Minuano (álbum)
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Minuano é o oitavo álbum de estúdio da banda brasileira de rock Engenheiros do Hawaii. O disco foi gravado e mixado no inverno de 1997 no estúdio Mega, no Rio de Janeiro, por Nilo Romero. Foi lançado em 27 de setembro de 1997 pela gravadora BMG. Foi o último disco da banda pela gravadora, visto que em 1999 eles assinariam um contrato com a Universal Music. Humberto Gessinger, em 1999, disse em um bate-papo: "Mudar era inevitável. O passado dos Engenheiros era muito lucrativo na BMG, eles não precisavam pensar no futuro.", referindo-se à mudança ocorrida.
Minuano | |||||||
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Álbum de estúdio de Engenheiros do Hawaii | |||||||
Lançamento | 27 de Setembro de 1997 | ||||||
Gravação | inverno de 1997 | ||||||
Gênero(s) | Rock, Pop Rock | ||||||
Duração | 49:31. | ||||||
Formato(s) | CD | ||||||
Gravadora(s) | BMG Ariola | ||||||
Produção | Nilo Romero | ||||||
Cronologia de Engenheiros do Hawaii | |||||||
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Antecedentes[editar | editar código-fonte]
Após a separação dos Engenheiros do Hawaii no final de 1995, Humberto Gessinger juntou-se ao guitarrista Luciano Granja e ao baterista Adal Fonseca, formando o 33 de espadas, que, mais tarde, rebatizado como Humberto Gessinger Trio, lançaria o álbum autointitulado no ano de 1996. Após a turnê de divulgação do disco, notando a inviabilidade da utilização do novo nome, visto que muitos produtores ainda anunciavam o grupo como "Engenheiros", Gessinger volta a utilizar a alcunha de Engenheiros do Hawaii com à banda. Ao iniciar as gravações do novo disco, Gessinger convida o tecladista Lúcio Dorfman para tocar em estúdio junto à banda. Após o término das mesmas, Lúcio foi convidado a juntar-se fixamente à banda devido aos bons resultados.
Gravação e produção[editar | editar código-fonte]
As gravações se iniciam em meados de Junho de 1997 no estúdio Mega, no Rio de Janeiro. Gessinger, em entrevista, disse se sentir "estimulado" ao gravar com músicos mais jovens. Segundo o mesmo: "Tive minha formação baseada no rock brasileiro dos anos 80. Eles (referindo-se aos outros componentes) cresceram ouvindo hard rock dos anos 70 e sacam melhor essa coisa de 'riffs' de guitarra e som pesado"[1] O álbum contou com alguns músicos convidados participando do processo de gravação. Um dos exemplos é o músico Kleiton Ramil, que faz dupla com Kledir na dupla de pop-rock gaúcho que leva o nome de ambos, que foi convidado para gravar o violino da música "A Montanha". Originalmente, a ordem das músicas seria diferente. A faixa "3 Minutos" (originalmente com o número "três" por extenso) abriria o disco, enquanto "Alucinação", "A Ilha Não Se Curva" e "Banco", seriam, respectivamente, as 4ª, 5ª e 6ª faixas.[2]
Resenha musical[editar | editar código-fonte]
O disco trás, juntamente ao som característico dos discos anteriores da banda, composições com um apelo mais pesado. Essa característica é atribuída ás influências dos novos integrantes, à exemplo da música "Humano Demais", cujo riff principal foi composto por Adal Fonseca, quando o mesmo tinha 16 anos. Também há um resgate às raízes gaúchas na sonoridade do disco. Segundo o guitarrista Luciano Granja: "Nosso som é rock brasileiro, mas temos um quê de gaúcho que não dá para disfarçar"[3]As músicas "A Ilha Não Se Curva" e "Deserto Freezer" são, respectivamente, baseadas nos estilos nativos rio-grandenses milonga e vanerão. Além disso, o disco trás a regravação da música Alucinação, originalmente do artista cearense Belchior. Em resumo, é um álbum com influências bastante diversificadas, seguindo o cenário brasileiro das bandas de pop-rock da metade final dos anos 90.
Projeto gráfico[editar | editar código-fonte]
A capa do disco, de Luiz Stein, trás uma imagem do Monumento do Laçador, que representa o gaúcho tipicamente pilchado (em trajes típicos) e teve como modelo o tradicionalista Paixão Cortês. Em 2001, o monumento foi tombado como patrimônio histórico, e em 2007, foi transferido da Praça do Bombeador, seu local original, para o Sítio do Laçador. A imagem, assim como o título, referenciam a influência tradicionalista presente no disco. Gessinger disse em um bate-papo que sua engrenagem (elemento frequentemente usado nas artes da banda) favorita são as cravelhas (tarraxas) do Minuano.
Recepção[editar | editar código-fonte]
Lançamento[editar | editar código-fonte]
O álbum foi lançado em 27 de setembro de 1997 pela gravadora BMG Ariola, e foi o primeiro disco dos Engenheiros a sair apenas no formato de CD, não tendo versões oficiais em K7 ou LP. As expectativas iniciais eram de que o álbum vendesse cerca de 50 mil unidades. Em outubro de 1998, segundo Gessinger, o álbum já havia vendido cerca de 80 mil cópias. Para a promoção do disco, as músicas "A Montanha" e "Alucinação" ganharam videoclipes.
Fortuna crítica[editar | editar código-fonte]
Críticas profissionais | |
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Avaliações da crítica | |
Fonte | Avaliação |
Bizz (1997)[4] | Positiva |
Manchete (1997)[5] | Positiva |
Zero Hora (1997)[6] | Neutra |
Jornal do Brasil (1997)[7] | Positiva |
O Globo (1997)[8] | Positiva |
As avaliações foram em sua maioria positivas, ao contrário dos discos anteriores, que receberam críticas ácidas e em boa parte, mistas. Um ponto bastante destacado é a "maturidade" presente no disco, tanto na sonoridade quanto nas letras. Hagamenon Brito, escrevendo para a revista Bizz, diz que: "Sua banda (referindo-se a Gessinger) ressurge enxuta, retoma adoráveis banalidades (pop songs com jogos de palavras) e lança seu melhor trabalho desde Ouça o Que Eu Digo, Não Ouça Ninguém, de 1988."[9] Vale lembrar que a revista Bizz foi responsável por tecer críticas severas aos discos Várias Variáveis (1991) e Gessinger, Licks & Maltz (1992).
Também são exaltadas as contribuições dos novos integrantes, que deram um "novo ar" ao estilo da banda, sem perder a originalidade e identidade. Arthur Dapieve, escrevendo para O Globo, diz que "essa lipo sonora, batizada de Minuano, foi um sucesso"[10] referindo-se à mudança na formação, reduzida quando comparada ao quinteto que gravou o disco anterior.[11][12][13]
Curiosidades[editar | editar código-fonte]
- Por ser o décimo disco da banda, Minuano teve o título provisório de Dez.
- Outros Tempos, a canção que encerra o disco, chegou a ter o subtítulo "Pra Quem Não Dançou Nos Anos 70".
- Lúcio Dorfman é filho do músico e arquiteto César Dorfman (que foi professor de Gessinger na UFRGS) e sobrinho do maestro gaúcho Paulo Dorfman.
- O nome Minuano tem três sentidos. O primeiro é o de um vento frio e seco, que sopra a partir do sudoeste, no inverno, após um período de mau tempo. O segundo tem referência com Minuanos, uma tribo guerreira extinta, constituída por cavaleiros que percorriam o Oeste do Rio Grande do Sul, como nômades. O terceiro, por sua vez, pode significar pampeiro, habitante do pampa.
- Na canção 3 Minutos, aos exatos 3:00, pode-se ouvir Humberto repetindo Minuano várias vezes, tocando-a ao contrário.
- A melodia de 9051 foi composta na época de Várias Variáveis e serviria para a canção Muros & Grades, mas foi arquivada até 1997, quando foi regravada com a nova letra.
- O título 9051 era a antiga forma para ligações a cobrar para Porto Alegre e algumas cidades do Rio Grande do Sul.
Faixas[editar | editar código-fonte]
Todas as faixas escritas e compostas por Humberto Gessinger, exceto onde indicado.
N.º | Título | Compositor(es) | Duração | |
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1. | "Banco" | 2:53 | ||
2. | "A Montanha" | 3:18 | ||
3. | "Faz Parte" | 3:31 | ||
4. | "Sem Problemas" | 3:18 | ||
5. | "3 Minutos" | 3:25 | ||
6. | "Nuvem" | 2:53 | ||
7. | "Nove Zero Cinco Um" | 2:41 | ||
8. | "Deserto Freezer" | 2:41 | ||
9. | "Alucinação" | Belchior | 3:29 | |
10. | "A Ilha Não Se Curva" | Gessinger, Luciano Granja, Adal Fonseca | 4:13 | |
11. | "Humano Demais" | Gessinger, Granja, Fonseca | 4:53 | |
12. | "Outros Tempos" | 4:10 |
Créditos[editar | editar código-fonte]
Créditos dados com base nas informações do encarte do CD.[14]
Músicos[editar | editar código-fonte]
A Banda[editar | editar código-fonte]
- Humberto Gessinger: voz, baixo e teclados (em "Nuvem").
- Luciano Granja: guitarras e violões.
- Adal Fonseca: bateria.
- Lúcio Dorfman: teclados.
Convidados[editar | editar código-fonte]
- Nilo Romero: baixo (em "Nuvem"), pandeiros e programações (em "3 Minutos").
- Billy Brandão: guitarra (em "Sem Problema").
- Humberto Barros: teclados, acordeom (em "A Ilha Não Se Curva").
- Léo Fernandes: teclados (em "3 Minutos").
- Kadu Menezes: bateria (em "Nuvem" e "9051").
- Ramiro Mussotto: percussão (em "Deserto Freezer" e "Outros Tempos") e programações (em "Outros Tempos").
- Carlos Trilha: programações (em "Alucinação").
- Jairo Diniz, Glauco Fernandes e Léo Ortiz: cordas (em "Nuvem" e "Faz Parte").
- Lui Coimbra: arranjo.
- Patrícia Vergara: regência.
- Kleiton Ramil: violino (em "A Montanha").
Ficha Técnica[editar | editar código-fonte]
- Direção artística: Jorge Davidson.
- Produção: Nilo Romero.
- Técnicos: Márcio Gama e Ronaldo Lima.
- Assistentes: Márcio Thees e Marco Aurélio.
- Mixagem: Márcio Gama e Nilo Romero.
- Edição digital: Florência Saravia.
- Masterização: Ricardo Garcia.
- Assistente de produção: Cacau Ferrari.
- Roadie: Iran Alves.
- Capa: Luiz Stein.
- Fotos: Adriana Pitigliani.
- Assistente de arte: Daniel de Souza.
- Produção Executiva: Gil Lopes e Carmela Forsin.
Referências[editar | editar código-fonte]
- ↑ «Folha de S.Paulo - Engenheiros mudam para não mudar nada - 27/9/1997». www1.folha.uol.com.br. Consultado em 2 de outubro de 2023
- ↑ Enghaw, Davi (21 de julho de 1997). «21/07/97 – Engenheiros voltam;». Davi Enghaw apresenta:. Consultado em 2 de outubro de 2023
- ↑ «Folha de S.Paulo - Engenheiros mudam para não mudar nada - 27/9/1997». www1.folha.uol.com.br. Consultado em 2 de outubro de 2023
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- ↑ Brito, Hagamenon (1 de dezembro de 1997). «REVISTA SHOWBIZZ Ed. 149: Gaúcho dança;». Davi Enghaw apresenta:. Consultado em 2 de outubro de 2023
- ↑ Dapieve, Arthur (26 de setembro de 1997). «26/09/97 – Humberto Gessinger retorna com Engenheiros e grupo lança novo CD;». Davi Enghaw apresenta:. Consultado em 2 de outubro de 2023
- ↑ Ferla, Marcelo (12 de outubro de 1997). «Um disco de transição;». Davi Enghaw apresenta:. Consultado em 2 de outubro de 2023
- ↑ Gordirro, André (18 de outubro de 1997). «REVISTA MANCHETE 2376: Reengenharia Pop à moda gaúcha;». Davi Enghaw apresenta:. Consultado em 2 de outubro de 2023
- ↑ Essinger, Silvio (21 de outubro de 1997). «21/10/97 – EM QUESTÃO Minuano;». Davi Enghaw apresenta:. Consultado em 2 de outubro de 2023
- ↑ Engenheiros Do Hawaii - Minuano (em inglês), 27 de setembro de 1997, consultado em 2 de outubro de 2023
Bibliografia[editar | editar código-fonte]
- Godirro, André (18 de outubro de 1997). «Reengenharia pop à moda gaúcha». Manchete. Consultado em 2 de outubro de 2023
- Dapieve, Arthur (26 de setembro de 1997). «A lipo sonora que deu certo». O Globo. Consultado em 2 de outubro de 2023
- Essinger, Silvio (21 de outubro de 1997). «Engenheiros volta a acertar no 10º disco». Jornal do Brasil. Consultado em 2 de outubro de 2023
- Brito, Hagamenon (1 de dezembro de 1997). «Gaúcho dança». Bizz. Consultado em 2 de outubro de 2023
- Ferla, Marcelo (12 de outubro de 1997). «Um disco de transição». Zero Hora. Consultado em 2 de outubro de 2023