Lourenço Soares de Almada

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Lourenço Soares de Almada
Nascimento Reino de Portugal
 Nota: Para outros significados de Lourenço de Almada, veja Lourenço de Almada (desambiguação).

Lourenço Soares de Almada (1555 - Condeixa-a-Nova, 3 de Janeiro de 1597[1]), 6.º conde de Abranches, 10.º senhor dos Lagares d´El-Rei e 4.º senhor de Pombalinho, moço-fidalgo (1572),[2] fidalgo-escudeiro (1576[3] ou 1581 ou 1588[4]), foi Alcaide-mor de Lisboa e cavaleiro da Ordem de Cristo (1586).[5]

Traduzindo o latim da sua pedra tumular, que se encontra no Mosteiro de São Marcos de Coimbra, além de mencionar as datas do nascimento e falecimento, refere-se ao facto dele ser exímio na artes que requeriam o uso da matemática.[6][7]

É referido por António Rodrigues (1525 - 1590) naquele que é considerado o primeiro tratado português de arquitectura conhecido desenvolvido por um arquitecto de profissão. Está lá como tendo sido o discípulo predilecto de Arquitectura e Matemática quando o seu autor era professor da Escola dos Moços Fidalgos do Paço da Ribeira, onde o Lourenço andava a estudar.[8][9]

Terá depois feito estudos em Coimbra, onde foi bispo de Coimbra e reitor da Universidade de Coimbra o seu tio-avõ D. Manuel de Almada.[10]

Refere José Pereira Bayão, no seu "Portugal Cuidadoso e Lastimado", que, em Agosto de 1578, ele e seu pai tinham sido honrados por El-Rei para combaterem nas primeira fileira da batalha de Alcácer Quibir.[11] Ambos foram uns dos 24 fidalgos que "não sem agravo notável de outros de não menor merecimento", que se situaram ao lado do pendão real.[12] Descrição essa contada ̟ no manuscrito "Sumario de todas as cousas succedidas em Berberia", escrita por um dos combatentes nessa contenda.[13] Sendo igualmente um dos nobres portugueses que ficaram cativos depois da derrota da mesma, possivelmente, sendo dirigidos para a mesma prisão marroquina, onde depois morreu seu pai. Só passados vários anos lá, em 1587 é pedido à família o seu resgate pelo muçulmano Abelabis-Hamet.[14] E apenas conseguiu remir-se em Portugal depois da morte do cardeal rei D. Henrique.[15]

Desde essa altura, como o Reino de Portugal estava sob domínio "Filipino", foi viver para o seu palácio de Condeixa-a-Nova e nunca mais toma parte em nenhum acto público, excepto ter acompanhado o corpo do rei D. Sebastião, desde Faro ao Mosteiro dos Jerónimos. Fê-lo na companhia de alguns poucos fidalgos, mais precisamente sete, entre eles os seus dois cunhados que tinham sido seus companheiros d´armas em Alcácer e que moravam consigo - Lucas de Portugal e Henrique Correia da Silva.[16][17][18][19]

Em Janeiro de 1582, por não ter bens patrimoniais para que possa pagar o que deu de seu resgate, é autorizado a vender uma parte do morgadio para pagar as dívidas contraídas. Em 1583 vende igualmente parte dos bens da mãe (que durante a sua ausência já alienara o morgadio das Pedras Negras) e, em 1585, é a vez de vender a própria tença recebida do Rei, até que chega ao aviltamento máximo de ocupar-se em ofícios mecânicos e de entrar no comércio das drogas da Índia, em 1588.[20]

Dados genealógicos[editar | editar código-fonte]

Filho de: Antão Soares de Almada, 5.º conde de Avranches, 9.º senhor dos Lagares d'El-Rei e 3.º senhor de Pombalinho, e de D. Vicência de Castro.

Casou, na primavera de 1578, com: Francisca de Távora, irmã do favorito de D. Sebastião, Cristóvão de Távora,[12] filha de Lourenço Pires de Távora (3.º senhor do morgado de Caparica), embaixador de Roma e mordomo-mor do Príncipe D. João,[21] e de Catarina de Távora.

Tiveram os filhos:

Teve bastardo:

Controvérsia[editar | editar código-fonte]

Segundo alguns, também foi conde de Avranches ou Abranches, tal como tinham sido seus antepassados, apesar de representar a varonia Vaz de Almada e Abranches e o respectivo título nobiliárquico.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Um Tratado Português de Arquitectura do Século XVI (1576-1579), por Rafael Moreira, Dissertação de Mestrado em Historia da Arte apresentada à Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa, 1982, pág. 25, nota 2, referência no Arquivo da Universidade de Coimbra: "Livro de óbitos de Condeixa-a-Nova", fl. 112
  2. Um Tratado Português de Arquitectura do Século XVI (1576-1579), por Rafael Moreira, Dissertação de Mestrado em Historia da Arte apresentada à Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa, 1982, pág. 22, nota 2, referência no Livro de moradias da casa de D. Sebastião, 1570 (Biblioteca da Ajuda): fl. 113v
  3. Um Tratado Português de Arquitectura do Século XVI (1576-1579), por Rafael Moreira, Dissertação de Mestrado em Historia da Arte apresentada à Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa, 1982, pág. 23, nota 1, referência no "Livro das Moradias na casa do senhor Rei D. Sebastião no ano de 1576" (A. Caetano de Sousa, Provas da História Genealógica, VI, 2, p. 556)
  4. La casa real portuguesa de Felipe II e Felipe III, por Félix Labrador Arroyo, Departamento de Historia Moderna, Facultad de Filosofía y Letras, Universidad Autónoma de Madrid, Madrid, 2006, págs. 543
  5. La bibliografía de la Orden Militar de Cristo (Portugal). Del manuscrito al soporte electrónico, por Juan de Ávila Gijón Granados - Via spiritus, 2002 - ler.letras.up.pt, pág. 412
  6. O Convento de São Marcos, , Revista de Guimarães, Vol. XIV, n- 2 e 3, Abril e Julho, Porto, 1897
  7. Segundo a mesma data da sua morte não poderá ter sido um dos oitenta fidalgos que o rei D. Filipe I de Portugal resgatou, no ano 1584, referida nas «Genealogias das Famílias de Portugal», por Afonso Torres e continuada por Luís Vieira da Silva, capitulo dos Almadas, ano de 1694. Sendo muito possivelmente resgatado antes às custas dos dinheiros da família e uma das razões da sua saída da capital para a província, onde seria mais fácil pagar as despesas correntes e de escusar uma vida onerosa da corte, ainda por cima nas mãos de uma dinastia indesejada pelo sentimento mais patriótico que se veio a revelar mais tarde pelo filho varão
  8. A ciência do desenho: a ilustração na colecção de códices da Biblioteca Nacional, Biblioteca Nacional Portugal, Lisboa, 2001, pág. 87
  9. Tratado de arquitectura (Manuscrito de 1575-1576), por António Rodrigues (ca 1525?-1590), Biblioteca Nacional Digital - ContentE v.4.9 - 2015-02-09, T13:15:32
  10. Um Tratado Português de Arquitectura do Século XVI (1576-1579), por Rafael Moreira, Dissertação de Mestrado em Historia da Arte apresentada à Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa, 1982, pág. 22
  11. Conde de Almada, Relação dos Feitos de Antão Dalmada, 1940
  12. a b Um Tratado Português de Arquitectura do Século XVI (1576-1579), por Rafael Moreira, Dissertação de Mestrado em Historia da Arte apresentada à Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa, 1982, pág. 23
  13. «Sumario de todas as Cousas succedidas, em Berberia, desde o tempo que começou a Reinar o Xarife Mulei Mahamet no Anno de 1573. Te o fim do anno de sua morte 1578. no dia da Batalha d'Alcacer quibir, em q~ se perdeo Dom Sebastiam Rey de Portugal», Redação: final do século XVI Cópia: final do século XVII, Arquivo Biblioteca Nacional de Portugal (Lisboa, Portugal), Cota COD. 13282, Edição semi­diplomática Elena Lombardo, parágrafo 3550, História do Português Paulista
  14. A jornada d'Africa: resposta a Jeronymo Franqui e a outros, noticia do successo da batalha, do captiveiro e d'outras cousas dignas de menção, por Jeronymo de Mendonça, Imprensa recreativa do Instituto escholar de São Domingos, Porto, 1878, pág. 123 e 125
  15. Esteves Pereira e Guilherme Rodrigues, “Portugal diccionario historico, chorographico, heraldico, biographico, bibliographico, numismatico e artistico”, João Romano Torres — Editor, Lisboa, 1904
  16. Código Alcobacense n.º 459 (ant.º) e 126 (mod), na Biblioteca Nacional de Lisboa, refere o Conde de Almada, em Relação dos Feitos de D. Antão Dalmada, edição de 1940
  17. O préstito fúnebre que acompanhou o corpo do Rei D. Sebastião de Faro até ao Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, sob a direcção do vedor Francisco Barreto de Lima, era composto pelos seguintes oito fidalgos: D. Diogo da Silva, D. Francisco de Castelo Branco, Jerónimo Moniz de Luzinhano, D. João de Castro, Ruy Lourenço de Távora, e mais os referidos Henrique Correia da Silva, D. Lucas de Portugal e o D. Lourenço de Almada. - Coisas Que Poucos Sabem, Henrique Salles da Fonseca, Elos Clube de Lisboa, 19 de Julho de 2011
  18. Onde morreu D. Sebastião, Marrocos ou Limoges?, por Vitor Manuel Adrião, Lusophia, 23 de Novembro de 2021
  19. Um Tratado Português de Arquitectura do Século XVI (1576-1579), por Rafael Moreira, Dissertação de Mestrado em Historia da Arte apresentada à Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa, 1982, pág. 24 e 25
  20. Um Tratado Português de Arquitectura do Século XVI (1576-1579), por Rafael Moreira, Dissertação de Mestrado em Historia da Arte apresentada à Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa, 1982, pág. 24, Elementos biográficos colhidos em: ANTT, Chancelarias Régias e Ordens de Cristo, e BNL, Cod. Alcob. 126 (inéditos). Index das 'cotas de Vários Tabeliães dc Lisboa, tomo 4, Lisboa, 1949: p. 201. J. M. Cordeiro de Sousa, registos paroquiais quinhentistas de Lisboa: Santa Justa, Lisboa, 1949: ps. 194 e 243.
  21. a b «Genealogias das Famílias de Portugal», por Afonso Torres e continuada por Luís Vieira da Silva, capitulo dos Almadas, ano de 1694
  22. La casa real portuguesa de Felipe II e Felipe III, por Félix Labrador Arroyo, Departamento de Historia Moderna, Facultad de Filosofía y Letras, Universidad Autónoma de Madrid, Madrid, 2006, pág. 639

Bibliografia[editar | editar código-fonte]