Nono Cerco de Gibraltar

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Nono Cerco de Gibraltar
Data 1466-1467
Local Gibraltar
Desfecho Vitória de João Afonso
Beligerantes
Coroa de Castela Coroa de Castela
Comandantes
João Afonso Estêvão de Vilhacreces

O Nono Cerco de Gibraltar foi um cerco de quinze meses à cidade de Gibraltar que durou de 1466 até 1467. O cerco foi conduzido por João Afonso, e resultou na aquisição da cidade,[1] então pertencente à Coroa de Castela. Ao contrário de outros cercos de Gibraltar, que foram o resultado de confrontos entre diferentes potências, esta foi uma luta puramente interna entre facções rivais castelhanas.

Antecedentes[editar | editar código-fonte]

Em 1462, Afonso de Arcos, alcaide (governador militar) de Tarifa, Rodrigo Ponce de Leão, filho e herdeiro do conde de Arcos, e João Afonso, duque de Medina Sidônia, atacaram e assumiram o controle da cidade de Gibraltar no Oitavo Cerco de Gibraltar. Gibraltar pertencia então ao Reino Nacérida de Granada e com esta aquisição, Gibraltar não estava mais nas mãos dos muçulmanos. Ao chegar na cidade, as forças de Afonso tentaram invadi-la, mas os soldados nacéridas estacionados na guarnição foram capazes de conter suas tropas. No meio da decisão sobre a próxima tentativa, Afonso recebeu uma mensagem da guarnição solicitando que os soldados pudessem evacuar pacificamente a guarnição com seus pertences, entregando-a.[2]

Rodrigo Ponce de Leão, filho do segundo conde de Arcos, suserano de Afonso, chegou enquanto Afonso evitava uma resposta direta ao pedido da guarnição. Rodrigo fez o mesmo para esperar até que João Afonso chegasse, mas apressou-se para tomar o controle dos portões da cidade enquanto isso.[3] Ao chegar, João ficou chateado com Rodrigo, já que queria ser o único a reivindicar Gibraltar. Porém, Rodrigo também queria a honra de fazê-lo e, após uma longa briga, decidiram os dois que colocariam suas bandeiras ao mesmo tempo[4] (havia uma forte rivalidade entre as casas dos Arcos e Medina Sidônia, duas das famílias nobres mais poderosas na Andaluzia da época). Henrique IV de Castela aceitou a reivindicação, nomeando-se "Rei de Gibraltar"[5] e dando o controle da cidade ao governador Pedro de Porras.[6]

Vários anos depois, Beltrán de la Cueva, sendo um dos favoritos de Henrique IV, foi nomeado governador de Gibraltar. Foi logo depois que a Guerra de Sucessão de Castela começou entre Henrique IV e seu irmão Afonso, com Beltrán dando seu apoio a Henrique. João Afonso se aproximou de Afonso a fim de obter um acordo de que, se ficasse do lado de Afonso contra o rei, receberia "o senhorio de Gibraltar, cidade e fortaleza". O negócio foi fechado e foi por este motivo que João Afonso procurou recuperar Gibraltar em abril de 1466 e deu início ao Nono Cerco de Gibraltar.[7]

Cerco[editar | editar código-fonte]

O cerco começou, para surpresa de Estêvão de Vilhacreces, o tenente de De la Cueva e atual defensor da guarnição de Gibraltar, com um ataque frontal no meio do dia. Estêvão enviou mensagens para Beltrán e Henrique IV, solicitando ajuda para apoiar a guarnição, mas não puderam desviar nenhuma tropa ou suprimentos à cidade. Em vez disso, Estêvão começou a reunir alimentos, armas e soldados do povo de Gibraltar para ajudar a resistir ao ataque. João Afonso, no entanto, já havia quebrado as muralhas da cidade naquela época e Estêvão foi forçado a recuar com suas tropas para o fortemente fortificado Castelo Mourisco, dando a João Afonso o controle da cidade como um todo.[7]

Embora Estêvão tivesse provisões suficientes por um tempo e armas suficientes para conter ataques diretos, também confiou no envio de reforços de Beltrán ou Henrique IV para que a cidade pudesse ser retomada. João Afonso, no entanto, usou suas tropas e armamentos para atacar continuamente a guarnição, cujo cerco durou dezesseis meses. Durante o cerco, obteve mais tropas e armas e encarregou seu filho, Henrique de Gusmão, de continuar o assalto. O novo suprimento de munição incluía vários canhões que foram usados ​​por Henrique para romper vários muros da guarnição. Os soldados de Estêvão tentaram cobrir os buracos por um tempo, mas um grande ataque acabou forçando Estêvão e seus homens a recuar à câmara mais interna da guarnição. Esta área foi mantida por mais cinco meses, mesmo enquanto os suprimentos de comida acabavam e forçavam os homens a comer a pequena quantidade de plantas comestíveis que cresciam nas paredes internas e o couro de suas roupas.[8] Mas, depois que vários de seus homens desertaram para o lado de Henrique, Estêvão acabou se rendendo em junho de 1467 e a guarnição foi tomada.[7]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. Finlayson 2006, p. 17.
  2. Stephens 1873, p. 176.
  3. Stephens 1873, p. 177.
  4. Stephens 1873, p. 178.
  5. Martin 1850s, p. 87.
  6. Martin 1837, p. 34.
  7. a b c Mann 1873, p. 195-203.
  8. Sayer 1865, p. 71-73.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Finlayson, Clive; Fa, Darren (2006). The Fortifications of Gibraltar 1068-1945. Oxônia: Osprey Publishing. ISBN 9781846030161 
  • Mann, J. H. (1873). A history of Gibraltar and its sieges. Londres: Provost 
  • Martin, Robert Montgomery (1837). History of the British possessions in the Mediterranean: comprising Gibraltar, Malta, Gozo, and the Ionian islands. Londres: Whittaker & co 
  • Martin, Robert Montgomery (1850s). The British colonies: their history, extent, condition and resources. Londres: The London Printing and Pub. Co. 
  • Sayer, Frederick (1865). The history of Gibraltar and of its political relation to events in Europe. Londres: Chapman and Hall 
  • Stephens, F. G. (1873). A History of Gibraltar and Its Sieges. Londres: Provost