Movimento M62

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O Movimento M62 (em francês: Mouvement M62), oficialmente conhecido como "M62: União Sagrada para a Salvaguarda da Soberania e Dignidade do Povo" (em francês: M62 : Union sacrée pour la sauvegarde de la souveraineté et de la dignité du peuple),[1] é um movimento político no Níger. O grupo se identifica como anti-imperialista e anti-francês e é conhecido por sua russofilia. Surgiu como um movimento da sociedade civil durante a Operação Barkhane, opondo-se à intervenção francesa,[2] caracterizando-a como uma ambição imperialista.

História[editar | editar código-fonte]

Foi estabelecido em 4 de julho de 2022 como uma coalizão de quinze organizações com o objetivo de expressar oposição ao envolvimento francês pela Operação Barkhane, que o grupo percebe como uma "presença militar francesa no Níger" e, portanto, a vê como uma forma de invasão.[3][4] Durante seus protestos, os participantes utilizaram as bandeiras da Rússia e do Níger como símbolos. A partir de 19 de setembro de 2022, os protestos persistiram e surgiram alguns slogans, como "A França é um Estado Nazista!", "O exército colonial (Barkhane) deve partir" e "Retire o exército colonial francês".[5] No decorrer desses protestos, muitos também usaram camisetas com o símbolo Z, utilizadas durante a invasão russa da Ucrânia.

O líder do movimento, Abdoulaye Seydou, foi preso pelo governo de Mohamed Bazoum em fevereiro de 2023 após uma entrevista acusando as forças armadas nigerinas de graves violações dos direitos humanos e condenado em abril de 2023 a nove meses de prisão e multa de 1.500 euros. [6][7] Outras fontes vinculam sua prisão a uma manifestação que ele organizou no final de 2022. [8]

Na mesma entrevista, Seydou negou qualquer vínculo com o governo russo, afirmando que "lutamos pela soberania do Níger, por isso não estamos com nenhum país colaborador estrangeiro",[6] e disse que os organizadores do protesto confiscaram bandeiras russas trazidas por manifestantes. Também descreveu Thomas Sankara como um "ídolo" por sua oposição ao neocolonialismo.[6]

Durante o golpe de Estado de 2023, o grupo marchou em apoio ao referido golpe. Numa marcha a pedido de Abdourahamane Tchiani, milhares de nigerinos golpistas reuniram-se na Praça da Concertação de Niamey, em frente à Assembleia Nacional, e dirigiram-se à Embaixada da França portando bandeiras nigerinas e russas, com slogans como "Abaixo a França, fora com a Barkhane, não nos importamos com a CEDEAO, a União Europeia e a União Africana!", "Prendam os ex-dignitários para devolver os milhões roubados" e "Abaixo a França, viva Putin!".[9][10][11] Os manifestantes também pediram uma intervenção imediata dos paramilitares russos do Grupo Wagner.[10] Durante a marcha, as entradas das embaixadas francesa e estadunidense foram fechadas.[9] As paredes e portões da embaixada francesa foram incendiados e danificados, enquanto soldados nigerinos e o general Salifou Modi foram vistos incitando a multidão a se dispersar pacificamente.[11]

Referências

  1. «Niger : qu'est-ce que le mouvement civil M62, qui a appelé à manifester ce dimanche ?». TF1 INFO. 30 de julho de 2023 
  2. «O país africano que virou campo de disputa entre Rússia e Ocidente». BBC. 1 de agosto de 2023 
  3. «Niger: Civil society protests against the French military presence.». La rédaction Afro impact. 4 de agosto de 2022 
  4. Mahamadou Abdoulkarim (19 de agosto de 2022). «Au Niger, un mouvement s'oppose à la présence de Barkhane». dw.com 
  5. «M62 affiliated protesters march against French military in Niger». VOA. 19 de setembro de 2022 
  6. a b c «Arrested M62 leader wants French military forces to leave Niger» (em inglês). The Irish Times. 16 de fevereiro de 2023 
  7. «Putschisten wollen nicht aufgeben» (em alemão). taz. 31 de julho de 2023. Cópia arquivada em 12 de agosto de 2023 
  8. Bastian Berbner, Peter Dausend, Issio Ehrich (2 de agosto de 2023). «Militärputsch im Niger: Mission gescheitert Seite 2/3: Viele Nigrer sind der Kooperation mit den USA und Europa überdrüssig» (em alemão). zeit.de 
  9. a b «Miles de personas participan en Niamey en una marcha en apoyo al golpe de Estado». infobae (em espanhol) 
  10. a b «Miles de nigerinos salen a las calles de Niamey para defender a los golpistas entre gritos a favor de Rusia». LA NACION (em espanhol). 30 de julho de 2023 
  11. a b «French embassy in Niger is attacked as protesters waving Russian flags march through capital». AP News (em inglês). 30 de julho de 2023