Oeste Baiano

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Mapa da Bahia, com o Oeste Baiano destacado em vermelho.

O Oeste Baiano é uma região geográfica e econômica do estado da Bahia, sendo o território baiano localizado à margem esquerda do Rio São Francisco.

Municípios[editar | editar código-fonte]

O Oeste Baiano é constituído dos seguintes municípios pertencentes aos seguintes territórios de identidade (TIs) baianos:[1][2]

História[editar | editar código-fonte]

O Oeste Baiano teve como primeiros habitantes diversos povos indígenas, como tupinambás, tamoios, cataguás, xacriabás, aricobés, tupinas, ocrens e tabajaras.[3]

A região conhecida como sertões do Além São Francisco (atual Oeste Baiano) foi colonizada em meados do século XVII, por meio de vaqueiros baianos, rendeiros da Casa da Torre e da Casa da Ponte. A partir do Oeste Baiano, a pecuária avançou em direção ao Piauí. Além da pecuária, a presença colonizadora na região também se fez pela fundação de missões, como a de Aricobé (atualmente em Angical), fundada pelos capuchinhos em 1739.[3]

Em 1698, uma Carta Régia do então rei de Portugal D. Pedro II oficializou os três primeiros povoados na região que hoje é o Oeste Baiano: Barra, Santa Rita (atual Santa Rita de Cássia) e Campo Largo (atual Taguá, Cotegipe).[3]

Por questões estratégicas à Coroa Portuguesa, em 1715 os sertões do Além São Francisco passaram da Capitania da Bahia para a de Pernambuco.[3]

Com a mudança do eixo econômico do Brasil para o Sudeste e a transferência da capital brasileira para o Rio de Janeiro em 1763, os sertões do Além São Francisco ficaram cada vez mais isolados. Nessa época, além da pecuária, começava a ganhar destaque na economia dessa região sertaneja a mineração de sal.[3]

A primeira vila do Oeste Baiano foi Barra do Rio Grande (atual Barra), criada em 1752. Dela, se originaram a grande maioria dos municípios da região.[3][4]

Em 1820, foi criada a Comarca do São Francisco, que abrangia toda a região que hoje é o Oeste Baiano. Quatro anos depois, por meio de decreto imperial de 7 de julho de 1824, como punição a Pernambuco por sua participação na Confederação do Equador, essa comarca passou para a jurisdição de Minas Gerais. Finalmente, um decreto imperial de 15 de outubro de 1827 transferiu a Comarca do São Francisco para a Bahia.[3]

No final do século XIX, ganhou destaque, na região de Barreiras, a extração de borracha de mangabeira, tornando-se uma das bases da economia local.[3]

A partir da década de 1930, foram construídas rodovias ligando o Oeste Baiano ao resto do Brasil, rompendo o seu relativo isolamento, e a construção dessas vias ganhou impulso com a construção de Brasília. A navegação, principal forma de transporte da região com o restante do país, foi perdendo força.[3][5]

Na década de 1970, com a construção da Usina de Sobradinho e o consequente surgimento do lago artificial, as sedes municipais de Casa Nova, Remanso e Pilão Arcado tiveram que ser deslocadas.[5]

A partir da década de 1980, houve um avanço do agronegócio, sobretudo do cultivo de soja, na região do Oeste Baiano, parte integrante do MATOPIBA, trazendo desenvolvimento econômico a essa parte da Bahia. Por outro lado, isso tem gerado na região do MATOPIBA um grande desmate, fazendo dessa área um dos motores do desmatamento no Brasil, e expulsão de povos tradicionais.[5][6]

Geografia[editar | editar código-fonte]

Amostra do Cerrado no Oeste Baiano.

O Oeste Baiano possui uma área territorial de 171.064 km².

Em relevo, o Oeste Baiano está dividido entre o Chapadão Ocidental do São Francisco e a Depressão Sertaneja-São Francisco.[7]

A vegetação predominante na região é o Cerrado, embora a Caatinga seja dominante nas regiões próximas ao Rio São Francisco e haja ilhas de Mata Atlântica. No entanto, a vegetação dessa área já está bastante degradada, devido predominantemente ao agronegócio.[1][8]

O clima predominante no Oeste Baiano é o tropical semiúmido, embora também seja possível encontrar o clima tropical semiárido.[1]

Demografia[editar | editar código-fonte]

Barreiras, a cidade mais populosa do Oeste Baiano.

Segundo o censo de 2022, o Oeste Baiano possui uma população de 998.259 habitantes, correspondendo a 7,1% da população do estado. A densidade demográfica dessa região é de 5,84 hab./km², o que corresponde a menos de um quarto da densidade demográfica baiana.

Etnicamente, a maioria da população do Oeste Baiano é mestiça entre europeus e indígenas ou mestiça entre europeus, indígenas e africanos. A presença do escravo africano na região varia conforme a área, estando bastante presente em regiões próximas ao São Francisco e menos presente nas regiões do Oeste Baiano fora do Vale do São Francisco. No Oeste Baiano há, também, a presença de migrantes oriundos do Sul do Brasil, os quais chegaram a essa área junto com o agronegócio.[3][5]

Ainda segundo o Censo 2022, os municípios mais populosos da região são Barreiras (159.743), Luís Eduardo Magalhães (107.909) e Casa Nova (72.085).[9]

Economia[editar | editar código-fonte]

Imagem de satélite mostrando áreas agrícolas no Oeste Baiano.

Em 2020, o PIB do Oeste Baiano era de R$ 33 bilhões, o que correspondia a 10,8% do PIB estadual.

A base da economia da região é o agronegócio.

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. a b c Rebouças, Fádia dos Reis; Barbosa, Merissa Andrade Leite; Giudice, Dante Severo. «Análise da criação do Estado do Rio São Francisco sob a caracterização socioeconômica da região Oeste do Estado da Bahia» (PDF). Consultado em 3 de janeiro de 2024 
  2. «Divisão Territorial da Bahia». Secretaria de Cultura do Estado da Bahia. Consultado em 3 de janeiro de 2024 
  3. a b c d e f g h i j Proposta político-pedagógica institucional (PDF). Barreiras: UFOB. 2014. pp. 13–31 
  4. «Barra (BA) - histórico». IBGE Cidades. Consultado em 3 de janeiro de 2024 
  5. a b c d Brandão, Paulo Roberto Baqueiro (19 de julho de 2010). «A formação territorial do Oeste Baiano: a constituição do "Além São Francisco" (1827-1985)». GeoTextos. 6 (1): 35-50. ISSN 1984-5537. doi:10.9771/1984-5537geo.v6i1.4304 
  6. Madeiro, Carlos (13 de agosto de 2022). «Matopiba: Nova fronteira agro do país lidera em desmate e expulsa moradores». UOL Notícias. Consultado em 3 de janeiro de 2024 
  7. «Mapa: Relevo - Estado da Bahia» (PDF). SEI-BA. Consultado em 3 de janeiro de 2024 
  8. Proposta político-pedagógica institucional (PDF). Barreiras: UFOB. 2014. pp. 34–44 
  9. Bartolo, Ana Beatriz (28 de junho de 2023). «As cidades mais populosas da Bahia, segundo Censo 2022». Valor Econômico. Consultado em 3 de janeiro de 2024