Mercedes-Benz Juiz de Fora

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Mercedes-Benz Juiz de Fora
Mercedes-Benz Juiz de Fora
Razão social Mercedes-Benz do Brasil Ltda.
Atividade Automobilística
Fundação 1999
Sede Juiz de Fora, MG, Brasil
Proprietário(s) Daimler Trucks
Empregados 1021 (diretos e indiretos)[1]
Produtos Fabricação de caminhões (Accelo e Actros)[2]

A fábrica da Mercedes-Benz na cidade de Juiz de Fora (MG) é uma unidade desta empresa criada como parte de uma estratégia mundial da Daimler-Chrysler de expansão para os mercados emergentes.[1] Suas operações se iniciaram em 1999.[1] Iniciou um processo de transformação econômica no município, que estava com a economia decadente.[3] O contrato de implantação foi realizado entre a Mercedes-Benz do Brasil S.A., o Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais, o Instituto de Desenvolvimento Industrial, a Fundação Estadual do Meio Ambiente e os governos estadual e municipal.[4]

Sendo uma das mais importantes do mercado automotivo mundial, a empresa acarreta uma melhoria da qualidade dos produtos e serviços de seus fornecedores, que acabam gerando uma melhoria em cadeia na cidade.[3] Os benefícios para a cidade com a instalação da Mercedes-Benz são enormes, pois isto atrai novas indústrias, aumenta o recolhimento do ICMS, gera empregos e amplia a renda.[3] Também, outros investimentos começaram a ser atraídos para a cidade.[3] Por exemplo, foi construída a Usina Termelétrica de Juiz de Fora.[3]

A implantação da montadora foi baseada em um modelo de desenvolvimento regional potencializador das características internas regionais.[5] Os fatores determinantes para a construção da planta na cidade foram: a existência de mão-de-obra local qualificada desempregada devido à decadência das indústrias podendo ser paga com baixos salários por causa dos poucos postos de trabalho disponíveis; sindicato menos reivindicativo e mais dialogante; e a localização do município, perto de rodovias de fácil trânsito que levam a outros estados e a portos.[1] Importantes fatores utilizados para determinar a localização da empresa foram a existência de economias tanto de aglomeração quanto de regionalização existentes no Estado de Minas Gerais.[5] Uma das vantagens da região para a empresa é o controle da poluição do ar.[5]

A planta possui baixo nível de automação: 30%, enquanto a de Rastaad, que é modelo para a de Juiz de Fora, é 100% automatizada.[1] Por causa da baixa produção e do custo da mão-de-obra, a automação é voltada para pontos de grande dificuldade, repetição ou que exijam muita qualidade.[1] O trabalho dos funcionários se dá em grupo e apresenta flexibilidade, com rotação de tarefas e designação de várias funções.[1]

Produtos[editar | editar código-fonte]

Inicialmente a fábrica produzia somente o Mercedes-Benz Classe A, com capacidade de 70 mil destes anualmente.[1] Porém, parte significativa do potencial ficou ocioso desde sua inauguração, principalmente em virtude das mudanças cambiais no país no início de 1999.[1] A produção foi baixa pois houve demanda abaixo do esperado, já que a composição dos veículos, usando 38% de peças importadas, deixou o custo para o consumidor além do planejado pela a montadora.[1] Assim, previu-se o fim da produção deste modelo no segundo semestre de 2005.[1] Para utilizar o potencial excedente, em 2001 iniciou-se a produção do Mercedes-Benz Classe C para ser exportado aos Estados Unidos.[1] Como ainda assim há subutilização, e há um compromisso de permanência de 10 anos, mais alternativas foram cogitadas.[1] Em 2012 a fábrica atingiu a marca de 10000 unidades dos caminhões Accelo e Actros fabricadas.[6]

Fornecedores[editar | editar código-fonte]

Mercedes-Benz Classe A, que teve o término de sua produção pela fábrica planejado para 2005.[1]

Dos 24 fornecedores de Minas Gerais para a fabricação do Mercedes-Benz Classe A, lançado em abril de 1999 e que requer 120 empresas fornecedoras, 9 tem sede no condomínio da fábrica em Juiz de Fora, criando 620 empregos.[3] A planta foi projetada para funcionar similarmente a um Condomínio industrial, com estes cerca de 10 fornecedores de primeira linha localizados dentro do terreno entregando o quê é necessário nos princípios do Just in Time.[1] Na cidade, existe um Centro de Qualificação que simula a fabricação deste automóvel com peças importadas, onde trabalham 350 funcionários.[3] Destes, 160 são os multiplicadores treinados na Alemanha.[3]

O projeto previa que entre 8 e 10 firmas fornecedoras se localizariam muito próximas à montadora, como as de chicotes elétricos e pneus, pois assim há economias internas ao conglomerado ou setor.[5] Assim, há pouca verticalização e adoção de técnicas just-in-time, levando à instalação, a médio prazo, de um parque de autopeças na região próxima ao município.[5] Por exemplo, esperava-se que cerca de 30 a 40 fornecedoras se instalassem em um raio de aproximadamente 200km da montadora.[5] O protocolo de implantação da Mercedes-Benz indicou como fator a localização de firmas satélites neste perímetro.[5]

Funcionários[editar | editar código-fonte]

Mercedes-Benz Classe C, produzido nesta fábrica a partir de 2001.[1]

A cidade não estava preparada para receber uma empresa deste porte, e por isto este novo processo de industrialização na cidade exigiu dos cursos profissionais uma revisão completa de seus planos, para adequar a mão-de-obra às indústrias alemãs que chegaram.[3] Foram investidos R$ 28 milhões pela Mercedes-Benz em especialização e treino de seus funcionários, pois a empresa necessita de mão-de-obra altamente qualificada a fim de manter a qualidade de seus serviços e produtos.[3] Um curso de nivelamento e atualização técnica com duração de 2 meses foi desenvolvido com o objetivo de atualizar o conhecimento da mão-de-obra de acordo com as necessidades da indústria.[3] O SENAI da cidade se incumbe de realizar a seleção dos candidatos para este processo, que, após a conclusão do curso nesta instituição, são escolhidos para compor o quadro de pessoal da Mercedes-Benz.[3] Então, passam por um curso de especialização com duração de 2 meses elaborado pela Mercedes-Benz.[3]

Até 1998, os colaboradores passavam por um programa de integração na indústria com duração de 1 semana, onde se tornavam multiplicadores, que ensinavam outros colaboradores.[3] Então os multiplicadores realizavam um estágio de 3 a 5 meses nas fábricas da Mercedes-Benz-Raastat na Alemanha, antes de retornar e repassar a aprendizagem para os demais.[3] Graças à esta parceria com o SENAI, a mão-de-obra local tem conseguido atender às exigências da indústria, sendo que 150 colaboradores já foram admitidos como multiplicadores e 300 colaboradores já foram contratados nas áreas operativas após realizaram o programa de nivelamento básico.[3] O total de colaboradores é de 700 funcionários, dos quais 350 são da própria cidade, com previsão de atingir-se 1500 no ano 2000.[3] Desta mão-de-obra, 62% tem o nível médio completo, 34% tem o nível superior e 4% o nível fundamental e grande experiência profissional.[3]

Apenas trabalhadores de limpeza e alimentação são terceirizados.[1]

Referências

  1. a b c d e f g h i j k l m n o p q «COMPETITIVIDADE NO SETOR AUTOMOBILÍSTICO: UM MODELO DE ANÁLISE DA FLEXIBILIDADE NO BRASIL» (PDF). REVISTA GESTÃO INDUSTRIAL. Universidade Tecnológica Federal do Paraná. 2006. pp. 163–164. Consultado em 31 de outubro de 2012 [ligação inativa]
  2. «Mercedes-Benz Werk Juiz de Fora (Mercedes-Benz do Brasil Ltda.)» (em alemão). Daimler. Consultado em 31 de outubro de 2012. Arquivado do original em 1 de março de 2013. Produktion Lkw-Montage Accelo und Actros 
  3. a b c d e f g h i j k l m n o p q r «A IMPORTÂNCIA DO PAPEL DO ENSINO PROFISSIONALIZANTE FACE AO PROCESSO DE INDUSTRIALIZAÇÃO DE JUIZ DE FORA» (PDF). Universidade de São Paulo. 1999. pp. 40;46–48. Consultado em 10 de novembro de 2011. Arquivado do original (PDF) em 27 de setembro de 2004 
  4. «A complexa montagem de um veículo: a Mercedes-Benz em Juiz de Fora» (PDF). Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. 1 páginas. Consultado em 2 de novembro de 2012 
  5. a b c d e f g «PLANEJAMENTO REGIONAL E POTENCIAIS DE DESENVOLVIMENTO DOS MUNICÍPIOS DE MINAS GERAIS NA REGIÃO EM TORNO DE JUIZ DE FORA: UMA APLICAÇÃO DE ANÁLISE FATORIAL» (PDF). Nova Economia. Universidade Federal de Minas Gerais. Julho de 1999. pp. 123–126. Consultado em 27 de novembro de 2011. Arquivado do original (PDF) em 18 de janeiro de 2012 
  6. «Planta de Juiz de Fora da Mercedes-Benz fecha 2012 com 10 mil caminhões produzidos». 2013. Consultado em 12 de abril de 2013