Naquela época, muitos políticos importantes estavam desiludidos com a aliança com a Rússia desde a falta de apoio russa no ataque persa de 1795. Mais tarde, a doença de Jorge abriu uma discussão sobre o possível sucessor do rei e dividiu os nobres da Geórgia em rivais; um deles achava que o sucessor deveria ser o príncipe David, filho de Jorge XII, e o outro lado preferia o meio irmão do rei, o príncipe Lulon.

Aliança com a Rússia[editar | editar código-fonte]

Carta do rei Jorge XII

Para assegurar a sucessão do trono para o seu filho, e evitar que o reino caísse em uma guerra civil, Jorge enviou, em Setembro de 1799, um embaixador para São Petersburgo com instruções de um novo tratado com o czar Paulo I da Rússia. Naquele tempo, o governo imperial mostrou mais interesse na Geórgia, já que a campanha egípcia de Napoleão Bonaparte fez com que Paulo tivesse mais atenção no Oriente Médio. Em novembro de 1799, um pequeno exército russo chegou em Tbilissi e Peter Ivanovich Kovalensky, o enviado do czar, assumiu o controle das relações internacionais da Geórgia. Kovalensky e Hājjī Ibrāhīm Shīrāzī, o ministro persa, enviaram notas ardentes reafirmando a determinação de seus governos de colocar a Geórgia sob o seus controles e destacou que isso poderia ser feito pela força.[1]

As interrompidas negociações entre a Rússia e a Geórgia foram resumidas, mas mantiveram o foco gradualmente. O rei Jorge ofereceu ao czar mais autoridade sobre assuntos internos e externos da Geórgia contanto que a sua dinastia governasse o país e a e a autocefalia da Igreja Ortodoxa da Geórgia fosse garantida. Entretanto, enquanto os negociadores georgianos estavam em São Petersburgo negociando os termos para um novo tratado, Paulo I decidiu anexar a Geórgia e, em novembro de 1800, escreveu para o comandante russo em Tbilissi: "O enfraquecimento da saúde do rei dá terreno para sua partida. Você é, portanto, imediatamente autorizado a fazer uma expedição, assim que isso ocorrer, uma proclamação em nosso nome que até o nosso consentimento é recebida nenhuma ação deverá ser tomada até a nomeação de um herdeiro para o trono da Geórgia."[2] Em 18 de dezembro de 1800, o czar assinou um manifesto que unilateralmente anexava a Geórgia ao Império Russo. Nem Paulo ou Jorge foram capazes de ver o manifesto publicado. Em 28 de dezembro de 1800, antes que seus emissários retornassem de São Petersburgo, Jorge XII morreu e seu filho, David, declarou-se regente da Geórgia. Paulo foi assassinado em 11 de março de 1801, e seu sucessor, Alexandre I recusou-se a permitir que David fosse coroado como rei e reafirmou a anexação em 12 de setembro de 1801.

Casamentos e filhos[editar | editar código-fonte]

Tumba de Jorge XII

Jorge foi casado duas vezes, primeiro com a princesa Ketevan Andronikashvili (1754–1782), e depois com a princesa Mariam Tsitsishvili (1768–1850). Ele teve catorze filhos e nove filhas.

Filhos[editar | editar código-fonte]

  • Davi (1767–1819)
  • João (1768–1839)
  • Luarsabe (1771 – antes de 1798)
  • Pancrácio (1776–1841)
  • Salomão (1780 – antes de 1798)
  • Teimuraz (1782–1846)
  • Miguel (1783–1862)
  • Gabriel (1788–1812)
  • Ilia (1790–1854)
  • José (morreu antes de 1798)
  • Spiridon (morreu antes de 1798)
  • Ocropir (1795–1857)
  • Simeão (1796 – morto na infância)
  • Heráclio (1799–1859)

Filhas[editar | editar código-fonte]

  • Varvara (1769–1801)
  • Sofia (1771–1840)
  • Nino (1772–1847)
  • Salomé (Morta na infância)
  • Ripsime (1776–1847)
  • Gaiana (1780–1820)
  • Tamar (1788–1850)
  • Ana (1789–1796)
  • Ana (1800–1850)[3]

Referências

  1. a b c d Fisher, William Bayne; Avery, P.; Hambly, G. R. G.; Melville, C. (10 de outubro de 1991). The Cambridge History of Iran. [S.l.]: Cambridge University Press. ISBN 9780521200950 
  2. Lang, David Marshall (1 de janeiro de 1962). A modern history of Soviet Georgia. [S.l.]: Grove Press 
  3. «Royal and Ruling Houses of Africa, Asia, Oceania and the Americas». 4dw.net. The Royal Ark. Consultado em 21 de novembro de 2015