Lipaugus conditus

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Como ler uma infocaixa de taxonomiaSaudade-de-asa-cinza
Saudade-de-asa-cinza (Lipaugus conditus) em Nova Friburgo, Rio de Janeiro, Brasil.
Saudade-de-asa-cinza (Lipaugus conditus) em Nova Friburgo, Rio de Janeiro, Brasil.
Estado de conservação
Espécie vulnerável
Vulnerável (IUCN 3.1) [1]
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Aves
Ordem: Passeriformes
Família: Cotingidae
Gênero: Lipaugus
Espécie: L. conditus[2]
Nome binomial
Lipaugus conditus
(Snow, 1980)
Distribuição geográfica
Distribuição geográfica da saudade-de-asa-cinza.
Distribuição geográfica da saudade-de-asa-cinza.
Sinónimos
Tijuca condita (protônimo)[2]

A saudade-de-asa-cinza (Lipaugus conditus) é uma espécie de ave passeriforme da família Cotingidae pertencente ao gênero Lipaugus, antes incluída no gênero Tijuca.[3] É endêmico da Mata Atlântica em uma área reduzida do Rio de Janeiro no sudeste do Brasil.

Taxonomia[editar | editar código-fonte]

A espécie L. conditus foi descrita pela primeira vez pelo ornitólogo britânico David William Snow em 1980 sob o nome científico Tijuca condita; a localidade-tipo é "Serra dos Órgãos, Rio de Janeiro, Brasil".[2]

Os dados genéticos de Ohlson et al. (2007)[4] sugeriam que Lipaugus e Tijuca eram gêneros irmãos; Berv & Prum (2014)[5] encontraram fortes evidências de que Lipaugus é parafilético em relação a Tijuca, e colocaram Tijuca atra e T. condita dentro do gênero Lipaugus, sob os nomes científicos Lipaugus ater e L. conditus. A outra alternativa filogeneticamente aceitável seria separar Lipaugus em pelo menos três gêneros, o que criaria uma confusão taxonômica desnecessária. Desta forma, colocando atra e condita dentro de Lipaugus, se comunica efetivamente que estas duas espécies distintas especies evoluíram de um ancestral Lipaugus sexualmente monomórficos. Os estudos de Settlekowki et al. (2020) proporcionaram novas e fortes evidências de que as duas espécies de Tijuca estão embutidas em Lipaugus.[6] Com base em todas as evidências, o SACC aprovou esta inclusão e a nova sequência linear do presente gênero.[3] As classificacões Handbook of the Birds of the World (HBW), Birdlife International [1] e o Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos (CBRO)[7] já adotaram essa inclusão.

Distribuição e habitat[editar | editar código-fonte]

Pensava-se que a distribuição da saudade-de-asa-cinza fosse restrita à Serra dos Órgãos e à Serra do Tinguá no entorno da cidade do Rio de Janeiro, onde ocorre em um habitat naturalmente fragmentado, mas foi recentemente registrada em outras duas localidades do mesmo estado, na Serra das Araras e no Pico da Caledônia, o que dobrou sua área de ocorrência.[1]

Habita fragmentos de florestas nubladas perenifólias extremamente úmidas, ricas em bromélias, e com um dossel de 5 a 10 m. Geralmente encontrada a altitudes entre 1650 e 2010 m, com um registro a 1370 m. Parece localizar-se dentro desta estreita faixa altitudinal e a extensão de seu habitat preferencial pode ser tão pequena quanto 200 km².[1]

Conservação[editar | editar código-fonte]

A saudade-de-asa-cinza foi classificada como vulnerável pela IUCN, devido à população total reduzida, estimada entre 1000 e 2500 indivíduos, restringida a um punhado de áreas montanas. Atualmente não se registram maiores ameaças a seu habitat, de maneira que se suspeite que a população seja estável, porém a estação seca pode trazer riscos de incêndios em um futuro próximo. Três dos locais conhecidos da espécie se encontram dentro de áreas protegidas: o Parque Nacional da Serra dos Órgãos, e as reservas biológicas de Tinguá e Araras.[1]

Referências

  1. a b c d e BirdLife International (2012). «Tijuca condita». Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas. 2012. Consultado em 26 de Novembro de 2013 
  2. a b c Snow, D.W. (1980). «A new species of cotinga from southeastern Brazil». Bulletin of the British Ornithologists' Club (em inglês). 100 no.4: 213–215. ISSN 0007-1595 
  3. a b Rassmusen, P.C. (Julho de 2020). «Revise (A) generic classification and (B) linear sequence of Lipaugus and Tijuca». South American Classification Committee (em inglês) 
  4. Ohlson, J. I.; Prum, R.O.; Ericson, P.G.P. (2007). «A molecular phylogeny of the cotingas (Aves: Cotingidae).» (PDF). Molecular Phylogenetics and Evolution. 42. pp. 25–37 
  5. Berv, J. S.; Prum, R.O. (2014). «A comprehensive multilocus phylogeny of the Neotropical cotingas (Cotingidae, Aves) with a comparative evolutionary analysis of breeding system and plumage dimorphism and a revised phylogenetic classification» (PDF). Molecular Phylogenetics and Evolution. 81. pp. 120–136. ISSN 1055-7903. doi:10.1016/j.ympev.2014.09.001 
  6. Settlecowski, A.E.; Cuervo, A.M.; Tello, J.G.; Harvey, M.G.; Brumfield, R.T.; Derryberry, E.P. (2020). «Investigating the utility of traditional and genomic multi-locus datasets to resolve relationships in Lipaugus and Tijuca (Cotingidae)». Molecular Phylogenetics and Evolution (em inglês). 147: 106779. ISSN 1055-7903. doi:10.1016/j.ympev.2020.106779 
  7. «Lista comentada das aves do Brasil pelo Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos» (PDF). Revista Brasileira de Ornitologia: 121. Consultado em 12 de Junho de 2021 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

Wikispecies
Wikispecies
O Wikispecies tem informações sobre: Lipaugus conditus
O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Lipaugus conditus