Palácio Culde

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Palácio Culde (em árabe: قصر الخلد‎; romaniz.: Qaṣr al-Khuld) foi um dos principais palácios califais em Bagdá no começo do Califado Abássida (750–1258).

História[editar | editar código-fonte]

Cidade Redonda no tempo de Almançor. O sítio do palácio é o número 23

Bagdá foi fundada em 762 pelo segundo califa abássida Almançor (r. 754–775). A parte principal da cidade original era a Cidade Redonda, com o primeiro palácio califal, o Palácio do Portão Dourado, em seu centro.[1] Em 773,[2] Almançor começou a construção de outro palácio num trecho de terra alongado e com quilômetros de extensão entre as muralhas da Cidade Redonda e a margem ocidental do rio Tigre. O palácio e seus extensos jardins ficavam entre o Portão do Coração da Cidade Redonda e a entrada ocidental da Ponte Principal de Barcos, que atravessava o Tigre.[3] Almançor teria escolhido este local porque, ali, a margem do Tigre era a mais alta do rio, protegendo o palácio dos insetos onipresentes ao longo do leito. O sítio foi conhecido por seu ar fresco.[2][4] Foi nomeado "Palácio da Eternidade" (Alcácer Culde) a partir de uma passagem no Alcorão aludindo ao Paraíso, o "Palácio da Eternidade prometido aos tementes a Deus", porque se dizia que seus jardins quase rivalizavam com o jardim do Paraíso.[5] De acordo com Iacubi, antes do palácio havia uma grande área de revista, adjacente aos estábulos reais.[6]

Embora o Palácio do Portão Dourado fosse a residência oficial, depois que o Palácio Culde foi inaugurado em 775, Almançor e seus sucessores até Harune Arraxide (r. 786–809) usaram frequentemente as duas residências, com Harune supostamente favorecendo o Culde durante suas estadias em Bagdá.[7] O palácio, como o vizinho Palácio de Zubaida, sofreu extensos danos por projéteis durante o Cerco de Bagdá (812–813). Ele provavelmente estava em ruínas no final do cerco, embora pelo menos uma fonte afirme que Almamune (r. 813–833) ficou lá quando chegou a Bagdá em 819, antes que o Palácio Haçani estivesse preparado para sua residência. Após a mudança da capital para Samarra sob Almotácime (r. 833–842), os restos da estrutura deterioraram ainda mais e permaneceram em estado de ruína até 979, quando o governante buída Adude Adaulá (r. 949–983) decidiu construir o Hospital Aladudi em seu local.[8]

Referências

  1. Le Strange 1900, p. 15ff., 31.
  2. a b Duri 1960, p. 897.
  3. Le Strange 1900, p. 32, 40, 101, 242.
  4. Le Strange 1900, p. 102.
  5. Le Strange 1900, p. 101–102.
  6. Le Strange 1900, p. 105–106.
  7. Le Strange 1900, p. 32, 102, 242.
  8. Le Strange 1900, p. 103.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Duri, A. A. (1960). «Baghdad». In: Gibb, H. A. R.; Kramers, J. H.; Lévi-Provençal, E.; Schacht, J.; Lewis, B. & Pellat, Ch. The Encyclopaedia of Islam, New Edition, Volume I: A–B. Leida: E. J. Brill. pp. 894–908 
  • Le Strange, Guy (1900). Baghdad during the Abbasid Caliphate: from contemporary Arabic and Persian sources. Oxônia: Imprensa Clarendon