Manuela Carneiro da Cunha

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Manuela Carneiro da Cunha
Manuela Carneiro da Cunha
Nome completo Maria Manuela Ligeti Carneiro da Cunha
Nascimento 16 de julho de 1943 (80 anos)
Cascais, Portugal
Prémios Prémio Jabuti (1993)
Prémio Literário da Fundação Biblioteca Nacional (2010)
Género literário Antropologia
Movimento literário Pós-modernismo
Magnum opus História dos índios no Brasil

Maria Manuela Ligeti Carneiro da Cunha (Cascais, 16 de julho de 1943) é uma antropóloga luso-brasileira, referência nos estudos sobre etnologia e antropologia histórica. É reconhecida como uma importante intelectual e militante do direito dos povos indígenas do Brasil.[1]

Vida[editar | editar código-fonte]

Maria Manuela Ligeti Carneiro da Cunha nasceu na cidade de Cascais, em Portugal, no dia 16 de Julho de 1943. Seus pais eram judeus húngaros que tiveram de deixar a Hungria em decorrência da ascensão da Alemanha nazista. Aos 11 anos de idade, mudou-se com sua família para cidade brasileira de São Paulo. Depois de completar o ensino médio, ingressou na Universidade de São Paulo para estudar física, mas, logo em seguida, mudou-se para a França, onde graduou-se em matemática pura, na Faculdade de Ciências de Paris, no ano de 1967.[2]

É casada com o também antropólogo Mauro Almeida.

Realizações[editar | editar código-fonte]

Morando na França, Manuela Carneiro da Cunha realizou, entre os anos de 1967 e 1969, uma especialização em Antropologia sob a orientação de Claude Lévi-Strauss. De volta ao Brasil, ingressou em 1972 na pós-graduação em Antropologia Social na Universidade Estadual de Campinas. Defendeu, em 1976, a tese Os Mortos e os Outros: uma análise do sistema funerário e da noção de pessoa entre os índios Krahó, sob orientação do antropólogo anglo-brasileiro Peter Fry.[3]

Ao final da década de 1970, engajou-se na luta por direitos dos povos indígenas do Brasil. Foi cofundadora da Comissão Pró-Índio de São Paulo, que presidiu de 1979 a 1981.[4][5] Foi também presidente da Associação Brasileira de Antropologia (ABA) entre 1986 a 1988.

Entre os anos 1982 e 2001 concluiu cursos de pós-doutorado na Universidade de Cambridge, na Inglaterra; na Universidade de Stanford nos Estados Unidos, no College de France e na Universidade de Chicago.[3]

Carneiro da Cunha leciona no Departamento de Antropologia da Universidade de São Paulo desde 1984, onde Núcleo de História Indígena e do Indigenismo.[6] Antes disso, entre 1975 e 1984, foi professora da Universidade Estadual de Campinas e também lecionou na Universidade de Chicago por 15 anos, até 2009.[3]

Dentre suas publicações, destacam-se o livro Direito dos Índios (1987) e a coletânea História dos Índios no Brasil (1992) - pela qual recebeu o Prêmio Jabuti (1993).[7] Além disso, recebeu o Prêmio Literário da Fundação Biblioteca Nacional (2010) pela obra Cultura com aspas;[8] e ainda um segundo Prêmio Jabuti por Política Culturais e Povos Indígenas, no ano de 2015.[9]

Prêmios[editar | editar código-fonte]

  • 2018 - Prêmio de excelência Gilberto Velho para Antropologia, ANPOCS.
  • 2015 - Prêmio Jabuti - Ciências Humanas - 2º Lugar, Câmara Brasileira do Livro.
  • 2014 - Perita permanente do Foro sobre Conhecimentos Tradicionais do IPBES, Plataforma Internacional de Biodiversidade e Serviços Ambientais - Governo Federal do Brasil.
  • 2013 - Titular da Cátedra IEAT/UFMG, Universidade Federal de Minas Gerais.
  • 2012 - Legion d´Honneur - França, Governo Francês.
  • 2011 - Titular da cátedra "Savoirs contre Pauvreté" 2012 - Collège de France, Collège de France.
  • 2010 - Sérgio Buarque de Holanda, Fundação Biblioteca Nacional.
  • 2010 - Ordem do Mérito Científico - Classe Grã Cruz, Academia Brasileira de Ciências.
  • 2008 - Membro da Third Wold Academy of Sciences, Third Wold Academy of Sciences.
  • 2007 - Prêmio Chico Mendes, Governo do Acre.
  • 2004 - Conférence Marc Bloch, École des Hautes Etudes en Sciences Sociales.
  • 2003 - Medalha Roquette-Pinto, Associação Brasileira de Antropologia.
  • 2002 - Premio Jabuti -Melhor Livro em Ciências - Menção Honrosa, Câmara Brasileira do Livro.
  • 2002 - Ordem Nacional do Mérito Científico - Classe Comendador, Governo Brasileiro.[10]
  • 2002 - Membro da Academia Brasileira de Ciências, Academia Brasileira de Ciências.
  • 1992 - Prêmio Erico Vanucci Mendes, CNPQ e SBPC.
  • 1991 - Medaille de Vermeil, Académie Française.
  • 1986 - Melhor Livro de Ciências Sociais (Negros Estrangeiros), ANPOCS.

Escritos[editar | editar código-fonte]

Livros e coletâneas

  • Mortos e os outros. São Paulo: Hucitec, 1978
  • Antropologia do Brasil: mito, história, etnicidade, São Paulo: Brasiliense, 1986
  • Negros, estrangeiros: os escravos libertos e sua volta à África. 1a. ed. São Paulo: Brasiliense, 1985.
  • Direito dos Índios. São Paulo: Brasiliense, 1987
  • História dos Índios no Brasil (org.). São Paulo: Companhia das Letras & Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, 1992.
  • Legislacao Indigenista No Século XIX: Uma Compilação, 1808-1889. 1992.[11]
  • Cultura com aspas e outros ensaios de antropologia. 2009.[12], 2017[13]
  • Tastevin, Parrissier. 2009.[14]
  • Negros, estrangeiros: os escravos libertos e sua volta à África. 2a. ed. revista e ampliada. 2012.[15]
  • Índios no Brasil - História, direitos e cidadania. 2013. 160p[16].
  • Políticas Culturais e Povos Indígenas. 2014. 517p. [17]
  • A expulsão de ribeirinhos em Belo Monte: relatório da SBPC. 1. ed. São Paulo: SBPC, 2017 (com S. Magalhães)
  • Direitos dos povos indígenas em disputa. 2018. (com S. Barbosa).[18]

Artigos

  • Para sobreviver, a escravidão por contrato. Revista de História da Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro, n. 54, p. mar. 2010. 22-23, 2010.

Entrevistas

  • Saberes locais, tramas identitárias e o sistema mundial na antropologia de Manuela Carneiro da Cunha. Sexta-Feira. 1998.[19]
  • África, Acre, Chicago: visões da antropologia por Manuela Carneiro da Cunha. Revista de Antropologia. 2007.[20]
  • De Lévi-Strauss aos índios na universidade: entrevista com Manuela Carneiro da Cunha. Revista de Antropologia. 2015.[21]
  • Entre Chico Mendes e Quine: uma conversa com Manuela Carneiro da Cunha e Mauro Almeida. Anuário Antropológico. 2020.[22]

Referências

  1. «Manuela Carneiro da Cunha: Antropóloga militante». revistapesquisa.fapesp.br. Consultado em 2 de julho de 2021 
  2. Barcelos Neto, Aristóteles; Abreu, Carolina; Ferreira, Francirosy; Paes, Francisco Simões; Collaço, Janine; Maia, Ugo; Feichas, Vânia (2007). «África, Acre, Chicago — visões da antropologia por Manuela Carneiro da Cunha». Revista de Antropologia (2): 813–848. ISSN 0034-7701. Consultado em 2 de julho de 2021 
  3. a b c CARNEIRO DA CUNHA, Manuela (27 de janeiro de 2020). «CV Lattes». buscatextual.cnpq.br. Consultado em 19 de dezembro de 2020 
  4. Cunha, Manuela Carneiro da (29 de maio de 2020). «A contribuição da pesquisa sobre povos indígenas». Campos - Revista de Antropologia Social. 20 (2): 26-36. ISSN 2317-6830. doi:10.5380/cra.v20i2.71858. Consultado em 19 de dezembro de 2020 
  5. «Manuela Carneiro da Cunha». Cosac Naify. Consultado em 8 de junho de 2018. Cópia arquivada em 8 de março de 2012 
  6. «Manuela Carneiro Ligeti da Cunha». Departamento de Antropologia. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. Consultado em 8 de junho de 2018 
  7. «Premiados do Ano | 63º Prêmio Jabuti». www.premiojabuti.com.br. Consultado em 2 de julho de 2021 
  8. Biblioteca Nacional. «Prêmio Literário Biblioteca Nacional (2010): Manuela Carneiro da Cunha» 
  9. «Premiados do Ano | 63º Prêmio Jabuti». www.premiojabuti.com.br. Consultado em 2 de julho de 2021 
  10. «Maria Manuela Ligeti Carneiro da Cunha». Academia Brasileira de Ciências. Consultado em 8 de junho de 2018 
  11. Cunha, Manuela Carneiro da.; Luz, Mara Manzoni.; Perrone-Moisés, Beatriz. (1992). Legislação indigenista no século XIX : uma compilação, 1808-1889. São Paulo, SP, Brasil: Comissão Pró-Indio de São Paulo. OCLC 37489523 
  12. Cunha, Manuela Carneiro da. (2009). Cultura com aspas : e outros ensaios. São Paulo, SP: Cosac Naify. OCLC 650214659 
  13. Cunha, Maria Carneiro da, 1943-. Cultura com aspas. São Paulo: [s.n.] OCLC 1013177043 
  14. Cunha, Manuela Carneiro da. (2009). Tastevin, Parrissier : fontes sobre índios e seringueiros do Alto Juruá. Rio de Janeiro: Museu do Índio, FUNAI. OCLC 795594682 
  15. Cunha, Manuela Carneiro da. Negros, estrangeiros : os escravos libertos e sua volta à Africa 2a edição revista e ampliada ed. São Paulo, SP: [s.n.] OCLC 823773124 
  16. Cunha, Manuela Carneiro da,. Índios no Brasil : história, direitos e cidadania. São Paulo, SP: [s.n.] OCLC 842730558 
  17. Cunha, Manuela Carneiro da,; Cesarino, Pedro, 1977-. Políticas culturais e povos indígenas 1a edição Editora Unesp ed. São Paulo, SP: [s.n.] OCLC 1011688827 
  18. Cunha, Manuela Carneiro da,; Barbosa, Samuel Rodrigues,. Direitos dos povos indígenas em disputa 1a edição ed. São Paulo: [s.n.] OCLC 1041124637 
  19. «REVISTA SEXTA-FEIRA». www.usp.br. Consultado em 19 de dezembro de 2020 
  20. Neto, Aristóteles Barcelos; Abreu, Carolina; Ferreira, Francirosy; Paes, Francisco Simões; Collaço, Janine; Maia, Ugo; Feichas, Vânia (1 de dezembro de 2007). «África, Acre, Chicago: visões da antropologia por Manuela Carneiro da Cunha». Revista de Antropologia (2): 813–848. ISSN 1678-9857. doi:10.1590/S0034-77012007000200010. Consultado em 19 de dezembro de 2020 
  21. Filho, Edson Tosta Matarezio (22 de dezembro de 2015). «De Lévi-Strauss aos índios na universidade: entrevista com Manuela Carneiro da Cunha». Revista de Antropologia (2): 423–440. ISSN 1678-9857. doi:10.11606/2179-0892.ra.2015.108685. Consultado em 19 de dezembro de 2020 
  22. Oliveira, Joana Cabral de (7 de agosto de 2020). «Entre Chico Mendes e Quine: uma conversa com Manuela Carneiro da Cunha e Mauro Almeida». Anuário Antropológico (III): 205–220. ISSN 0102-4302. doi:10.4000/aa.6661. Consultado em 19 de dezembro de 2020 

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