Oxibeles

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Oxybeles

O Oxibeles ou oxibelo[1][2][3] (grego antigo Οξυβόλος aglutinação do étimo oxys [oxis = afiado, aguçado] e βέλος [belos = arma, projéctil, flecha], pelo que significa literalmente projéctil afiado e figuradamente dá-se-lhe o sentido de atirador de dardos) foi uma arma usada pelos antigos gregos pela primeira vez em 375 a.C.[4]

Consiste numa evolução do arco composto que, ao ter aumentado de dimensões e de peso, já não podia ser manejado por um só besteiro.[5]

Características[editar | editar código-fonte]

Uso e forma[editar | editar código-fonte]

Consistia basicamente numa gastafreta (espécie de besta de assédio portátil, usada pelos gregos antigos, desde o século III a.C, que armava puxando a noz do arco contra a barriga)[6] descomunal, constituída por um arco composto postado sobre um trípode e com um cabestrante, em que este se ajustava para o movimento de retrocesso. Era feita de madeira, sendo certo que o arco podia ser feito de chifre de animal e corda.[7]

Era armada com a ajuda de um molinete e manivela, em vez de se puxar a corda do arco com as mãos.[8] Além das flechas, esta arma podia, também, disparar pedras pequenas ou bodoques (que não pesassem mais de 2 quilos e um quarto)[8].

O oxibelo pertence à categoria das armas de arco, isto é, trata-se de uma peça de artilharia que obtém o seu poder tênsil de disparo a partir do arco. Dependendo do tamanho do oxibeles, as flechas mediriam entre 70 a 180 centímetros de comprimento, podendo atingir um alcance de disparo até os 400 metros.[9]

Potência[editar | editar código-fonte]

Teria um alcance maior que o das gastrafetas, sendo certo que, tal como a gastrafeta, era uma arma de poliorcética, que assentava num tripé[10][11], dada as suas grandes dimensões e peso, para lhe conferir maior estabilidade e precisão de tiro.[12]

História[editar | editar código-fonte]

O oxibeles foi criado por torno de 375 a.C.[9]

Enquanto artilharia lança-pedras, o oxibelo já era utilizado por Onomarco, general fócida, na pendência da Terceira Guerra Sacra, em 353 a.C.[13]No decurso do mesmo conflito, a falange derrotada por Filipe II da Macedónia, pai de Alexandre Magno, era parcialmente composta por oxibeles.[14][15]

O uso histórico mais memorável dos oxibeles foi às mãos dos exércitos de Alexandre Magno, nas campanhas persas.[14]Os oxibelos de Alexandre foram projectados pelo engenheiro Possidónio, o Macedónio, também cognominado Possidónio, o Engenheiro.[16]

Abonações históricas[editar | editar código-fonte]

Bíton de Pérgamo engenheiro e matemático grego, do século III a.C., no seu tratado de 155 a.C sobre poliorcética, intitulado Κατασκευαὶ πολεμικῶν ὀργάνων καὶ καταπελτικῶν, "Kataskeuai polemikōn Organon kai katapeltikōn" (lit. «Sobre a construção de armas de guerra e catapultas»)[17][18], faz menção de dois oxibeles lança-pedras, litóbolos ou Petróbolon (πετρόβολον), um deles projectado por Caron de Magnésia em Rodes e outro, maior, de Isidóro de Abidos em Tessalónica.[19][20]

Sucessores[editar | editar código-fonte]

Não foram desenvolvidas versões aperfeiçoadas, devido à limitação própria dos materiais usados. O aperfeiçoamento do oxibeles, a balista, pressupôs uma evolução tecnológica: a torsão das cordas como de energia potencial elástica.[5] Por volta de 340 a.C. aparece a artilharia de torção. [9]

Ou seja, surgiu a artilharia que sustentava o seu poder de disparo na energia cinética comprimida, por efeito de torção, de cordas de volta de um torno. Os percusores da artilharia de torção helénica foram duas variantes da catapulta de torção:o eutitono e o palintono, que diferiam entre si, conforme o feitio do peça frontal (o peritreto).[21]

A artilharia à base de poder de torção era muito mais potente do que os oxibeles, pelo que acabaram por substituí-los.[22]

Com o advento dos escorpiões na artilharia romana, por torno de 200 a 100 a.C, que eram, por sinal, bastante mais leves e tinham muito maior poder de alcance, o oxibeles caíu em desuso.[5]

Referências

  1. Machado, José Pedro (1981). Grande Dicionário da Língua Portuguesa, vol. VIII. Lisboa: Amigos do Livro. p. 262  «Oxibelo (cs) s. m. Mil. Ant. Máquina de guerra com que se lançavam dardos e que era usada nos exércitos bizantinos.»
  2. «Dicionário Online - Dicionário Caldas Aulete - Significado de oxibelo». aulete.com.br. Consultado em 7 de janeiro de 2021 
  3. «Oxibelo». Michaelis On-Line. Consultado em 7 de janeiro de 2021 
  4. Kinard, Jeff (2007). Artillery: An Illustrated History of Its Impact (em inglês). [S.l.]: ABC-CLIO 
  5. a b c Connolly, Peter (1981). Die Griechischen Armeen. Hamburg: Tesslofverlag. ISBN 3-7886-0181-7 
  6. «Ancient Greek Artillery Technology: From Catapults to the Architronio Canon». web.archive.org. 12 de janeiro de 2016. Consultado em 12 de dezembro de 2020 
  7. Richter, Holger (2006). Die Hornbogenarmbrust. Geschichte und Technik. Ludwigshafen: Angelika Hörnig. ISBN 3-938921-02-1 
  8. a b (em inglês)Konstantin Nossov, Greek Fortifications of Asia Minor 500-130 BC (Oxford 2009) p. 37 ISBN 9781846034152
  9. a b c (em inglês)Jeff Kinard, Artillery: An Illustrated History of Its Impact (Santa Barbara 2007) pp. 3-5 ISBN 9781851095568
  10. Marsden, E.W. (1998). Greek and Roman Artillery: Historical Development. Oxford, UK: Oxford University Press. 252 páginas 
  11. Campbell 2003, pp. 3ff.
  12. Forge 2013, p. 43
  13. (em inglês)James R. Ashley, The Macedonian Empire (Jefferson 2004) p. 119 ISBN 9780786419180
  14. a b (em inglês)John warry, Alexander 334-323 BC: Conquest of the Persian Empire (Oxford 2013) p. 49 ISBN 9781855321106
  15. Buckler, John (1989). Philip II and the Sacred War. [S.l.]: Brill Archive. ISBN 90-04-09095-9 
  16. Marsden, E. W. (1969). Greek and Roman Artillery. Historical Development. Oxford: Clarendon Press. pp. 13–16 
  17. Simon Hornblower, "Biton", in Simon Hornblower and Antony Spawforth (eds.), The Oxford Classical Dictionary, 3rd rev. ed. (Oxford University Press, 2005). The Greek may be transliterated Kataskeuai polemikon organon kai katapaltikon.
  18. Carle Wescher, Anselme Petetin (1867). Poliorkētika kai poliorkiai diaphorōn poleōn =: Poliorcétique des Grecs : traités thēoriques ... [S.l.]: Imprimerie impériale 
  19. Head, Duncan (2012). Armies of the Macedonian and Punic Wars. [S.l.: s.n.] p. 340. ISBN 978-1-326-56051-5 
  20. Lahanas, Michael. «Ancient Greek Artillery Technology from Catapults to the Architronio Canon». www.hellenicaworld.com. Consultado em 30 de março de 2018 
  21. «Scienza greco-romana. Meccanica in "Storia della Scienza"». www.treccani.it (em italiano). Consultado em 1 de janeiro de 2021 
  22. Schürmann, Astrid (1991). Griechische Mechanik und antike Gesellschaft. Studien zur staatlichen Förderung einer technischen Wissen schaft. Stuttgart: Steiner 

Ver também[editar | editar código-fonte]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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