O mundo encantado de Monteiro Lobato

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O mundo encantado de Monteiro Lobato foi o enredo apresentado pela Estação Primeira de Mangueira no desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro de 1967. A escola, a nona a desfilar no dia 5 de fevereiro, foi campeã do carnaval carioca pela décima vez[1][2].

O desfile[editar | editar código-fonte]

Foi a primeira vez que uma escola de samba apresentou um enredo baseado na literatura infantil brasileira[3]. A Mangueira vinha de Exaltação a Villa-Lobos, que lhe rendera o vice-campeonato em 1966, e assim consolidava uma tendência de desfiles homenageando grandes personalidades da cultura brasileira, que se manteria nas décadas seguintes[4].

A Mangueira só entrou na avenida às 10h da manhã de segunda-feira. A passista Gigi da Mangueira retornava depois de seis anos de ausência. Acompanhada por Mussum, ela desfilou à frente dos ritmistas, num tempo em que ainda não havia "rainhas de bateria"[5]. Com uma apresentação contagiante, a escola foi aclamada pelo público, aos gritos de "já ganhou"[6].

Samba-enredo[editar | editar código-fonte]

O samba foi composto por Luiz, Batista da Mangueira e Darcy da Mangueira, e interpretado na passarela por Jamelão. Darcy conta que ele e seus parceiros refizeram o samba mais de 30 vezes antes de atingir um resultado que considerassem satisfatório. Taxista, ele um dia estava indo de ônibus da Vila Kennedy até o Centro, para pegar o táxi em que trabalhava. Ao ver o pôr-do-sol na Avenida Brasil, teve a inspiração para o que se tornaria o verso inicial: Quando uma luz divinal iluminou a imaginação de um escritor genial[7][8].

A cantora Eliana Pittman, que naquele ano assistiu pela primeira vez a um desfile, ficou empolgada com o samba e resolveu gravá-lo no seu LP É Preciso Cantar, lançado ainda em 1967[9]. Foi a primeira vez que um samba-enredo foi gravado, e o sucesso motivou as escolas a lançarem, no fim daquele ano, o primeiro LP com os sambas a serem apresentados no desfile do ano seguinte[10].

Gravações[editar | editar código-fonte]

Ano Artista Álbum
1967 Eliana Pittman É Preciso Cantar
1967 Elza Soares O Máximo em Samba[11]
1993 Beth Carvalho Estação Primeira de Mangueira (Coletânea da Sony Music)
2006 Mestre Marçal Sambas-Enredo de Todos os Tempos[9]

Resultado[editar | editar código-fonte]

Na apuração, a Mangueira ficou em primeiro lugar no Grupo 1 (hoje, Grupo Especial), somando 113 pontos, quatro a mais que Império Serrano, com São Paulo, chapadão de glórias, e Salgueiro, com História da liberdade no Brasil[12].

Ficha técnica[editar | editar código-fonte]

  • Enredo: Julinho
  • Carnavalesco: Julinho
  • Presidente: Juvenal Lopes
  • Contingente: 4.500 componentes em 63 alas
  • Diretor de bateria: Waldomiro
  • Ritmistas: 250
  • 1º casal de mestre-sala e porta-bandeira: Neide e Delegado.[1]

Referências

  1. a b Mangueira - 1967. Galeria do Samba
  2. DINIZ, André. Almanaque do samba: A história do samba, o que ouvir, o que ler, onde curtir. Zahar, 2006. P. 109
  3. SOARES, Leonardo Francisco. Uma delirante confusão fabulística: a literatura infantil “sacode” a Marquês de Sapucaí. Anais do CENA. Volume 1, Número 1. Uberlândia: EDUFU, 2013. P. 160
  4. FABATO, Fábio. [As matriarcas da avenida: Quatro grandes escolas que revolucionaram o maior show da Terra]. Novaterra Editora, 2019
  5. BARRETO, Juliano. Mussum forévis samba, mé e Trapalhões. Leya, 2014
  6. Cria da Mangueira, Elmo José dos Santos elege o carnaval de 1967 como o momento inesquecível. SRZD, 20 de novembro de 2010
  7. A História e as histórias das Escolas de Samba - Capítulo 6. Academia do samba
  8. Show de Darcy da Mangueira em Campinas. ClickNotícias
  9. a b O mundo encantado de Monteiro Lobato. A Canção Contada
  10. Os sambas de 1968. SambaRio
  11. Elza Soares - O Máximo em Samba. Discografias
  12. Galeria do Samba. «Carnaval de 1967 - Resultado»