Música de Pernambuco

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A música de Pernambuco é, de modo amplo, toda manifestação cultural, voltada para a música, com produção em Pernambuco ou por pernambucanos.[1] Possui gêneros musicais diferentes entre si.[2]

História[editar | editar código-fonte]

Mistura de estilos[editar | editar código-fonte]

Principal estilo musical do estado, o frevo é um ritmo musical muito popular no Brasil.[3] Teve sua origem no Estado de Pernambuco, no final do Século XIX,[4] como expressão popular.[5][6]

Na época, o Brasil passava por momentos históricos importantes como a Abolição da Escravatura e a Proclamação da República do Brasil.[7]

E logo após a abolição dos escravos, estes passaram a trabalhar como operários e a estarem mais presentes na vida social.[8]

Entre os eventos culturais da época, existia o carnaval que, naquele tempo, era celebrado por pessoas da alta sociedade e de forma luxuosa (como na Europa).[6] Assim, as pessoas consideradas classes mais "baixas"(incluindo os antigos escravos e seus descendentes) começaram a festejar o carnaval nas ruas, com músicas populares e movimentos semelhantes aos da capoeira.[3][9]

Inicialmente, isso não foi visto com bons olhos e, durante um tempo, a polícia era chamada para tentar conter os foliões. De acordo com a história, o guarda-chuva (tradicional elemento do frevo) era utilizado como ‘arma’ para se defenderem de eventuais agressões, já que a capoeira na época era proibida.

Os passos do frevo surgiram da rivalidade entre as bandas militares e nas lutas de capoeira.

Em Pernambuco, o Dia do Frevo é comemorado no dia 9 de fevereiro.

Como o seu surgimento está ligado a fatos importantes da história da região Nordeste, em 2012 a UNESCO lhe concedeu o título de Patrimônio Imaterial da Humanidade, com o atributo "Frevo: Arte do Espetáculo do Carnaval do Recife".[10]

O frevo nasceu no final do século XIX nas ruas de Recife e, em razão da sua forma rápida de dançar, fez-se uma analogia à expressão “fervendo”. Por isso, o frevo é uma dança frenética, de ritmo muito acelerado.

A sua dança é uma mistura de maxixe e da capoeira. O frevo também possui características próprias:

  • Presença de música e dança;
  • Música tocada por instrumentos de sopro;
  • Ritmo acelerado;
  • Movimentos acrobáticos;
  • Inserção de elementos de outras danças folclóricas;
  • Inserção de elementos da capoeira;
  • Figurinos coloridos e a utilização de pequenas sombrinhas.

Além disso, na década de 30 nasceram diferentes tipos de frevo:

  • Frevo de rua: não é cantado, mas executado ao ritmo dos instrumentos musicais. É o frevo da dança.
  • Frevo-canção: esse é o frevo orquestrado, o qual apresenta um ritmo mais lento.
  • Frevo de bloco: é cantado, assemelhando-se a uma marchinha de carnaval.

E este ritmo é tão forte que, em Recife, foi criado o Paço do Frevo, um espaço cultural dedicado a este ritmo frenético pernambucano.[11][12]

Eventos e estilos musicais regionais[editar | editar código-fonte]

Festival de Inverno de Garanhus[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Festival de Inverno de Garanhuns

O Festival de Inverno de Garanhuns é realizado anualmente na cidade de Garanhuns, localizada no Agreste Pernambucano. Espetáculos, apresentações e outras manifestações culturais acontecem em diversos polos (Parque Euclides Dourado, Parque Ruber Van Der Lin Den, Praça Mestre Dominguinhos, Praça Souto Filho (Praça da Palavra), Colunata (Palco da Cultura Popular), e outros). Trata-se de um evento cultural que mistura diversas linguagens e estilos musicais – Rock, MPB, Blues, Jazz, Forró, Música instrumental, Sertanejo, Brega, erudita e outros estilos musicais. Destaque também para teatro, literatura, cinema, circo, gastronomia e fotografia.[13]

Abril Pro Rock[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Abril Pro Rock

O festival Abril Pro Rock acontece anualmente, desde 1993, em Recife, Pernambuco, no mês de abril. O evento se tornou referência nacional por mostrar bandas e artistas com renome na cena independente do país inteiro e do exterior, revelar novos nomes e apoiar as bandas locais.

O nascimento do Abril Pro Rock coincidiu com a explosão do Movimento Manguebeat, que revelou bandas como Penélope, Chico Science & Nação Zumbi, Mundo Livre S/A, Eddie, Devotos, Faces do Subúrbio entre outras.[14]

Brega funk[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Brega funk

O brega funk é um gênero musical, oriundo do brega, em uma junção do eletrobrega com o funk carioca, que surgiu em 2011 em Recife, Pernambuco.[15]

Manguebeat: Maracatu Atômico[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Manguebeat

Manguebeat (também grafado como manguebit ou mangue beat) é um movimento de contracultura brasileiro. Surgiu a partir de 1991, na cidade de Recife, e se destaca pela combinação original de diversos gêneros musicais, unindo ritmos regionais, como o maracatu, a rock, hip hop, funk e música eletrônica.[16]

Brega[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Brega

Brega é um estilo e um gênero musical brasileiro que abrange vários ritmos musicais, dificultando a definição de uma estética musical. Era um termo usado pejorativamente para designar a música romântica popular de baixa qualidade e com exageros dramáticos (desilusões amorosas) ou ingenuidade; tendo o samba-canção, bolero e jovem-guarda vinculados a este.[17][18]

Referências

  1. Saueia, Juliana (8 de março de 2022). «Músicas sobre Recife: 6 canções que falam da capital pernambucana». Além da Curva. Consultado em 18 de novembro de 2022 
  2. Duprat, Regis (30 de setembro de 1968). «Música na Matriz de São Paulo colonial». Revista de História (75): 85–103. ISSN 2316-9141. doi:10.11606/issn.2316-9141.rh.1968.128465. Consultado em 18 de novembro de 2022 
  3. a b Santos, Marília Paula dos (28 de dezembro de 2019). «Ecos armoriais: influência e repercussão da Música Armorial em Pernambuco». Música Popular em Revista (2): 29–54. ISSN 2316-7858. doi:10.20396/muspop.v6i2.13160. Consultado em 18 de novembro de 2022 
  4. Sonoda, Andre Vieira (21 de outubro de 2008). «Processos fonográficos e música de tradição oral em Pernambuco». repositorio.ufpb.br. Consultado em 18 de novembro de 2022 
  5. Mariana Moraes (8 de fevereiro de 2020). «O frevo é nosso desde 1906». Diario de Pernambuco. Consultado em 4 de setembro de 2020 
  6. a b Pereira, José Neilton; Almeida, Suely Creusa Cordeiro (16 de outubro de 2012). «A arte e o ofício de Luís Alves Pinto: Uma trajetória de cores e tons mestiços da música entre Pernambuco e Portuga(1719-1789). DOI: 10.5212/Rev.Hist.Reg.v.17i1.0005». Revista de História Regional (1). ISSN 1414-0055. Consultado em 18 de novembro de 2022 
  7. Duprat, Regis (30 de setembro de 1968). «Música na Matriz de São Paulo colonial» 75 ed. Revista de História. 85 páginas. ISSN 2316-9141. doi:10.11606/issn.2316-9141.rh.1968.128465. Consultado em 18 de novembro de 2022 
  8. Pereira, Valdiene Carneiro (25 de julho de 2018). «Cultura musical brasileira na formação inicial do professor de música em Pernambuco» 18 ed. Revista de Administração Educacional. ISSN 2359-1382. doi:10.51359/2359-1382.2018.237531. Consultado em 18 de novembro de 2022 
  9. Paiva, Samuel (22 de agosto de 2016). «Cinema, intermidialidade e métodos historiográficos: o Árido Movie em Pernambuco». Significação: Revista de Cultura Audiovisual (45): 64–82. ISSN 2316-7114. doi:10.11606/issn.2316-7114.sig.2016.111446. Consultado em 18 de novembro de 2022 
  10. Albernaz, Lady Selma Ferreira; Oliveira, Jailma Maria (25 de maio de 2020). «Maracatu nação em Pernambuco: raça, etnia e estratégias de enfrentamento ao racismo». Caminhos da História: 41–57. ISSN 2317-0875. doi:10.38049/issn.2317-0875v24n1p.41-57. Consultado em 18 de novembro de 2022 
  11. Santos, Marília Paula dos (26 de outubro de 2017). «Ecos armoriais: influências e repercussão da música armorial em Pernambuco». repositorio.ufpb.br. Consultado em 18 de novembro de 2022 
  12. PE, Do G1 (16 de abril de 2012). «História da música de PE se mistura com a da Globo Nordeste». Pernambuco. Consultado em 18 de novembro de 2022 
  13. «Programação do Festival de Inverno de Garanhuns 2022 é divulgada; confira». G1. Consultado em 18 de novembro de 2022 
  14. Guedes, Diogo (4 de outubro de 2012). «Clássico sobre a música pernambucana reeditado». JC. Consultado em 18 de novembro de 2022 
  15. «Após superar tragédia, trio Meninos da Net faz sucesso em Recife misturando funk e brega». musica.uol.com.br. Consultado em 18 de novembro de 2022 
  16. Lima, Tatiana (9 de dezembro de 2008). «A Emergência do Manguebeat e as Classificações de Gênero». Ícone (2). ISSN 2175-215X. doi:10.34176/icone.v10i2.230133. Consultado em 18 de novembro de 2022 
  17. Silva, José Maria da (novembro de 1992). «Na periferia do sucesso : um estudo sobre as condições de produção e significação da cultura musical brega». Consultado em 18 de novembro de 2022 
  18. Silva, F.R. (30 de dezembro de 2011). «Na periferia do sucesso: um estudo sobre as condições de produção e significação da cultura musical brega». Revista do Mestrado em Direito da Universidade Católica de Brasília: Escola de Direito (2): 460–517. ISSN 1980-8860. doi:10.18840/1980-8860/rvmd.v5n2p460-517. Consultado em 18 de novembro de 2022 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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