Julgamentos de bruxas bascas

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Os julgamentos de bruxas bascas ocorreram no século XVII, representando a última e mais ambiciosa tentativa já vista em extirpar a feitiçaria, empreendida pela Inquisição Espanhola. Iniciou-se em Logroño, perto de Navarra, no norte da Espanha e com as perseguições realizadas por Pierre de Lancre em Labourd, no País Basco Francês. Este foi, certamente, um dos maiores eventos de tal tipo na história da Espanha depois do caso das bruxas de Zugarramurdi. A quantia aproximada de cerca de 7.000 pessoas julgadas e de 100 execuções, mesmo que pequenas para os padrões europeus, foram escandalizantes para região.[1]

A perseguição em Logroño[editar | editar código-fonte]

Embora Logroño não seja uma cidade basca, foi o cenário para um tribunal de inquisição responsável pelo Reino de Navarra, Álava, Guipúscoa, Biscaia, La Rioja e partes do norte de Burgos e Sória.[2] Entre os acusados ​​não estavam apena mulheres (embora tenha sido o gênero predominante), mas também crianças e homens, incluindo padres acusados de criarem amuletos com nomes de santos.[3] A primeira fase terminou em 1610, com uma declaração de auto-da-fé contra trinta e um dos acusados, doze ou onze dos quais foram queimados até a morte (cinco deles simbolicamente, como haviam morrido antes do auto-da-fé).[2]

Posteriormente, o processo foi suspenso até que os inquisidores tiveram a chance de reunir mais provas, sobre o que eles acreditavam ser um culto das bruxas generalizado na região basca. Alonso de Salazar Frías, um inquisidor júnior e um advogado por formação, foi responsável de examinar o assunto. Armado com um Édito de Graça, prometendo perdão a todos aqueles que, voluntariamente, relatassem e denunciassem seus cúmplices, ele viajou por todo o campo durante o ano de 1611, principalmente nas imediações do Zugarramurdi, junto à fronteira franco-espanhola. Alonso também passou por uma caverna onde, alegadamente, existia uma corrente de água (Olabidea ou Infernuko erreka , "stream do Inferno"), que foi dito ser o lugar de encontro das bruxas.

Como era habitual em casos deste tipo, várias denúncias foram feitas. Frías finalmente voltou a Logroño com "confissões" de, ao menos, 2.000 pessoas, 1.384 das quais eram crianças entre as idades de sete e quatorze anos, implicando em mais de 5.000 indivíduos nomeados bruxos.[4] A maioria das denúncias (cerca de 1.802) foram confissões à tortura. As provas reunidas cobriam 11.000 páginas no total.[4]

Referências

  1. Kamen, Henry (1999). A Inquisição Espanhola. Uma revisão histórica (3ª edição). [S.l.: s.n.] p. 263 
  2. a b Inquisición at the Auñamendi Encyclopedia.
  3. Nómina at the Diccionario de la Real Academia Española.
  4. a b Erik Midelfort, H. C. (1983). «Vol. 88, No. 3, Jun., 1983». The American Historical Review. 88 (3): 692–693. JSTOR 1864648