Movimento de Escritores Independentes de Pernambuco

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

O Movimento de Escritores Independentes de Pernambuco foi um movimento literário que reuniu novos poetas surgidos na década de 1980, na cidade do Recife.

Origens[editar | editar código-fonte]

O marco inicial do movimento é considerado o I Encontro Nacional de Escritores Independentes - ENEI, realizado em setembro de 1981, na Casa das Crianças de Olinda[1] ou, pelo menos, foi naquele momento que se oficializou [2]

Em meados da década anterior, havia surgido, no eixo Rio-São Paulo a chamada Geração Mimeógrafo, Poesia Marginal ou Geração Desbunde. Em certa medida, o Movimento de Escritores Independentes de Pernambuco foi sucedâneo, no Nordeste, dessa geração.

Integrantes[editar | editar código-fonte]

O grupo era formado quase na sua totalidade por poetas, que, além de inéditos, eram adolescentes ou muito jovens, nascidos na década de 1960 e que cresceram sob a ditadura militar.[3]

Fizeram parte do movimento, dos primeiros momentos até a segunda metade dos anos 80, Eduardo Martins, Francisco Espinhara, Cida Pedrosa, Fátima Ferreira, Héctor Pellizzi, Raimundo de Moraes, Dione Barreto, Manuzé, Marcilio Medeiros, Angela Fernanda Belfort, Mônica Franco, Manoel Constantino, Joaquim Cesário de Melo, Samuca Santos, Erickson Luna, Jorge Lopes, Don Antonio, Luis Carlos Monteiro, Wilson Freire, Aldo Gusmão, Laila Craveiro, Andréa Motta e Rossini Barreira. Os cinco primeiros nomes formaram o grupo de articulação mais coeso e são reconhecidos como aglutinadores do movimento.

Em outras cidades do Brasil, surgiram iniciativas semelhantes que utilizavam o nome de movimento de escritores independentes, Pernambuco foi o que viveu a experiência de forma mais intensa, tanto pelo número de escritores, quanto de eventos realizados.[4]

Formas de Intervenção[editar | editar código-fonte]

Não houve uma proposta estética explícita que deu coesão ao trabalho do conjunto desses poetas. Isto ficou patente desde o I Encontro Nacional, cujo resultado foi a aprovação de cinco itens, todos éticos e nenhum estético.[5]

No entanto, o traço comum era a forma de intervenção. Fugindo do modo burocrático de atuação e do patrimonialismo dos círculos literários tradicionais,[6] eles criaram as oportunidades de mostrar o seu trabalho e gerar uma agitação cultural nos espaços urbanos,[7] por meio da realização de recitais de poesia, organização de eventos, edição de jornais literários e dos próprios livros.

Os recitais aconteciam nas ruas e bares, locais onde comercializavam também os livros, a exemplo do Bar Casarão, do Beco da Fome, da Praça do Sebo (Rua da Roda), na Rua Sete de Setembro, especialmente em frente à livraria Livro 7 e das Lojas Americanas, no Recife,[8] do Bar Savoy e de bares localizados em Olinda[9]

Entre os primeiros jornais independentes, a maioria de periodicidade incerta, estavam o Poemar (mar. 1982), o Lítero-Pessimista (maio 1982) e o Vaga-Lume (dez. 1982).

Os livros, custeados pelos autores, eram editados de forma artesanal, utilizando-se mimeógrafo, xerox ou pequenas gráficas[10]

Incentivadores[editar | editar código-fonte]

O principal incentivador do movimento foi o jornalista e poeta Alberto da Cunha Melo, que publicou tais poetas em sua Coluna Suplemento Cultural, do Recife[11]

Desdobramentos[editar | editar código-fonte]

No ano 2000, Francisco Espinhara lançou o livro Movimento de Escritores Independentes de Pernambuco 1980/1988, obra dividida em verbetes, contendo fotos e antologia.

Referências

  1. MELO, Alberto da Cunha. Coluna Marco Zero. Continente Multicultural. Recife, edição n. 80, ago. 2007
  2. MORAES, Raimundo de. Interpoética. Recife, out. 2006. Eu fui quase independente
  3. CARPEGGIANI, Schneider. JC OnLine, Recife, 19 nov. 2000. A poesia que não admite qualquer tipo de aprisionamento Arquivado em 12 de julho de 2004, no Wayback Machine.
  4. SÁ, Xico apud CARPEGGIANI, Schneider. JC OnLine, Recife, 19 nov. 2000.A poesia que não admite qualquer tipo de aprisionamento Arquivado em 12 de julho de 2004, no Wayback Machine.
  5. MELO, Alberto da Cunha. Coluna Marco Zero. Continente Multicultural. Recife, edição n. 80, ago. 2007
  6. MEDEIROS, Marcilio. Vida Literária, 17 ago. 2008. E Fátima, onde anda?
  7. MEDEIROS, Marcilio. Vida Literária, 18 maio 2008. Independentes, marginais, alternativos
  8. Memorial Pernambuco.Movimento dos escritores independentes em Pernambuco 1981/82
  9. PEDROSA, Cida apud CARPEGGIANI, Schneider. JC OnLine, Recife, 19 nov. 2000. A poesia que não admite qualquer tipo de aprisionamento Arquivado em 12 de julho de 2004, no Wayback Machine.
  10. Don Antonio. Interpoética. Movimento dos escritores independentes em Pernambuco
  11. PEREIRA, Marcelo. União Brasileira de Escritores. São Paulo. Falecimento de Alberto da Cunha Melo

Outras referências[editar | editar código-fonte]

  • ESPINHARA, Francisco. Movimento dos escritores independentes de Pernambuco 1980-1988. Recife: CEPE, 2000.
  • JORNAL LÍTERO-PESSIMISTA. Recife: independente, n.1, maio 1982.
  • JORNAL POEMAR. Olinda: independente, n.1, mar.-abr. 1982.
  • JORNAL VAGA-LUME. Recife: independente, n.1, dez. 1982.