Laima

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Laime é, na mitologia báltica, a deusa do destino.[1] Esta deusa é muitas vezes associada com o parto, casamento, e morte; sendo esta patrona da gravidez.

Na Letónia[editar | editar código-fonte]

Em conjunto com Carta (Kārta) e Décla (Dēkla), ambas suas irmãs, Laima é responsável por determinar o destino das almas, função similar às nórdicas Nornas, às gregas Moiras e às romanas Parcas.[2] No entanto, Laima é tida como a mais popular de entre as irmãs, sendo esta a responsável por dar a decisão final. Embora as três tivessem funções similares, era atribuída a cada uma responsabilidade diferente: Laima era responsável pelas mães e pelos partos, Décla pelas crianças e Carta pelos adultos.[2] Na moderna religião Dievturi, as três deusas são referidas como as três Laimas, indicando serem três manifestações de uma mesma entidade e não três entidades distintas.

A adoração a Laima, na Letónia, persistiu até aos fins do século XIX. Onde um ritual de nascimento, realizado numa sauna (pirtis) e de acesso reservado a mulheres, era praticado. Este ritual incluía ainda algumas oferendas para Laima tais como: galinhas, ovelhas, toalhas e/ou outros materiais tecidos.[3]

Na Lituânia[editar | editar código-fonte]

Já na mitologia lituana, Laima (deusa do destino) é muitas vezes confundida com Laimė (deusa da boa fortuna) e Laumė (fada).[4]

A referência escrita mais antiga, de que há conhecimento, à cerca de Laima é no prólogo (em latim) de uma coletânea de músicas lituanas, publicada em 1666, por Daniel Klein.[5] Mais tarde, foi também mencionada por Matthäus Prätorius, Jacob Brodowski, Philipp Ruhig, entre outros.[6]

Similar ao que acontece na Letónia, Laima, profetiza o destino das almas em conjuntos com as suas duas irmãs. No entanto, as previsões dadas pelas três irmãs poderiam ser contraditórias e o seu pronunciamento final irrevogável. Sendo que ao contrário do que acontece na Letónia, Laima não seria capaz de mudar o profetizado.[7] Na Lituânia, as três irmãs são comummente substituídas por uma única entidade, a Laima, sendo ela responsável por profetizar (Lithuanian: lemti) a vida de um recém-nascido.[4]

A predestinação de Laima é comummente utilizada para descrever a religião lituana como Fatalista. Em 1837, Manfred Tietz escreveu que pelo motivo dos lituanos acreditarem no destino determinado, eles eram guerreiros destemidos.[8] Em uma versão lituana do mito do Grande Dilúvio, Laima participa do nascimento da humanidade. [9]

Laima é também muitas vezes relacionada com Gegutė, representada por um cuco, a deusa lituana do tempo e da sucessão das estações. Acreditava-se que o número de chilreios desta ave (o cuco, ou em lituano Gegutė) corresponderia ao tempo restante na vida da pessoa que os ouvisse.[10] A árvore sagrada de Laima é a linden.[11]

Referencias[editar | editar código-fonte]

  1. Davidson, Hilda Ellis (1998). Roles of the Northern Goddess. [S.l.]: Routledge. pp. 147–148. ISBN 0-415-13610-5 
  2. a b Bojtár, Endre (1999). Foreword to the Past: A Cultural History of the Baltic People. [S.l.]: CEU Press. p. 301. ISBN 963-9116-42-4 
  3. Gimbutas, Marija; Miriam Robbins Dexter (2001). The Living Goddesses. [S.l.]: University of California Press. p. 200. ISBN 0-520-22915-0 
  4. a b Greimas, Algirdas Julien (1992). Of Gods and Men. Studies in Lithuanian Mythology. [S.l.]: Indiana University Press. p. 111. ISBN 0-253-32652-4 
  5. Narbutas, Ignas. «Senieji lietuvių tikėjimai». Vytauto Didžiojo Universitetas. Darbai ir dienos (em lituano). 5–7 
  6. Predefinição:Lt icon Jonas Zinkus; et al., eds. (1985–1988). «Laimės». Tarybų Lietuvos enciklopedija. II. Vilnius, Lithuania: Vyriausioji enciklopedijų redakcija. 467 páginas. LCC 86232954 
  7. Beresnevičius, Gintaras (2004). Lietuvių religija ir mitologija: sisteminė studija (em lituano). Vilnius: Tyto alba. p. 151. ISBN 9986-16-389-7 
  8. Beresnevičius, Gintaras (2004). Lietuvių religija ir mitologija: sisteminė studija (em lituano). Vilnius: Tyto alba. p. 90. ISBN 9986-16-389-7 
  9. Greimas, Algirdas Julien (1992). Of Gods and Men. Studies in Lithuanian Mythology. [S.l.]: Indiana University Press. p. 148. ISBN 0-253-32652-4 
  10. Greimas, Algirdas Julien (1992). Of Gods and Men. Studies in Lithuanian Mythology. [S.l.]: Indiana University Press. p. 116. ISBN 0-253-32652-4 
  11. Klimka, Libertas (2005). «Žmogus ir gamta etninėje kultūroje» (PDF). Kultūros aktualijos (em lituano). 4 (45): 26 [ligação inativa]