Maria José de Mendonça

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Maria José de Mendonça
Nome completo Maria José de Almeida Furtado de Mendonça
Nascimento 10 de janeiro de 1905
Lisboa
Morte 17 de agosto de 1984 (79 anos)
Lisboa
Nacionalidade Portugal Portuguesa
Progenitores Mãe: Maria Beatriz Duarte de Araújo
Pai: Alberto de Mendonça
Ocupação Muséologa

Maria José de Almeida Furtado de Mendonça (Lisboa, 10 de Janeiro de 1905 — Lisboa, 17 de Agosto de 1984) foi uma museóloga portuguesa.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Licenciou-se em Ciências Histórico-Filosóficas na Faculdade de Letras de Lisboa, tornando-se Conservadora dos Museus Nacionais em 1933 [1].

Ingressa no Museu Municipal de Lisboa em 1939 onde se mantém até 1944, ano em que transita para o Museu Nacional de Arte Antiga.[2]

Foi responsável pela criação da oficina de tratamento de têxteis do Instituto José de Figueiredo que entrou em laboração em 1956. Paralelamente, iniciou o trabalho de inventariação da colecção de Calouste Gulbenkian, em 1956, desempenhando um importantíssimo papel na programação desta instituição pioneira no campo da programação museológica, trabalhando com George Henri Rivière na construção da sede e Museu. Como refere Sofia Lapa [3] , "Rivière atribui o enorme agrado que sentiu (...) destacando em mais de uma ocasião o profissionalismo de Maria José de Mendonça: “Son esprit logique, son érudition étendue, sa sensibilité, sa gentillesse ont favorisé mes efforts”.

A 25 de Maio de 1962 foi nomeada Directora do Museu Nacional dos Coches, sendo assim a primeira directora de um museu nacional. A 6 de Julho de 1967 toma posse como directora do Museu Nacional de Arte Antiga, ficando nesse cargo até Janeiro de 1975[4], tendo colaborado no Boletim dos Museus Nacionais de Arte Antiga [5] (1939-1943). No entanto, segundo Maria Madalena de Cagigal e Silva, não deixou o Museu dos Coches continuando à frente dos seus serviços até ser substituída na direcção a 3 de Janeiro de 1969. "Foram perto de sete anos de grande actividade em que o Museu Nacional dos Coches se viu sujeito a importantes remodelações, além de projectos de futuras realizações ficarem elaborados." (In Boletim da APOM, nº7/8 Janeiro-Abril 1975, p.11)

Na primeira metade da década de 1970 dirige o curso de Conservador de Museu e foi membro do Conselho Director do Instituto José de Figueiredo. Liderou o grupo que levou à criação da Associação Portuguesa de Museologia (APOM) e mais tarde, em 1975, juntamente com Natália Correia Guedes e Maria Helena Pinto, constitui a Comissão Nacional Portuguesa do ICOM.

Madalena Braz Teixeira defende, num artigo publicado na revista Museum da Unesco[6], em 1991, que durante a vigência do Estado Novo muitos homens abandonaram os seus cargos como directores ou conservadores de museu por causa dos salários baixos ou por razões políticas [7] , o que levou ao preenchimento desses lugares por mulheres. No entanto o que esse artigo não explica é a verdadeira paixão da maioria dessas mulheres pela museologia — não estavam portanto apenas a ocupar lugares vazios —, nem tão pouco a ausência de um discurso de género sobre a história dos museus portugueses.

O Estado português reconheceu o seu mérito agraciando-a com o grau de Comendadora da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada em 7 de Junho de 1982[8].

Por determinação própria, a sua biblioteca particular encontra-se no Museu do Traje, em Lisboa.

Referências

  1. Sofia Lapa, "Como se forma uma museóloga? Contributos para o estudo de Maria José de Mendonça (Museu Nacional de Arte Antiga, 1933-1938", Comunicação ao IV Congresso Internacional de História da Arte Portuguesa – Homenagem a José-Augusto França, organizado pela APHA, Fundação Calouste Gulbenkian, 21 a 24 de Novembro de 2012
  2. «Fundação». Museu Nacional do Traje. Consultado em 24 de maio de 2013 
  3. Sofia Lapa (2011),"GEORGES-HENRI RIVIÈRE NA GÉNESE DO MUSEU CALOUSTE GULBENKIAN.CONTRIBUTOS PARA O ESTUDO DA COLABORAÇÃO ENTRE O MUSEÓLOGO FRANCÊS E A FUNDAÇÃO CALOUSTE GULBENKIAN", Revista de História de Arte, nº 8.
  4. Carvalho, Maria João Vilhena de (2011). «Sérgio Guimarães de Andrade, O Conservador e a sua colecção / A Imaginária como conceito» (PDF). Revista de História da Arte nº 8. Consultado em 24 de maio de 2013 
  5. Alda Anastácio (14 de fevereiro de 2019). «Ficha histórica:O Boletim dos Museus Nacionais de Arte Antiga (1939-1943)» (PDF). Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 17 de Junho de 2019 
  6. Madalena Braz Texeira (1991). «Past and Present / From strength to strength - a short history of museums an women in Portugal» (PDF). Museum. Consultado em 24 de maio de 2013 
  7. Madalena Braz Teixeira (1991),"From Strength to Strength — a short story of museums and women in Portugal" , Museum, Unesco, Nº 171, Vol XLIII, p.126.
  8. Osório de Castro, Zília Osório de Castro (2013). Feminae, Dicionário Contemporâneo. Lisboa: CIG - Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género. pp. 651–654. ISBN 978-972-597-373-8