Ofensiva de Mocímboa da Praia

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Ofensiva de Mocímboa da Praia
Data 5 de agosto – 11 de agosto de 2020
Local Mocímboa da Praia e seu distrito, Moçambique
Desfecho Vitória do Estado Islâmico na África Central[1]
Beligerantes
Estado Islâmico do Iraque e do Levante Estado Islâmico na África Central  Moçambique
Unidades
desconhecido Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM)
mercenários do Dyck Advisory Group (DAG)
Forças
1.000+ desconhecido
Baixas
86+ mortos Moçambique 110+ mortos[2]
Uma embarcação DV15 destruída
perdas de civis desconhecidas

A ofensiva de Mocímboa da Praia ou Batalha de Mocímboa da Praia foi uma ofensiva militar no norte de Moçambique pelo Estado Islâmico na África Central (EI-PAC) para capturar a cidade moçambicana. A ofensiva, parte da insurgência em Cabo Delgado, resultou em um grande sucesso para o Estado Islâmico, pois capturou Mocímboa da Praia e também a instalação de gás na cidade.

Prelúdio[editar | editar código-fonte]

A 23 de março de 2020, a cidade de Mocímboa da Praia, povoada por 20.000 a 30.000 habitantes antes do início do conflito, sofreu um primeiro ataque do Estado Islâmico.[3][4] Um grupo de cerca de quarenta jihadistas saqueou estabelecimentos comerciais e destruiu bancos e edifícios estatais e, em seguida, se retirou depois de distribuir dinheiro e comida aos residentes para se conciliar com as populações locais.[4][3] Quatro outras incursões aconteceram antes de 3 de agosto.[3] Em julho, instalações portuárias são danificadas.[3]

Forças envolvidas[editar | editar código-fonte]

Para se defenderem de uma nova incursão, as forças governamentais deslocam para Mocímboa da Praia tropas das Forças Armadas de Moçambique e dispositivos da empresa militar privada sul-africana Dyck Advisory Group (DAG), chefiada pelo coronel zimbabuense Lionel Dyck, ex-oficial do exército da Rodésia do Sul que participou na década de 1980 na luta contra a RENAMO durante a Guerra Civil Moçambicana.[3] No entanto, de acordo com o Le Monde, o DAG dispunha de um velho helicóptero Bell UH-1 Iroquois, de um Alouette Canon, "dispositivos de observação civil montados com metralhadoras" e cerca de vinte homens baseados em Pemba.[3]

Por sua vez, os jihadistas teriam engajado mais de mil homens na ofensiva.[5][6]

Ofensiva[editar | editar código-fonte]

As ações ofensivas começaram a 5 de agosto de 2020 quando insurgentes do Estado Islâmico atacaram as aldeias de Anga, 1 de Maio, Awasse e arredores de Mocímboa da Praia na mesma noite. [7] No dia 6 de agosto, o Estado Islâmico atacou duas bases militares em Mocímboa da Praia, matando ou ferindo cinquenta soldados e apreendendo dezenas de fuzis e RPG-7s. O governo também repetiu uma tentativa de investida à cidade, matando dezessis insurgentes. Em 8 de agosto, o governo retirou-se de Ntotue, uma cidade estratégica entre Mocímboa da Praia e Awasse. [7] No dia 9 de agosto, o Estado Islâmico tomou Awasse e passou a controlar a periferia de Mocímboa da Praia. Uma emboscada bem realizada ocorreu no domingo, pouco antes de Awasse, matando 55 recrutas e ferindo mais 90. [7][2] No dia 10 a cidade de Mocímboa da Praia estava totalmente sem alimentos e munições. A organização sul-africana Dyck Advisory Group tentou abastecimento aéreo de munição sobre a cidade sitiada, mas lançou-a muito longe dos militares moçambicanos. Como resultado, os moçambicanos sofreram baixas tentando recuperar os suprimentos. [2] Na terça-feira, 11 de agosto, o exército moçambicano, em menor número e com pouca munição, foi forçado a recuar de barco da cidade. No retiro, uma embarcação interceptora DV15 foi atingida com um RPG e afundou. 55 soldados foram mortos em batalhas durante o cerco à cidade. [2][1] Os insurgentes perderam um total de 70 homens durante a batalha pela cidade. [8]

Resultado[editar | editar código-fonte]

Após a ofensiva, o Estado Islâmico na África Central declarou Mocímboa da Praia sua capital. [9] Apesar das tentativas das forças de segurança moçambicanas de retomar a cidade, esta permaneceu sob controle rebelde até março de 2021. [10]


Referências

  1. a b «Mocimboa da Praia: Key Mozambique port 'seized by IS'». BBC. 12 de agosto de 2020 
  2. a b c d «Mocimboa da Praia: Islamic State insurgents recapture strategic port town». Daily Maverick. 12 de agosto de 2020 
  3. a b c d e f Jean-Philippe Rémy, Après la prise de Mocimboa da Praia, les Chabab mozambicains inquiètent l’Afrique australe, Le Monde, 13 de agosto de 2020.
  4. a b Mozambique: la filiale locale de l’EI ravage deux villes du nord, RFI, 30 de março de 2020.
  5. Laurent Lagneau, Mozambique : Un groupe armé affilié à l’EI s’empare du port stratégique de Mocimboa da Praia, Zone militaire Opex360.com, 13 de agosto de 2020.
  6. Peter Fabricius, Mocimboa da Praia: Islamic State insurgents recapture strategic port town, Daily Maverick, 12 de agosto de 2020.
  7. a b c «Cabo Ligado Weekly: 3 - 9 August 2020 - Mozambique». ReliefWeb (em inglês) 
  8. «Cabo Ligado Weekly: 10-16 August 2020». ACLED (em inglês). 19 de agosto de 2020 
  9. «ISIS take over luxury islands popular among A-list celebrities». News.com.au. 18 de setembro de 2020 
  10. Dino Mahtani; Nelleke van de Walle; Piers Pigou; Meron Elias (18 de março de 2021). «Understanding the New U.S. Terrorism Designations in Africa». Crisis Group