O Fatalista

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O Fatalista
O Fatalista
Cartaz original do filme.
Portugal Portugal /  França
2005 •  cor •  99 min 
Género filme de drama sátira
Direção João Botelho
Produção Paulo Branco
Coprodução Madragoa Filmes e Gemini Filmes
Roteiro João Botelho

Denis Diderot

Baseado em Jacques le Fataliste et son maître, de Denis Diderot
Elenco Rogério Samora
André Gomes
Música Lhasa de Sela
Lançamento 8 de Dezembro de 2005
Idioma português

O Fatalista é um filme de dramédia luso-francês de 2005, realizado e adaptado por João Botelho, a partir da obra Jacques, Le Fataliste, de Denis Diderot.[1] A longa-metragem é protagonizada por Rogério Samora e André Gomes, interpretando um motorista e seu patrão, que contam e ouvem histórias repletas de considerações filosóficas e recordações sexuais ao longo das suas viagens.[2]

O filme fez parte da seleção oficial do Festival de Veneza, onde estreou a 7 de setembro de 2005. Em Portugal, foi lançado comercialmente a 1 de dezembro de 2005[3], e em França a 5 de abril de 2006.

Sinopse[editar | editar código-fonte]

«Tudo o que de bem ou de mal nos acontece "cá em baixo", está escrito "lá em cima". É a frase preferida de Tiago (tradução de Jaques, porque vem dos santos), motorista de condição, para justificar todas as suas surpreendentes acções, quando através de um estranho Portugal conduz o seu patrão na delirante e interminável história dos seus amores.[4]

Narrativas múltiplas para aventuras desconcertantes, sexo e poder à flor da pele e na parte mais obscura dos cérebros, poder e saber em guerra desenfreada, a luta de classes como motor do mundo e a revelação do comportamento dos homens e das mulheres e da consequência das suas acções». (Cit: ficha do produtor).

Elenco[editar | editar código-fonte]

Equipa técnica[editar | editar código-fonte]

  • Realizador: João Botelho[8]
  • Assistentes de realização: João Pinhão e José Maria Vaz da Silva
  • Diretora de produção: Diana Coelho
  • Cinematografia: Edmundo Diaz[9]
  • Figurinos: Isabel Branco
  • Som: Pedro Melo
  • Mistura de som: Branko Neskov
  • MontagemRenata Sancho
  • Montagem de som: Miguel Martins
  • ProdutorPaulo Branco



Música[editar | editar código-fonte]

Produção[editar | editar código-fonte]

Com produção de Paulo Branco para a companhia francesa Gémini Filmes e portuguesa Madragoa Filmes, O Fatalista contou com o apoio financeiro do Institudo do Cinema Audiovisual e Multimédia e da RTP.[10] João Botelho realizou o filme a partir de um argumento da sua autoria, adaptando o romance póstumo Jacques le Fataliste et son maître de Denis Diderot.[11]

Ao longo da produção da longa-metragem, a colaboração entre realizador e produtor não foi sempre pacífica. Botelho relatou um conflito, inicialmente por Branco querer impor indiscriminadamente as mesmas equipas técnicas de Manoel de Oliveira e Pedro Costa e durante a rodagem por, alegadamente, ter ditado o fim das gravações depois de seis semanas e meia, em vez das nove semanas inicialmente estipuladas.[12]

Temas e estilo[editar | editar código-fonte]

O Fatalista é uma farsa de constante sátira e uma análise da atração entre os sexos. Mergulhando muitas vezes no absurdo e no surrealismo de Buñuel-Fellini, Botelho capta o fluxo permanente do diálogo. Tal diálogo assume uma componente artificial, uma vez que, a exemplo do que fez em Quem És Tu?, Botelho enfatiza os elementos teatrais e revela claras influências de Manoel de Oliveira.[13]

De acordo com o realizador "O nosso cinema tem muita marca poética, mais do que de prosa, portanto menos narrativa e mais contemplação." Estas característica pronunciam-se desde a sua primeira longa-metragem, Conversa Acabada, e são exploradas em O Fatalista numa expressão mais satírica.[14]

Distribuição[editar | editar código-fonte]

A apresentação do filme decorreu a 7 de setembro, na edição de 2005 do Festival Internacional de Cinema de Veneza, onde O Fatalista integrou a Seleção Oficial. A longa metragem foi lançada comercialmente em Portugal a 1 de dezembro de 2005, onde estreou no Cinema King (Lisboa).[15] Distribuída pela Gemini Filmes, foi lançada comercialmente em França a 5 de abril de 2006.

O Fatalista foi editado em DVD pela Leopardo filmes a dezembro de 2005.[16] Em 2006, a Atalanta editou uma nova versão do DVD, integrando um Making of (20 mn), entrevista João Botelho e outros conteúdos.[17]

A 4 de outubro de 2020, o filme foi transmitido na RTP2, data a partir da qual ficou disponível na plataforma de streaming RTP Play.[18]

Festivais[editar | editar código-fonte]

Segue-se uma lista dos principais festivais para os quais O Fatalista foi selecionado:

Receção[editar | editar código-fonte]

Crítica[editar | editar código-fonte]

De maneira geral, a crítica especializada teceu críticas medianas ou negativas quanto a O Fatalista. Jay Weissberg (Variety) escreve que esta adaptação da obra de Denis Diderot poderia ser melhor conseguida nas mãos de um realizador com outras características: "O Fatalista clama por um Buñuel que possa moldar metáforas filosóficas em celulóide lancinante e divertida, em vez de um Botelho que retira o conteúdo cinematográfico da chuva constante de epigramas".[13] Com uma opinião semelhante, Pedro Mexia (Diário de Notícias) defende os diálogos do argumento são "imbuídos de um humor que se pretende socialmente crítico mas que é apenas revisteiro.[2]

Numa crítica mais positiva, Luís Miguel Oliveira (Público) compara positivamente o filme com a anterior obra do realizador, A Mulher que Acreditava ser Presidente dos Estados Unidos da América: "O Fatalista traz-nos um João Botelho em recuperação de forma".[22] Também Fabien Lemercier é mais elogioso, destacando a competência do realizador para a filmagem da natureza, acrescentando que "este grande poder de sugestão de fundo é um acompanhamento ideal, como uma embriaguez insidiosa, para as divagações verbais e imaginárias que povoam este filme inegavelmente original".[10]

Referências

  1. «O Fatalista E assim João Botelho anuncia Diderot». PÚBLICO. Consultado em 26 de dezembro de 2020 
  2. a b «Botelho e a comédia fatal como o destino - DN». www.dn.pt. Consultado em 26 de dezembro de 2020 
  3. Público. «O Fatalista». Cinecartaz. Consultado em 26 de dezembro de 2020 
  4. Portugal, Rádio e Televisão de. «O Fatalista - Filmes - RTP». www.rtp.pt. Consultado em 26 de dezembro de 2020 
  5. «O Fatalista (2005)». en.unifrance.org (em inglês). Consultado em 26 de dezembro de 2020 
  6. «O fatalista». KINO (em alemão). Consultado em 26 de dezembro de 2020 
  7. «Escutas na abertura do filme de Botelho». www.cmjornal.pt. Consultado em 26 de dezembro de 2020 
  8. O Fatalista (2005) (em espanhol), consultado em 26 de dezembro de 2020 
  9. a b LEFFEST. «O Fatalista / Filmes // LEFFEST'20 - Lisbon & Sintra Film Festival - 13 a 25 de Novembro 2020». LEFFEST'20 - Lisbon & Sintra Film Festival - 13 a 25 de Novembro 2020. Consultado em 26 de dezembro de 2020 
  10. a b «O Fatalista : the libertarian philosophy of Botelho». Cineuropa - the best of european cinema (em inglês). Consultado em 26 de dezembro de 2020 
  11. cinematográfica, Leopardo Filmes-Produção e distribuição. «O Fatalista». Leopardo Filmes - Produção e distribuição cinematográfica. Consultado em 26 de dezembro de 2020 
  12. «João Botelho: 'Não tenho certezas, só dúvidas'». Jornal SOL. Consultado em 26 de dezembro de 2020 
  13. a b Weissberg, Jay; Weissberg, Jay (13 de setembro de 2005). «The Fatalist». Variety (em inglês). Consultado em 26 de dezembro de 2020 
  14. «Folha de S.Paulo - "O Fatalista": Botelho explica "marca poética" portuguesa - 31/10/2005». www1.folha.uol.com.br. Consultado em 26 de dezembro de 2020 
  15. «Ano louco do cinema luso». www.cmjornal.pt. Consultado em 26 de dezembro de 2020 
  16. cinematográfica, Leopardo Filmes-Produção e distribuição. «O Fatalista». Leopardo Filmes - Produção e distribuição cinematográfica. Consultado em 26 de dezembro de 2020 
  17. «O Fatalista». FNAC 
  18. Público. «Fique a ver televisão». Guia do Lazer. Consultado em 26 de dezembro de 2020 
  19. Indiewire; Indiewire (29 de julho de 2005). «With A Record Eleven U.S. Titles, Venice Fest Sets 2005 Lineup». IndieWire (em inglês). Consultado em 26 de dezembro de 2020 
  20. «João Botelho - Cinema e Artes Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias». cinemaeartes.ulusofona.pt. Consultado em 26 de dezembro de 2020 
  21. «43ª Mostra Internacional de Cinema - Filme - O Fatalista». 43.mostra.org. Consultado em 26 de dezembro de 2020 
  22. Oliveira, Luís Miguel. «O fatalista lá e cima, cá em baixo». PÚBLICO. Consultado em 26 de dezembro de 2020 

Ver também[editar | editar código-fonte]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]