Macrodontia cervicornis

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Como ler uma infocaixa de taxonomiaMacrodontia cervicornis
Fotografia de M. cervicornis (macho); espécime coletado na província de Otusco, Peru.
Fotografia de M. cervicornis (macho); espécime coletado na província de Otusco, Peru.
Fotografia de um espécime de M. cervicornis (macho) na exposição do Museu Cívico de História Natural de Milão, Itália.
Fotografia de um espécime de M. cervicornis (macho) na exposição do Museu Cívico de História Natural de Milão, Itália.
Estado de conservação
Espécie vulnerável
Vulnerável
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Arthropoda
Classe: Insecta
Ordem: Coleoptera
Subordem: Polyphaga
Família: Cerambycidae
Subfamília: Prioninae[1][2][3]
Tribo: Macrodontini[2][3]
Género: Macrodontia
Espécie: M. cervicornis
Nome binomial
Macrodontia cervicornis
(Linnaeus, 1758)[2][3]
Fotografia de M. cervicornis (fêmea); espécime da coleção do Museu de História Natural de Basileia, Alemanha.
Distribuição geográfica
O besouro M. cervicornis é encontrado na região neotropical.
O besouro M. cervicornis é encontrado na região neotropical.
Sinónimos
Cerambyx cervicornis Linnaeus, 1758[2]

Macrodontia cervicornis (denominado popularmente, em inglês, giant jawed sawyer[1] ou sabertooth longhorn beetle)[4] é um inseto da ordem Coleoptera e da família Cerambycidae, subfamília Prioninae;[1][2][3] um besouro cujo habitat são as florestas tropicais úmidas[5] da região neotropical;[1] desde o norte da América do Sul, na Colômbia e Guianas, até a região sul do Brasil (Paraná),[3][5] também incluindo o Equador, o Peru e a Bolívia.[5] A espécie fora descrita em 1758, por Carolus Linnaeus, com a denominação Cerambyx cervicornis, em sua obra Systema Naturae (com sua localidade-tipo descrita como America),[2][6] sendo a espécie-tipo do gênero Macrodontia.[7] Atingindo até 17 centímetros de comprimento,[5] Macrodontia cervicornis é uma das maiores e mais belas espécies de besouros do mundo; apresentando dimorfismo sexual aparente, com machos possuindo suas mandíbulas mais desenvolvidas;[8][9][10] o que fez Linnaeus denominá-lo cervicornisː com chifres como um cervo.[11]

Descrição[editar | editar código-fonte]

Machos e fêmeas possuem um corpo achatado,[1] com uma mesma coloração que busca imitar as cores da madeira cortada e cuja textura, em seus élitros, também assim busca se assemelhar,[8] com linhas irregulares sinuosas[3] que tornam a sua camuflagem quase invisível;[12] de protórax estampado em negro e castanho,[1] dotado de nítidos espinhos pontiagudos, um em sua porção anterior e dois em sua porção posterior.[3] Suas mandíbulas encurvadas possuem "dentes" internos, principalmente as de maiores dimensões,[1] e suas antenas não alcançam a metade dos élitros.[3]

Este besouro demonstra uma grande variabilidade em suas dimensões,[1] com espécimes de regiões mais áridas apresentando uma redução do seu tamanho.[8]

Biologia[editar | editar código-fonte]

As larvas de quase todas as espécies de Cerambycidae da subfamília Prioninae desenvolvem-se em troncos cortados ou já secos, por isso os seus representantes não têm tanta importância econômica para as plantas cultivadas[9] e, no caso desta espécie, desenvolvem-se dentro da casca de árvores de madeira macia, mortas ou moribundas, por até 10 anos, enquanto os seus indivíduos adultos vivem apenas os meses necessários para se reproduzir;[5] podendo inclusive atacar palmeiras como o coqueiro (Cocos nucifera), mas também outras de gêneros como Attalea, Ceiba e Jessenia.[1]

Forésia[editar | editar código-fonte]

Nesta espécie é possível se avistar a forésia na presença de aracnídeos da ordem Pseudoscorpionida (pseudoescorpiões) pertencentes à espécie Cordylochernes scorpioides.[13]

Uso humano[editar | editar código-fonte]

Nos primóridios da aviação, no século XX, Macrodontia cervicornis serviu de modelo para estudos sobre aerodinâmica por parte do aviador francês Louis Blériot.[8][14] Suas larvas são uma fonte de alimento para os povos ameríndios do Brasil,[1] possuindo excelente sabor;[12] o que, juntamente com o formato e dimensão dos adultos, que os tornam valiosos para o comércio de lembranças e colecionismo, inclusive com sites estrangeiros vendendo tais insetos na internet, fez com que a União Internacional para a Conservação da Natureza a colocasse na sua Lista Vermelha como espécie vulnerável (VU).[15][16]

Referências

  1. a b c d e f g h i j k BOUCHARD, Patrice (2014). The Book of Beetles. A Lifesize Guide to Six Hundred of Nature's Gems (em inglês). United Kingdom: Ivy Press. p. 544. 656 páginas. ISBN 978-1-78240-049-3 
  2. a b c d e f Martins, Ubirajara R.; Galileo, Maria Helena M.; Limeira-de-Oliveira, Francisco (2009). «Cerambycidae (Coleoptera) do estado do Maranhão, Brasil». Papéis Avulsos de Zoologia 49 (19) (SciELO). 1 páginas. Consultado em 19 de agosto de 2023 
  3. a b c d e f g h GAMA, José Madson de Freitas; SOUTO, Raimundo Nonato Picanço (2001). Coleção Entomológica do IEPA, Cerambycidae (Coleoptera). novos registros de ocorrências no Amapá. 1ª ed. Rio de Janeiro, Brasil: Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá (IEPA). p. 22. 82 páginas. ISBN 85-87794-04-3 
  4. «Sabertooth Longhorn Beetle - Macrodontia cervicornis (Linnaeus, 1758)» (em inglês). Biolib.cz. 1 páginas. Consultado em 19 de agosto de 2023 
  5. a b c d e Silva, Daniel P.; Aguiar, Albert G.; Simião-Ferreira, Juliana (2016). «Assessing the distribution and conservation status of a long-horned beetle with species distribution models» (PDF) (em inglês). Journal of Insect Conservation, 20 - Springer (UNESP). pp. 611–612. Consultado em 19 de agosto de 2023 
  6. «Cerambyx cervicornis Linnaeus, 1758» (em inglês). GBIF. 1 páginas. Consultado em 19 de agosto de 2023 
  7. Monné, Miguel (fevereiro de 2012). «Catalogue of the type-species of the genera of the Cerambycidae, Disteniidae, Oxypeltidae and Vesperidae (Coleoptera) of the Neotropical Region» (em inglês). Zootaxa 3213(3213) (ResearchGate). p. 128. 183 páginas. Consultado em 20 de agosto de 2023 
  8. a b c d GODINHO JR., Celso L. (2011). Besouros e Seu Mundo. Com 1400 ilustrações em cores desenhadas pelo autor 1ª ed. Rio de Janeiro, Brasil: Technical Books. pp. 213–215. 478 páginas. ISBN 978-85-61368-16-6 
  9. a b LIMA, Costa (1953). «Família CERAMBYCIDAE, in Insetos do Brasil» (PDF). Escola Nacional de Agronomia (cerambycoidea.com). p. 84-85. 142 páginas. Consultado em 11 de agosto de 2023 
  10. Danilo G. (13 de abril de 2017). «Macrodontia cervicornis (Female)» (em inglês). Flickr. 1 páginas. Consultado em 19 de agosto de 2023 
  11. «A Grammatical Dictionary of Botanical Latin» (em inglês). Missouri Botanical Garden. 1 páginas. Consultado em 19 de agosto de 2023. cervicornis,-e (adj.B): horned like a deer [i.e. with antlers], antlered; “cervicorn, branching like antlers; bearing antlers” (WIII); see antlered. 
  12. a b STANEK, V. J. (1985). Encyclopédie des Insectes. 270 illustrations en couleurs (em francês) 2ª ed. Praga: Gründ. p. 247-248. 352 páginas. ISBN 2-7000-1319-0 
  13. Aguiar, Nair Otaviano; Bührnheim, Paulo Friedrich (2010). «Dispersão por forésia de pseudoscorpiões associados a insetos, na província de Urucu (Coari, Amazonas, Brasil)» (PDF). Entomologia na Amazônia Brasileira (INPA). p. 66. 362 páginas. Consultado em 27 de agosto de 2023. Somente uma espécie de pseudoscorpião, uma das que também se encontrava associada com Acrocinus longimanus, o Chernetidae Cordylochernes scorpioides, foi coletada sob as asas de 4 exemplares de Macrodontia cervicornis, no alto rio Urucu. 
  14. TINOCO, Roberto Muylaert (julho 1975). Coleópteros: Monstros e Jóias de natureza. Revista Geográfica Universal. Nº 10. pp. 33-34. 124 páginas. Brasil. Bloch Editores.
  15. «Macrodontia cervicornis» (em inglês). IUCN. 1 páginas. Consultado em 19 de agosto de 2023 
  16. Thenório, Iberê (29 de abril de 2009). «Sites estrangeiros vendem insetos brasileiros na internet». g1. 1 páginas. Consultado em 19 de agosto de 2023. Em um site de Taiwan, um dos insetos oferecidos é o besouro Macrodontia cervicornis, que vive na Amazônia. O animal, que chega a medir 17 cm, está na lista internacional de animais ameaçados de extinção, elaborada pela União Mundial para a Natureza (IUCN). 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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