Justiniano José da Rocha

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Justiniano José da Rocha
Nascimento 8 de novembro de 1812
Rio de Janeiro, Brasil
Morte 10 de julho de 1862 (49 anos)
Nacionalidade Brasil Brasileiro
Ocupação Jornalista, advogado, professor, tradutor, escritor e político

Justiniano José da Rocha (Rio de Janeiro, 8 de novembro de 1812 - 10 de julho de 1862), também conhecido como J. J. da Rocha, foi um jornalista, advogado, professor, tradutor, escritor e político brasileiro, do Segundo Império.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Fez seus primeiros estudos em Paris. Voltando ao Brasil em 1828 ingressa na Faculdade de Direito de São Paulo, onde bacharela-se em 1833.[1]

De volta à Corte exerce a advocacia e, mais tarde, o magistério no recém-fundado Colégio Pedro II (cátedras de Línguas, Geografia e História) e na Escola Militar (lecionando Direito).[1]

Ingressando na política elege-se deputado para os períodos de 1843-44 e 1850-56. Morre na cidade natal, aos 49 anos.[1]

Papel literário[editar | editar código-fonte]

Como escritor ficou conhecido por sua índole panfletária, em que sobressaía o jornalista, patente sobretudo na obra "Ação, Reação, Transação", de 1855.[2]

Segundo Massaud Moisés, tem por mérito somente o fato de inserir-se dentre aqueles que inauguraram a prosa ficcional do romantismo no Brasil, com textos em que se apresenta a falta de habilidade par se tecer as tramas, motivo suficiente para mantê-las no esquecimento em que se encontram.[2]

Como tradutor, contudo, verteu para o português grandes obras francesas, como O Conde de Monte Cristo, de Dumas (em 1845) ou Os Miseráveis, de Hugo (em 1862).[2]

Jornalismo "vendido"[editar | editar código-fonte]

A primeira caricatura feita no Brasil, por Araújo Porto-Alegre, em 1837, retrata a cooptação da imprensa pelo governo na pessoa de Justiniano, retratado de joelhos a receber dinheiro.

A imprensa no Brasil conheceu um crescimento até então não visto, durante o período regencial. Em 1837 Manuel de Araújo Porto-Alegre publica a primeira caricatura do Brasil,[3] retratanto as disputas que ocorrem no seio das Regências; a litografia mostra Justiniano José da Rocha[4] - que fora contratado por grande salário para ser o redator do jornal Correio Oficial e, na gravura, aparece de joelhos recebendo um saco de dinheiro do governante.[5]

Este seu papel subserviente ao poder de Justiniano foi paradigmático como símbolo de um setor da imprensa brasileira, como assinala Nelson Werneck Sodré: "Porta-voz conservador, pena alugada, Justiniano é apresentado, pela historiografia oficial, como nosso "maior jornalista", sem que, para isso, tivesse tido condições."[6]

Werneck acrescenta ainda que foi ele o personagem típico do jornalismo da época, ocupando destaque na imprensa áulica. Foi apadrinhado por Paulino José Soares de Souza que, como ministro, julgara oportuno possuir o governo um jornal que se lhe prestasse à publicidade.[6]

Dentre os periódicos fundados ou que participou Justiniano, contam-se O Atalante (1836), O Cronista (fundado junto a Josino do Nascimento Silva e Firmino Rodrigues da Silva para combater o Regente Feijó), O Brasil (períodico oficial do Partido Conservador, o Correio do Brasil, O Constitucional e, por fim, O Regenerador.[6]

Referências

  1. a b c «ROCHA, Justiniano José da». Consultado em 1 de março de 2011 
  2. a b c Massaud Moisés (2001). História da literatura brasileira: Das origens ao romantismo 6 ed. [S.l.]: Editora Cultrix. p. 328. ISBN 9788531606977, ISBN 8531606977. Consultado em 1 de março de 2011 
  3. Marco Morel. O período das regências (1831-1840). [S.l.]: Jorge Zahar Editor Ltda, 2003. Capítulo: Rebelar e revelar (pág. 51 e seg.) p. ISBN 8571107467, 9788571107465 - figuras 4 e 5
  4. Lucila Soares (8 de dezembro de 1999). «O traço que açoita». Revista Veja, edição 1 627. Consultado em 1 de novembro de 2010 
  5. Isabel Lustosa (1 de março de 2009). «Faz-me rir». Revista de História da Biblioteca Nacional. Consultado em 1 de novembro de 2010. Arquivado do original em 19 de maio de 2011 
  6. a b c Nelson Werneck Sodré (1998). «A Imprensa do Império». História da imprensa no Brasil. [S.l.]: Mauad Editora Ltda. p. 182 e seg.. 501 páginas. ISBN 9788585756888, ISBN 8585756888. Consultado em 1 de março de 2011 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Justiniano José da Rocha - biografia por Elmano Cardim, Cia. Editora Nacional, Coleção Brasiliana, vol. 315, 146p., 1965.
  • Tâmis Parron, "O império num panfleto? Justiniano e a formação do Estado no Brasil do século XIX". In: Justiniano José da Rocha. Ação; reação; transação: duas palavras acerca da atualidade política no Brasil. São Paulo: Edusp, 2016, p. 17-56.