Ofensiva de Garamba em 2008–2009

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Ofensiva de Garamba em 2008–2009
Data 14 de dezembro de 2008 - 15 de março de 2009
Local Nordeste da República Democrática do Congo
Beligerantes
 Uganda
Sudão do Sul Sul do Sudão
 República Democrática do Congo
Lord's Resistance Army
Comandantes
Uganda Yoweri Museveni Joseph Kony
Baixas
Desconhecido Estimativa 146+ rebeldes mortos[1]

A ofensiva de Garamba de 2008–2009 (codinome Operação Lightning Thunder[1]) começou em 14 de dezembro de 2008, quando forças conjuntas de Uganda, da República Democrática do Congo e do Sul do Sudão lançaram um ataque militar falhado [2][3] contra o Exército de Resistência do Senhor na região de Garamba, na República Democrática do Congo.[4]

Antecedentes[editar | editar código-fonte]

Em junho de 2008, depois que o Exército de Resistência do Senhor atacou e matou 23 pessoas no Sul do Sudão, incluindo catorze soldados, um porta-voz militar ugandense afirmou que Uganda, República Democrática do Congo e Sudão lançariam uma ofensiva conjunta contra o Exército de Resistência do Senhor caso seu líder, Joseph Kony, não assumisse o compromisso com as negociações de paz de Juba. Simultaneamente, o ministro da Informação do Sudão do Sul, Gabriel Changson, declarou que "o Exército de Resistência do Senhor iniciou a guerra" e que "o Sul do Sudão não será o lugar onde eles poderão travar esta guerra". [5] No mesmo mês, diplomatas relataram que o Exército de Resistência do Senhor havia adquirido novas armas e estava recrutando novos soldados à força, acrescentando 1.000 recrutas aos 600 soldados que já possuía.[6]

Uma investida contra o Exército de Resistência do Senhor pelas forças ugandenses no norte de Uganda e através da fronteira no sul do Sudão levou os rebeldes a se deslocarem para o Parque Nacional de Garamba, densamente arborizado, na República Democrática do Congo - e quando atacaram e mataram civis no país, o governo congolês prometeu destruir o grupo. [7]

A operação[editar | editar código-fonte]

Em novembro de 2008, o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, assinou pessoalmente a diretiva no Comando dos Estados Unidos para a África para prestar assistência financeira e logística ao governo de Uganda durante a ofensiva. [3] As forças armadas dos Estados Unidos ajudaram nos estágios de planejamento da operação e também forneceram apoio financeiro e técnico na forma de telefones via satélite e combustível. [3]

Em 14 de dezembro de 2008, foi divulgado um comunicado anunciando o inicio da operação na capital de Uganda, Kampala, pelos chefes de inteligência das três forças armadas: as Forças Armadas da República Democrática do Congo, as Força de Defesa Popular de Uganda e o Exército Popular de Libertação do Sudão. "As três forças armadas atacaram com sucesso o principal órgão e destruíram o campo central de Joseph Kony, com o codinome Camp Swahili, incendiando-o", afirmou o comunicado. [4] O governo de Uganda declarou em 21 de dezembro de 2008 que 70% dos campos do Exército de Resistência do Senhor haviam sido destruídos. [8] No entanto, também foi relatado que esses campos já estavam vazios quando foram atacados. [3][9] Em 24 de dezembro de 2008, Uganda declarou que um de seus aviões de combate MiG-21 [10] caiu na República Democrática do Congo como resultado de um acidente "puramente técnico", de acordo com o porta-voz do exército ugandense Paddy Ankunda.[11]

No início de janeiro de 2009, de acordo com uma autoridade congolesa, o Exército de Resistência do Senhor foi derrotado, tendo perdido a maior parte de seu abastecimento alimentar e estava fugindo e muito perto da fronteira da República Centro-Africana, que havia reforçado as tropas fronteiriças. [12] No entanto, outras informações indicaram que o Exército de Resistência do Senhor havia se dividido em unidades menores [3][9] e, em represália à ofensiva, o atacou civis que suspeitavam apoiar a operação, estuprando, mutilando e matando moradores. [13][14]

Retirada de Uganda[editar | editar código-fonte]

Em 15 de março de 2009, Uganda encerrou abruptamente sua participação na ofensiva e começou a retirar suas tropas de Garamba. A retirada, de acordo com o tenente-general Ivan Koreta, vice-chefe das Forças de Defesa, ocorreu devido a um acordo assinado com a República Democrática do Congo. Durante uma cerimônia de entrega em Garamba, o Chefe do Estado Maior da República Democrática do Congo, general Didier Etumba Longila, afirmou que o Congo continuaria caçando o Exército de Resistência do Senhor até que fossem neutralizados[15], embora uma fonte tenha descrito as unidades do exército congolês alocadas à tarefa como soldados mal treinados e mal pagos que frequentemente atacavam os aldeões que deveriam proteger.[13] O Exército de Resistência do Senhor continuou aterrorizando áreas da República Centro-Africana, República Democrática do Congo e Sudão do Sul. [16]

Referências

  1. a b Among, Barbara (13 de março de 2009). «Ninety Days of War in Garamba Forest». New Vision. Cópia arquivada em 19 de fevereiro 2009 
  2. Litell, Jonathan (15 April 2014) Sign Warfare Arquivado em 2015-09-05 no Wayback Machine Asymptote, (traduzido de um artigo francês do Le Monde)
  3. a b c d e Jeffrey Gettleman and Eric Schmitt (6 de fevereiro de 2009). «U.S. Aided a Failed Plan to Rout Ugandan Rebels». The New York Times. Cópia arquivada em 9 de março de 2012 
  4. a b «Armies 'strike at Uganda rebels'». BBC News. 14 de dezembro de 2008. Cópia arquivada em 23 de dezembro de 2008 
  5. Wheeler, Skye (7 de Junho de 2008). «Sudan says Uganda rebels kill troops, start "war"». Reuters. Cópia arquivada em 12 de Junho de 2008 
  6. «Ugandan rebels 'prepare for war'». BBC News. 6 de Junho de 2008. Cópia arquivada em 22 de fevereiro de 2009 
  7. Mukasa, Henry (2 de janeiro de 2009). «Ugandan rebels 'prepare for war'». New Vision. Cópia arquivada em 7 de outubro de 2012 
  8. «Uganda 'strikes LRA rebel camps'». BBC News. 21 de dezembro de 2008. Cópia arquivada em 24 de dezembro de 2008 
  9. a b Paterno, Steve (12 de fevereiro de 2009) The Uganda LRA allowed to plunder Arquivado em 2016-03-03 no Wayback Machine Sudan Tribune
  10. «The Year 2008: Losses including fatalities». Cópia arquivada em 16 de abril de 2009 
  11. Ugandan fighter plane crashes in Congo, Reuters (24 de dezembro de 2008)
  12. «LRA rebels fleeing towards Central African Republic». Google.com. AFP. 2 de janeiro de 2009 
  13. a b Haken, Nate and Taft, Patricia (26 de outubro de 2011) Obama must learn from past mistakes in fight against Uganda's LRA Christian Science Monitor
  14. «UN: More than 100 killed in massacre by Ugandan rebels». Mail & Guardian Online. 29 de janeiro de 2009. Cópia arquivada em 3 Março de 2009 
  15. Oluka, Benon Herbert; Tabu Butagira (16 de março de 2009). «Uganda: Army ends hunt for Kony and LRA». Daily Monitor. Cópia arquivada em 26 de Abril de 2014 
  16. (1 de janeiro de 2011) Uganda violence Arquivado em 2014-04-24 no Wayback Machine Thompson Reuters Foundation