Lopo de Brito

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Lopo de Brito
2.º Capitão do Ceilão Português
Lopo de Brito
Armas dos Britos, morgados de S. Lourenço em Lisboa e de Santo Estevão em Beja
Antecessor(a) João da Silveira
Sucessor(a) Fernão Gomes de Lemos
Nascimento c. 1480
Morte c. 1547 (67 anos)
Descendência Iria de Brito, Condessa de Atalaia (neta)

Bárbara Micaela de Ataíde (trineta)

Pai João de Brito Nogueira
Mãe D. Brites de Lima
Ocupação Fidalgo, Militar
Filho(s) João de Brito, Cristóvão de Brito
Filha(s) Francisca de Brito, Inês de Brito, Guiomar de Brito
Religião Católica

Lopo de Brito foi um fidalgo e militar português, 2.º Capitão do Ceilão português, de 1518 a 1522.[1]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Era filho de João de Brito Nogueira, Fidalgo da Casa Real e membro do Conselho de D. Manuel I em 16.04.1514,[2] com D. Brites de Lima, filha do 4.º senhor de Regalados; e sobrinho de Luís de Brito Nogueira, senhor dos morgados de S. Lourenço em Lisboa[3] e de Santo Estevão em Beja.[4]

Chegou ao Ceilão português cerca de setembro de 1518, enviado pelo novo governador da Índia, Diogo Lopes de Sequeira, com a missão - ordenada pelo Rei D. Manuel I - de construir em Colombo uma fortaleza de pedra. Acompanhavam-no seu irmão, António de Brito, nomeado para alcaide-mor da fortaleza, e mais 400 soldados, pedreiros e carpinteiros.[5][6]

A edificação da fortaleza teve que ser feita em condições de extrema dificuldade, sujeita a constantes ataques e cerco das forças militares do Reino de Cota, sob ordens do seu soberano, Vijayabahu VI. Lopo de Brito recorreu a contra-ataques para aliviar a pressão dos sitiantes, nomeadamente no dia 15 de junho de 1519, em que conseguiu, embora provisoriamente, dispersar as forças de Cota.

A 7 de maio de 1520, o Rei de Cota ordenou o cerco total à fortaleza, com milhares de soldados, apoiados por artilharia. O cerco duraria 5 meses, e impediu o abastecimento de água e víveres aos portugueses. Lopo de Brito pediu socorro ao governador em Goa, que na altura se encontrava ausente numa expedição ao Golfo pérsico; contudo, o seu substituto, D. Aleixo de Meneses, conseguiu enviar socorro a partir de Cochim, a 25 de agosto, numa galé comandada por António de Lemos (irmão de Fernão Gomes de Lemos, que depois sucederia a Brito em Colombo) com 50 homens de armas. Apesar da pequena dimensão deste contingente, que só chegou a Colombo a 4 de outubro, ele pôde ser usado para um contra-ataque conjunto com as forças de Lopo de Brito, causando debandada nas tropas de Cota. Na sequência desta ação, Brito conseguiu negociar com o Rei de Cota um acordo de tréguas, em que este aceitou reatar o tributo, entretanto interrompido, que seu pai se tinha comprometido a pagar ao Rei de Portugal.[5][6]

O acordo de paz foi visto como uma derrota na corte de Cota, contribuindo para enfraquecer a posição do Rei e gerando um complô que levaria ao seu assassinato em 1521, na chamada Vijayabā Kollaya (" A espoliação de Vijayabahu"). Na sequência, os três filhos do Rei dividiram o Reino de Cota entre si. As convulsões internas que acompanharam esta divisão aliviaram a pressão sobre os portugueses em Colombo. Lopo de Brito pôde assim completar a construção da fortaleza, "uma pequena praça, em figura triangular, e de tanta resistência que bastava para as baterias dos cingaleses e para reprimir a força dos elefantes".[7]

Em 1522, Lopo de Brito entregou a praça de Colombo, "que com tanto valor defendera",[5] a Fernão Gomes de Lemos.

Depois de regressar a Portugal, Lopo de Brito foi membro do Conselho do rei D. João III[8] e instituiu um morgadio no ano de 1547.

Casamentos e descendência[editar | editar código-fonte]

Casou duas vezes.[4][8]

A primeira vez com sua prima Isabel de Brito, filha de Estevão de Brito, senhor do morgado de Santo Estevão, em Beja; sem geração.

Casou segunda vez com Iria de Brito, também sua prima, filha de Manuel Freire de Andrade (da casa dos senhores de Bobadela), e de Germineza de Melo; com a seguinte geração:[8]

  • Cristóvão de Brito, que casou com D. Maria da Silva, filha de Vicente de Novais da Cunha, morgado de Guilhabreu, administrador do vínculo instituído em 1269 por Urraca Lourenço da Cunha, etc. e de sua mulher D. Branca da Silva, com geração (ver abaixo).[11]
  • D. Francisca de Brito, Abadessa do Convento de Santa Clara de Lisboa.[12]
  • D. Inês de Brito, Prioresa do Mosteiro de Nossa Senhora da Rosa de Lisboa.[13]

A casa do 2.º capitão de Ceilão acabaria por ser herdada por seu neto e homónimo, Lopo de Brito (filho de Cristóvão de Brito e Maria da Silva, acima referidos), casado com D. Maria de Alcáçova Carneiro (da casa dos Alcaides de Campo Maior)[15] e senhor do morgado de Valbom, o qual depois passaria, por sucessão, para os senhores da honra e quinta de Barbosa (que também herdariam o morgadio fundado em 1559 pelo irmão mais velho do 2.º Capitão de Ceilão, Cristóvão de Brito, casado com D. Brites de Ataíde, irmã do 3.º conde de Atouguia).[8][16]

Referências

  1. «Sri Lanka. Captains». www.worldstatesmen.org. Consultado em 23 de outubro de 2022 
  2. Carvalho, Andreia Martins de (2006). Nuno da Cunha e os capitães da Índia (1529-1538) - Dissertação de Mestrado. Lisboa: FCSH - UNL. pp. 91 e nota 83 
  3. «Morgado de Santa Ana ou de São Lourenço, instituído por Mestre Pedro Nogueira - entrou na casa dos Viscondes de Vila Nova de Cerveira - Arquivo Nacional da Torre do Tombo - DigitArq». digitarq.arquivos.pt. Consultado em 23 de outubro de 2022 
  4. a b Gaio, Felgueiras (1938). «Nobiliário de famílias de Portugal / Felgueiras Gaio. Tomo VII». Biblioteca Nacional Digital. p. 72. Consultado em 23 de outubro de 2022 
  5. a b c Queiroz, SJ, Fernão de (1687). «Conquista Temporal e Espiritual de Ceilão, por Fernão de Queiroz, S. J.». dlib.rsl.ru. Ceylon Government Printer (1916), Colombo. p. 155 - 160. Consultado em 23 de outubro de 2022 
  6. a b Queyroz, Fernão de (1992). The Temporal and Spiritual Conquest of Ceylon, Vol. I, Book 1-2 (translated by S. G. Perera) (PDF). New Delhi: Asian Educational Services. pp. 198 – 204. ISBN 812060765-1 
  7. Fernão de Queiroz, SJ, op. cit., p. 160
  8. a b c d Sousa, D. António Caetano de. «Biblioteca Nacional Digital. Historia genealogica da Casa Real Portugueza. Tomo XII. Parte I». purl.pt. pp. 430 – 433. Consultado em 5 de junho de 2023 
  9. «Mosteiro de Chelas - Arquivo Nacional da Torre do Tombo - DigitArq». digitarq.arquivos.pt. Consultado em 5 de junho de 2023 
  10. Sousa, D. António Caetano de. «Biblioteca Nacional Digital. Historia genealogica da Casa Real Portugueza. Tomo V». purl.pt. pp. 291 – 292. Consultado em 5 de junho de 2023 
  11. Cardoso, Augusto-Pedro Lopes (1 de janeiro de 2019). «Vicente Novais, o que veio rico da Índia». Armas e Troféus, Revista de História, Heráldica, Genealogia e Arte: 300 - 301. Consultado em 5 de junho de 2023 
  12. «Convento de Santa Clara de Lisboa - Arquivo Nacional da Torre do Tombo - DigitArq». digitarq.arquivos.pt. Consultado em 5 de junho de 2023 
  13. «Mosteiro de Nossa Senhora da Rosa de Lisboa - Arquivo Nacional da Torre do Tombo - DigitArq». digitarq.arquivos.pt. Consultado em 5 de junho de 2023 
  14. «Mosteiro de Santos-o-Novo de Lisboa - Arquivo Nacional da Torre do Tombo - DigitArq». digitarq.arquivos.pt. Consultado em 5 de junho de 2023 
  15. Salazar y Castro, Luis de (1685). Historia genealogica de la casa de Silva II. Parte (em espanhol). National Central Library of Rome. Madrid: [s.n.] p. 112 
  16. Cardoso, Augusto--Pedro Lopes (2021). D. Francisco de Azevedo e Ataíde: Subsídios para a sua biografia. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra. pp. 109 – 113. ISBN 978989262103-6 
Precedido por
João da Silveira

Capitão do Ceilão Português

15181522
Sucedido por
Fernão Gomes de Lemos