Manto tupinambá

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Manto em Bruxelas
Manto tupinambá na procissão "Rainha da América", em 1599[1]
O manto em cerimônia religiosa de indígenas tupinambás em gravura de Theodor de Bry

O manto tupinambá ou açoiaba tupinambá é uma vestimenta sagrada, utilizada em rituais e produzida com penas de aves.[2] Só restam 11 mantos confeccionados no período colonial brasileiro, feitos de penas vermelhas de guará e fibra vegetal. Todos eles se encontram em museus de países europeus.[3]

A arte plumária indígena brasileira[editar | editar código-fonte]

Arte plumária indígena brasileira é o processo artesanal de confecção de adornos corporais, enfeites e objetos utilizados pelos grupos indígenas brasileiros. Produzidas essencialmente com penas de aves, os estilos das peças variam entre as culturas indígenas, seguindo padrões estabelecidos pelas tradições de cada povo. Entre os objetos plumários para adorno corporal, podemos citar cocares, diademas, braçadeiras, brincos, peitorais, colares, pulseiras, alé dos suntuosos mantos, utilizados exclusivamente nas grandes cerimônias e rituais públicos.[4]

Após a sua chegada ao Brasil, os portugueses ficaram impressionados com a originalidade e exuberância da plumária indígena, especialmente dos povos Tupinambás. No caso dos mantos, destaca-se o uso de penas da ave Guará, de coloração vermelha, além de penas de papagaio.

Ave Guará

Como chegaram à Europa?[editar | editar código-fonte]

A chegada de Cristovão Colombo à América inaugurou uma nova possibilidade de relações comerciais no mundo. Na sequência, ainda nos primeiros anos do século XVI, o Brasil é inserido no comércio europeu através dos contatos entre os portugueses e indígenas da costa. No início ocorreram trocas de alimentos nativos por objetos diversos vindos da Europa, como machados e outras ferramentas de ferro, até então desconhecidas pelos indígenas. Com as relações consolidadas, um item passa a ser o protagonista desse comércio, o pau-brasil, destacando-se também o interesse português por animais, como papagaios e macacos.[5]

O manto tupinambá foi um dos itens que circulou nesse comércio atlântico. A maioria dos mantos chegou ao continente europeu através de saques, relações diplomáticas ou comércio com os Tupinambá durante o período colonial. Eram tratados como objetos exóticos e de coleção.[3]

O manto tupinambá que retornará ao Brasil em 2024, em exposição no Museu Nacional da Dinamarca (Nationalmuseet)

Essas peças da cultura nativa passaram por diversas mãos até chegar aos museus onde hoje se encontram. Uma das vias através das quais os mantos chegaram à Europa foi através dos colecionistas, sendo um dos mais conhecidos Mauri­cio de Nassau.

O manto na atualidade[editar | editar código-fonte]

Por ocasião da Mostra do Redescobrimento, Brasil 500 Anos, realizada no Parque Ibirapuera, em São Paulo, no ano 2000, um do mantos existentes na Europa foi trazido do museu de Copenhagen, (Dinamarca), para ser exposto naquela oportunidade.[6]

Retorno ao Brasil[editar | editar código-fonte]

Após anos de negociação o Brasil irá reaver um de seus mantos, se trata do manto mais bem conservado que se tem notícia, que está na Dinamarca desde pelo menos 1699 e hoje compõe o acervo do Museu Nacional da Dinamarca. A expectativa é que ele retorne ao Brasil em 2024 e fique exposto no Museu Nacional no Rio de Janeiro.[3]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. Buono, Amy (2018). «Seu tesouro são penas de pássaro: arte plumária tupinambá e a imagem da América». Figura: Studies on the Classical Tradition (2): 13–29. ISSN 2317-4625. doi:10.20396/figura.v6i2.9950. Consultado em 9 de maio de 2024 
  2. «O Manto Tupinambá – Espaço do Conhecimento UFMG». www.ufmg.br. Consultado em 15 de dezembro de 2023 
  3. a b c «Raríssimo manto tupinambá que está na Dinamarca será devolvido ao Brasil; peça vai ficar no Museu Nacional». G1. 28 de junho de 2023. Consultado em 15 de dezembro de 2023 
  4. Os desafios da escola pública paranaense na perspectiva do professor PDE: produções didático-pedagógicas, 2013. [S.l.]: Seed/Pr. 11 de março de 2016 
  5. GARCIA, Elisa Frühauf. “Os índios brasileiros na formação do mundo moderno”. In: Gesteira, Heloísa (org.). Magalhães-Elcano: a primeira viagem ao redor do mundo. Rio de Janeiro: Andrea Jakobsson Estúdio Editorial, 2021.
  6. "Somos tupinambás, queremos o manto de volta". [S.l.]: Seed/Pr. 11 de março de 2016. p. 38 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • GARCIA, Elisa Frühauf. “Os índios brasileiros na formação do mundo moderno”. In: Gesteira, Heloísa (org.). Magalhães-Elcano: a primeira viagem ao redor do mundo. Rio de Janeiro: Andrea Jakobsson Estúdio Editorial, 2021.