José Costa

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José Costa
José Costa
José Costa em frente do seu Brunner Winkle Bird A NC834W
Nome completo José A. Costa
Nascimento 22 de fevereiro de 1909
Caniço, Concelho de Santa Cruz, Ilha da Madeira, Portugal
Morte 11 de novembro de 1998 (89 anos)
Corning, Estado de Nova Iorque, Estados Unidos
Nacionalidade português
norte-americano
Cônjuge Catherine Cuda Costa
Ocupação Aviador

José Costa (Caniço, 22 de Fevereiro de 1909[1]Corning, 11 de Novembro de 1998) foi um aviador luso-americano,[2] que alcançou grande notoriedade internacional com o seu voo entre os Estados Unidos da América e Portugal, em 1936.

Vida[editar | editar código-fonte]

José Costa era natural do Caniço (Concelho de Santa Cruz, Madeira), e emigrou para os EUA com 6 anos, mas falava português e nunca perdeu a ligação com a terra. Mais conhecido como Joseph A. Costa ou Joe Costa, radicou-se em Corning, no estado de Nova Iorque, foi piloto aviador, instrutor de voo, inspetor da Administração Federal de Aviação americana, reparador e vendedor de aeronaves. Fundou uma empresa de aviação que ainda hoje tem o seu nome, Costa Flying Service, que opera no aeroporto Corning–Painted Post Airport. Este aeroporto chegou a ter o nome "Costa Airport" nos anos 40 e 50 do século XX.[3] O seu filho, Joseph Richard Costa ficou a gerir a empresa e é actualmente director do aeroporto.[4]

Obteve a cidadania americana em Abril de 1936.[5]

Foi casado e teve um filho e uma filha.[6]

Realizações[editar | editar código-fonte]

José Costa ficou para a História como pioneiro da aviação quando em 1936, a bordo do seu Lockheed Vega tentou fazer um voo EUA-Portugal via Brasil. O avião tinha o nome "Crystal City", e apesar de ter registo americano, ostentava a Cruz de Cristo pintada na fuselagem. Construído em 1929, este Vega foi inicialmente da Statoil, e pilotado pelo pai do astronauta Buzz Aldrin.[7] O NC105N foi adquirido uma segunda vez por José Costa que o re-matriculou como NR105N para "testing and long-distance flying".

Já desde 1930 que José Costa vinha a anunciar a sua determinação em voar desde Nova Iorque para a Madeira[8] (apesar de de que a primeira aterragem na Ilha fez-se apenas em 1957).

A meados de 1936 já tinha adquirido o Vega, e estava tudo preparado para descolar, mas vários contratempos fizeram-no adiar a partida vários meses. O início da Guerra Civil Espanhola fez com que o governo americano não autorizasse o voo directo para Portugal,[9] desde modo forçando um viagem via América do Sul. Dúvidas em relação à segurança de voo por parte das autoridades obrigaram-no a fazer revisão ao motor do avião, aguardar parecer sobre quantidade de combustível permitida,[10] e a testes de visão.

O voo começou a 10 de Dezembro de 1936 do American Airlines Field (agora Elmira-Corning Regional Airport)[11] com destino a San Juan, Porto Rico, fazendo escala em Miami. O mau tempo fez com que aterrasse em Jacksonville no estado da Flórida, e depois rumasse diretamente a San Juan. Novamente o mau tempo obrigou-o a aterrar em Santo Domingo, na República Dominicana, a meio de mais um golpe de estado. Foi imediatamente preso, e libertado no dia a seguir para que seguisse viagem evitando problemas burocráticos.

As seguintes pernas foram para Paramaribo na então Guiana Holandesa (atual Suriname) e Belém no Brasil. A parte mais complicada viria a seguir, um voo longo por cima da selva até ao Rio de Janeiro. Por falta de gasolina, roubada de um dos tanques, viria a aterrar de emergência num campo na cidade histórica do Serro, Minas Gerais, a 15 de Janeiro de 1937.[12][13][14] Não tendo sofrido ferimentos de maior,[15] infelizmente o Vega ficou destruído,[16] salvando-se apenas o motor. Inda chegou ao Rio aos comandos de um avião, tendo-lhe sido emprestado um WACO pela Aviação Militar Brasileira[17] para que completasse o último trecho.[18]

Pese ao ter de abortar a empreendedora viagem, foi alvo de várias homenagens do Brasil, feito amplamente noticiado em jornais locais. A comunidade portuguesa fez-lhe diversas honras,[19] tendo sido convidado para visitar centros culturais e a participar em vários eventos.

O feito é relatado no livro "Revolution in the Sky: The Lockheeds of Aviation's Golden Age" de Richard Sanders Allen.

Carreira na aviação[editar | editar código-fonte]

Durante a segunda guerra mundial José Costa foi examinador de cadetes em treino para ingressar nas forças aéreas dos vários ramos militares americanos, pela Civil Aeronautics Administration atualmente denominada de FAA. Esteve em vários centros de treino de pilotos, no estado do Kansas e Iowa.

Depois da guerra dedicou-se exclusivamente à aviação civil, tendo optado não ingressar nas companhias aéreas como piloto. Explorou o aeroporto, que tinha o seu nome (conhecido por "Costa Field" ou "Costa's Airport"[20]), fazendo shows aéreos,[21] e outros eventos.

Também estabeleceu a sua companhia de aviação, que oferecia formação e outros serviços de voo.

Prémios[editar | editar código-fonte]

Em 1993 recebeu o "Aviation Pioneer Award" do Empire State Aerosciences Museum, em reconhecimento pela sua contribuição para o desenvolvimento e avanço da "general aviation"

Em 1994 recebeu o "Lifetime Achievement Award" do Rochester Flight Standards District Office da Federal Aviation Administration, em reconhecimento dos seus 65 anos na aviação.

Em 1994 recebeu o "Certificate of Appreciation" do U.S. Department of Transportation, Federal Administration Administration, Eastern Region, em reconhecimento dos 65 anos de distinção como aviador.

Referências

  1. Censos EUA de 1940
  2. Aviador José Costa - Blog Histórico
  3. THE EVENING LEADER CORNING NY, 1949-06-13, p14.
  4. Corning-Painted Post Airport - FAA INFORMATION EFFECTIVE 22 AUGUST 2013
  5. Corning NY Evening Leader 1936-07-13, p12
  6. Corning NY Evening Leader, 1945-08-28, p2
  7. Vega NR105N airplane history
  8. Diário da Madeira, 1930-11-19, p1
  9. Corning NY Evening Leader 1936-08-21, p7
  10. Corning NY Evening Leader 1936-07-18, p7
  11. Earlyaviators: José Costa's quest for a prize
  12. «Desastres Aéreos Brasil 1908-1949». Consultado em 8 de setembro de 2013. Arquivado do original em 28 de setembro de 2013 
  13. Diário Carioca, 16-1-1937, p1
  14. Gazeta de Notícias, 16-1-1937, p4
  15. Correio da Manhã, 1937-1-17, p3
  16. «Accident NR105N». Consultado em 8 de setembro de 2013. Arquivado do original em 8 de setembro de 2013 
  17. Voz de Portugal, 1937-1-16, p1.
  18. Voz de Portugal, 1937-3-7, p1
  19. Suplemento do Jornal A Noite, 1937-3-9
  20. Corning NY Evening Leader 1949-04-20,p20
  21. Corning NY Evening Leader 1950-06-07,p11

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • ALLEN, Richard Sanders; Revolution in the Sky: The Lockheeds of Aviation's Golden Age; Rev Sub edition; Schiffer Publishing, Ltd.; 2004; ISBN 978-0887405846

Ligações externas[editar | editar código-fonte]