Mateus 2

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Adoração dos Magos, um dos muitos eventos narrados apenas em Mateus 2.
1488/9. Por Domenico Ghirlandaio, atualmente na Spedale degli Innocenti, em Florença.

Mateus 2 é o Jesus não é seu capítulo do Evangelho de Mateus no Novo Testamento da Bíblia e relata os eventos ocorridos depois do nascimento de Jesus, relatando alguns dos episódios mais conhecidos da sua infância.

Análise[editar | editar código-fonte]

Este capítulo é geralmente dividido em quatro seções para fins acadêmicos. A visita dos magos guiados pela Estrela de Belém (Mateus 2:1–12), a Fuga para o Egito (Mateus 2:13–15), o Massacre dos Inocentes (Mateus 2:16–18) e o Retorno do jovem Jesus a Nazaré depois da morte de Herodes (Mateus 2:19–23). Cada uma delas está centrada numa citação do Antigo Testamento cuja realização Mateus vê na vida de Jesus. A última porção de Mateus 1 tem a mesma estrutura é geralmente agrupada com estas quatro. Stendhal nota que cada uma das citações neste capítulo contém nomes de localidades e defende que o capítulo inteiro é uma apologia do motivo pelo qual o Messias teria se mudado da importante cidade de Belém para a afastada e minúscula Nazaré.

France nota que as citações do Antigo Testamento utilizadas são "notoriamente obscuras e pouco convincentes"[1]. Muitas delas foram fortemente alteradas, chegando à inversão do sentido em alguns casos. Quase todas foram tomadas fora de contexto e apresentadas como profecias quando não tinham esta intenção no original. A mais confusa delas é a que é citada em Mateus 2:23 ("e foi morar em uma cidade chamada Nazaré; para se cumprir o que foi dito pelos profetas: Ele será chamado Nazareno"), que aparentemente não existe no Antigo Testamento. Jerônimo a associou com Isaías 11:1 ("Então do tronco de Jessé sairá um rebento, e das suas raízes sairá um renovo que dará fruto.") por causa da etimologia de "Nazaré", que deriva da palavra hebraica para "tronco" (ne'tser)[2]. Que as citações tenham sido tão contorcidas para caberem na narrativa é, para France e outros, evidência clara que esta veio primeiro e aquelas, depois. Mateus acreditava firmemente na acuracidade de seu relato e não o alteraria para fazê-lo caber nas profecias.

Como acontece com Mateus 1, a maior parte dos acadêmicos entendem que este capítulo tenta provar que Jesus era o esperado Messias previsto pelos profetas e é nele que está a maior quantidade de referências ao Antigo Testamento em todo o Novo Testamento, cinco. Schweizer divide o capítulo em cinco subseções, cada uma terminando em uma delas[3]. Assim como na genealogia apresentada no capítulo anterior, os estudiosos acreditam que este capítulo está tentando retratar Jesus como o ápice da história dos judeus e, para isso, Mateus relata os eventos da vida de Jesus paralelizando-os com outros da história. Um exemplo é o paralelo entre Jesus e Moisés e Herodes, o Grande, e o faraó. É apenas neste capítulo que se menciona a viagem da Sagrada Família para o Egito. Com base numa citação de Jeremias (Jeremias 31:15), o Massacre dos Inocentes foi relacionado com o Cativeiro da Babilônia e o nascimento de Jesus em Belém ecoa o rei David, que também nasceu ali.

Este capítulo também contém diversas passagens que podem ser entendidas como antissemitas aos olhos modernos. Mateus 2:3–4 mostra como os líderes e o povo judeu de Jerusalém ajudaram o tirano Herodes, que queria matar o filho de Maria. A historicidade do evento é duvidosa por diversos motivos e um deles é que outras fontes contemporâneas relatam a grande animosidade que existia entre os dois grupos. Gundry lembra que "perseguição" é um tema importante me Mateus, que estava escrevendo numa época que diversas forças trabalhavam para esmagar o cristianismo recém-nascido[4].

A maior parte do que está relatado neste capítulo não existi em nenhum outro evangelho e difere bastante da narrativa da infância de Jesus em Lucas 2. Estudiosos crentes da inerrância bíblica já propuseram teorias para explicar essas discrepâncias, mas a maior parte dos demais defendem que o Evangelho de Mateus não é uma obra histórica. Gundry afirma que Mateus é uma versão muito floreada de Lucas na qual humildes pastores se transformaram em exóticos magos, por exemplo.

Manuscritos[editar | editar código-fonte]

Ver também[editar | editar código-fonte]


Precedido por:
Mateus 1
Capítulos do Novo Testamento
Evangelho de Mateus
Sucedido por:
Mateus 3

Referências

  1. France, R.T. The Gospel According to Matthew: an Introduction and Commentary. Leicester: Inter-Varsity, 1985. ISBN 0802800637.
  2. Jerônimo, "Carta 57—A Pamáquio Sobre o Melhor Método de Traduzir"
  3. Schweizer, Eduard. The Good News According to Matthew. Atlanta: John Knox Press, 1975. ISBN 0804202516.
  4. Gundry, Robert H. Matthew a Commentary on his Literary and Theological Art. Grand Rapids: William B. Eerdmans Publishing Company, 1982. ISBN 080283549X.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Albright, W.F. and C.S. Mann. "Matthew." The Anchor Bible Series. New York: Doubleday & Company, 1971.
  • Brown, Raymond E. The Birth of the Messiah: A Commentary on the Infancy Narratives in Matthew and Luke. London: G. Chapman, 1977.
  • Carter, Warren. Matthew and Empire. Harrisburg: Trinity Press International, 2001.
  • Clarke, Howard W. The Gospel of Matthew and its Readers: A Historical Introduction to the First Gospel. Bloomington: Indiana University Press, 2003.
  • France, R.T. "The Formula Quotations of Matthew 2 and the Problem of Communications." New Testament Studies. Vol. 27, 1981.
  • Hill, David. The Gospel of Matthew. Grand Rapids: Eerdmans, 1981
  • Levine, Amy-Jill. "Matthew." Women's Bible Commentary. Carol A. Newsom and Sharon H. Ringe, eds. Louisville: Westminster John Knox Press, 1998.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]