Nova História do Cinema Brasileiro
Nova História do Cinema Brasileiro | |
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Autor | Fernão Pessoa Ramos; Sheila Schvarzman (orgs.) |
Título original | Brasil |
País | Brasil |
Idioma | português |
Gênero | ensaio |
Data de publicação | 2018 |
Editora | Edições Sesc São Paulo |
Número de páginas | 1128 |
ISBN | 9788594930835 9788594930842 |
Nova História do Cinema Brasileiro é um livro de 25 ensaios, divididos em dois volumes, que traça um panorama cronológico do cinema no Brasil desde o final do século XIX, quando ocorreu a primeira filmagem no país,[1] até 2016, com textos sobre o cinema autoral, o cinema de bilheteria e a inovação no gênero documentário, com especial descrição e análise da obra de Eduardo Coutinho.[1]
Em 1987, Fernão Ramos publicou História do Cinema Brasileiro,[2] pela Círculo do Livro, em quinhentas páginas,[3] reeditado algumas vezes, mas que está esgotado desde a década de 1990.[4] Desde então, planejava uma obra mais abrangente, que se tornou possível com a parceria estabelecida com Sheila Schvarzman.[1] Assim, Nova História do Cinema Brasileiro atualiza o desenvolvimento do cinema brasileiro ao longo de mais de três décadas e acrescenta atores e cineastas esquecidos na cinematografia nacional[5] como as mulheres, os negros, e os indígenas. O que permite conhecer os trabalhos de cineastas como, por exemplo, Gilda de Abreu, Helena Solberg, Helena Ignez e da produtora Aurora Duarte.[1]
O primeiro volume, dividido em três partes, trata do cinema realizado e exibido no país de 1895 até os anos 1950. Na primeira parte, aborda o cinema produzido de 1895 a 1935 no Rio de Janeiro, no Rio Grande do Sul, em Pernambuco, em Minas Gerais, em São Paulo e na região amazônica. Na segunda parte, além do início do cinema sonoro, versa sobre a produção carioca, os filmes autorais e as chanchadas, das décadas de 1930 a 1950, e da produção paulista – de estúdio e independente. Na terceira parte, recupera o percurso do Instituto Nacional de Cinema Educativo (INCE) na realização dos filmes, nas políticas de Estado durante a Era Vargas e a Guerra Fria assim a intervenção norte-americana na entidade e no cinema educativo brasileiro.
O segundo volume, dividido em quatro partes, abrange o período de 1955 até 2016. Na primeira parte, que abrange o período de 1955 a 1980, discorre sobre a estética do Cinema Novo, do Cinema Marginal, o cinema brasileiro produzido nas décadas de 1970 e de 1980, o cinema experimental e a importância de Nelson Pereira dos Santos para a organização dos cineastas e para a experimentação estética. Na segunda parte, discute a atuação e o impacto da Embrafilme, durante os seus 21 anos de existência, na produção e na distribuição do cinema brasileiro assim como examina a produção do Beco do Lixo e do Beco da Cinelândia. Na terceira parte, que cobre o período de 1985 a 2003, discute os motivos e as condições que levaram o cinema brasileiro à uma grande crise no final dos anos 1980 até o início dos anos 1990 e analisa a produção dessa época marcada pela nova sensibilidade estética chamada de pós-modernista. Além disso, aborda o período da Retomada do cinema brasileiro, nos anos 1990, analisando os gêneros cinematográficos e as produções que marcaram esse importante momento. Na quarta parte, que se estende de 2000 a 2016, cobre o documentário contemporâneo e suas fases, o cinema brasileiro de grande bilheteria, seu contexto e seus gêneros e, por fim, o novo cinema autoral.
Dessa forma, os textos revisam e comentam momentos importantes da historiografia do cinema brasileiro: o início do cinema silencioso, a chanchada, o cinema industrial paulista - produzido por companhias cinematográficas como a Vera Cruz e a Maristela – o Cinema Novo, o Cinema Marginal, a crise com o desmanche da era Collor, a Retomada e a fase dos anos 2000,[6] que se destaca pelos diversos formatos e múltiplas expressões.
Um ponto que diferencia este livro são os autores abordarem não apenas os movimentos, mas também os diretores, os filmes, os outros agentes do cinema e a circulação crítica das obras, o que permite contextualizar o ambiente e a relação com a produção nos períodos abordados.[7]
Oricchio aponta que as considerações sobre a aproximação do crítico Paulo Emilio Sales Gomes com o Cinema Marginal “pela valorização do exagero e do escracho”[5] podem dar lugar a discussões interessantes, uma vez que ele não deixou nenhum texto fundamental sobre os filmes mais importantes do movimento.[5]
Freire Ramos, por sua vez, aponta que, no lugar de matizar o panorama da rica produção de filmes do Cinema Marginal e do Cinema Novo, este livro reforçaria a interpretação dominante ao marcar apenas as diferenças entre as propostas cinematográficas.d[8] Para este crítico, há vários pontos de contato entre os dois: a temática terceiro-mundista, opção pelas formas alegóricas, mas principalmente a “crítica à modernização conservadora imposta pelos governos militares”[8] entre o final da década de 1960 e o início da década de 1970.
Furtado nota que este livro traça com vigor um panorama histórico das políticas governamentais para a indústria cinematográfica ao delinear o papel exercido pelo governo federal e pelos governos locais no fomento à produção audiovisual, o que se observa desde a gestão do INCE, passando pela Embrafilme até a Ancine, mas que haveria uma lacuna a ser preenchida: formular e explicitar como os governos se articulam ideologicamente diante do audiovisual.[9]
Ver também[editar | editar código-fonte]
Referências[editar | editar código-fonte]
- ↑ a b c d HADDAD, Naief (9 de outubro de 2018). «Nova História do Cinema Brasileiro aborda desde os primórdios até produção contemporânea.». Folha de S.Paulo. Consultado em 3 de maio de 2021
- ↑ ORICCHIO, Luis Zanin (3 de novembro de 2018). «Livro atualiza a história do cinema brasileiro dos primórdios à atualidade - Aliás». Estadão. O Estado de S. Paulo. Consultado em 5 de maio de 2021
- ↑ FRANÇA, Valéria (3 de abril de 2019). «Uma obra para cinéfilos». revistapesquisa.fapesp.br. Revista Pesquisa Fapesp. Consultado em 5 de maio de 2021
- ↑ HADDAD, Naief (9 de outubro de 2018). «Nova História do Cinema Brasileiro Aborda desde os primórdios até produção contemporânea». Folha de S.Paulo. Consultado em 3 de maio de 2021
- ↑ a b c ORICCHIO, Luís Zanin (3 de novembro de 2018). «Livro atualiza a história do cinema brasileiro dos primórdios à atualidade - Aliás». Estadão. Consultado em 5 de maio de 2021
- ↑ ORICCHIO, Luís Zanin (3 de novembro de 2018). «Livro atualiza a história do cinema brasileiro dos primórdios à atualidade - Aliás». Estadão. Consultado em 5 de maio de 2021
- ↑ Sousa, Eduardo Paschoal de; Sousa, Eduardo Paschoal de (2 de agosto de 2019). «Caminhos de um cinema brasileiro». Galáxia (São Paulo) (41): 187–191. ISSN 1982-2553. doi:10.1590/1982-25542019240724. Consultado em 5 de maio de 2021
- ↑ a b FREIRE RAMOS, Alcides (23 de dezembro de 2020). «Revisitando delimitações historiográficas cristalizadas na História do Cinema Brasileiro:». Fênix - Revista de História e Estudos Culturais (2): 401–411. ISSN 1807-6971. doi:10.35355/revistafenix.v17i17.958. Consultado em 5 de maio de 2021
- ↑ FURTADO, Filipe (23 de agosto de 2019). «Nova História do Cinema Brasileiro (org. Fernão Ramos e Sheila Schvarzman)». Anotacões de um Cinéfilo. Consultado em 5 de maio de 2021