Mulheres em Timor-Leste

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Mulheres timorenses executando uma dança tradicional.

Entre as práticas tradicionais que desafiam o estatuto das mulheres em Timor-Leste estão a não capacidade jurídica de herdar imóveis próprios e a noção cultural que as mulheres normalmente devem dedicar-se às atividades do lar.[1][2]

Para além destes conceitos habituais, as mulheres timorenses também enfrentaram a violência doméstica. Casos de estupro e escravidão sexual foram alegadamente cometidos por milícias timorenses pró-integração durante a crise de setembro de 1999 em Timor-Leste.[1] Uma das organizações que promovem a capacitação e igualdade do género para as mulheres de Timor-Leste é o Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a mulher (UNIFEM).[2] Em 2010, foi aprovada uma lei que torna a violência doméstica um crime público, mas a prática continuou a prevalecer, no entanto. Num Inquérito Demográfico e de Saúde realizado entre 2009-10, mostrou que 36% das mulheres casadas relataram ter sofrido violência física, psicológica ou sexual por seu marido ou parceiro, mas apenas 24% relataram discutir este assunto com ninguém e apenas 4% responderam que procuraram a ajuda da polícia.[3] De acordo com a mesma pesquisa, 71% dos homens acreditam que a negligência nos cuidados das crianças justifica o marido agredir a esposa, enquanto 72% das mulheres acreditam que é justificado um marido bater na sua esposa se ela sair de casa sem informá-lo.[4]

De acordo com os ativistas das organizações não-governamentais, como a Assistência Jurídica para Mulheres e Crianças (em tétum: Asisténsia Legál ba Feto no Labarik; ALFeLa), a violência doméstica é bastante comum na sociedade timorense, sobretudo nas regiões rurais. Ela caracteriza-se, atualmente, no maior entrave jurídico e cultural para a garantia dos direitos das mulheres em Timor-Leste, mesmo registando-se os avanços jurídicos consideráveis nos últimos anos. A falta da representatividade política feminina também se constitui num dos maiores entraves para a emancipação da mulher, apesar de 38,5% dos parlamentares timorenses serem do sexo feminino, uma das mais altas taxas no Sudeste Asiático. Quando se trata do mercado de trabalho, cerca de 38,4% das mulheres na idade economicamente ativa estão inseridas nas atividades profissionais. No entanto, há ainda uma grande limitação nas funções trabalhistas e na remuneração advindas das atividades profissionais, com os homens a receber quase o dobro das mulheres quando se realiza uma função semelhante. No país, não há nenhum órgão a nível nacional que trate sobre as políticas para mulheres.[5]

Referências

  1. a b «Women's situation» (em inglês). onlinewomeninpolitics.org. Consultado em 11 de novembro de 2016 
  2. a b Crook, Matt (27 de julho de 2009). «Rights-East Timor: Women Learn the Political Ropes» (em inglês). Inter Press Service 
  3. «Breaking the cycle of domestic violence in Timor-Leste» (PDF). Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (em inglês). Organização das Nações Unidas. Outubro de 2013. Consultado em 11 de novembro de 2016 
  4. Hodal, Kate (24 de agosto de 2012). «Timor-Leste strives to overcome culture of domestic violence». The Guardian (em inglês) 
  5. Boulet, Stephanie (8 de novembro de 2013). «Domestic violence laws in East Timor failing to protect women, perpetrators often unpunished, NGOs say» (em inglês). Australian Broadcasting Corporation 
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