Palacete Camelier

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Palacete Camelier
Ruinas do Palacete Camelier
FAMILIA MULLINS MULLER CAMELIER NO PALACETE CAMELIER
Mapa

Palacete Camelier ou Bagé é uma edificação que remonta o período colonial de Belém, localizado na cidade velha de costas para a Baía do Guajará. Foi a residência da família Mullins Muller (depois aos Mullins Camelier) entre os membros da família, destaca-se o advogado e radioamador Roberto Camelier, responsável pela fundação da primeira emissora de rádio da região amazônica, hoje a Radio Clube do Pará.[1]

Destacava-se não só pela beleza da mansão e da vista privilegiada da baia do Guajará mas também pelo grande estaleiro que prestou serviço notável a navegação e indústria paraense durante o Ciclo da borracha e de uma oficina e fundição no andar inferior do palacete,[2] chamada de Officina D´Artefactos Metálicos da Viúva Camelier & Cia..

Primórdios[editar | editar código-fonte]

Durante o período colonial e imperial o local serviu de convento (antes de pertencer a família Mullins Müller, depois aos Mullins Camelier).No início do século XVIII ,ocupação da área do palacete iniciou quando missionários da Conceição da Beira e Minho edificaram o Convento de São Boaventura, à beira do antigo Porto do Tição ,em frente a um descampado denominado Largo do Bagé (depois tornou-se Praça do Arsenal, atualmente se chama Praça 11 de Junho).

Na metade do século XVIII, a coroa portuguesa expulsa os missionários da Conceição da Beira e Minho da região e o antigo convento de São Boaventura é convertido em Arsenal de Belém e posteriormente em estaleiro após a coroa trazer da Europa especialistas em construção de navios e trabalhadores.

Palacete Camelier[editar | editar código-fonte]

No final do século XIX, o empreendedor da região amazônica e engenheiro naval austríaco Charles Gustav Emil Müller, proprietário de uma oficina de navios em Belém, que prestava serviço de restauração de embarcações (com trajetos intercontinentais) civis e também militares, comprou a propriedade como residência para morar com sua esposa Mary Mullins (irlandesa que imigrou para os EUA durante a grande fome). Ao chegar em Belém, Mary encontrou uma construção antiga construída de blocos de pedra e assentadas em óleo de baleia, que abrigava uma oficina abaixo da casa. Desse casamento nasceram dois filhos o engenheiro naval Emil Gustav Mullins Muller e Alice Mullins Muller.

Após a morte do primeiro marido (Charles Müller), Mary se casa com Francisco de Assis Camelier (engenheiro naval e tenente da Marinha brasileira) e teve três filhos com ele, entre eles o precursor da radiodifusão no norte do Brasil, Roberto Camelier, sendo um dos fundadores da PRC5 (Rádio Clube do Pará). Foi no Palacete Camelier que Roberto e seus irmãos cresceram.

Durante o ciclo da borracha na Amazônia a família Müller (depois Camelier) foi beneficiada economicamente, já que na propriedade havia um atracadouro onde eram desembarcados passageiros e mercadorias da rota marítima que fazia o trajeto Europa-Bagé (como ficou conhecida a linha comercial), para transporte do látex para o continente europeu (a borracha amazônica movimentou bastante o estaleiro da família durante este ciclo econômico) que transformou Belém na Paris N’América.

Officina D´Artefactos Metálicos da Viúva Camelier & Cia[editar | editar código-fonte]

Também eram donos da “Officina D’Artefactos Metálicos”, fundada em 1884 pelo Charles Gustav Emil Muller no fundo do palacete. A família dedicou-se à reconstrução de vapores e embarcações, também ao conserto de maquinismos e caldeiras; e à fundição de ferro e bronze com modelação própria e aos serviços de carreira, tipo mortons, para vapores até 500 toneladas. Prestou serviço notável a navegação e indústria paraense durante o Ciclo da borracha.[3][4][5]

Declínio[editar | editar código-fonte]

Com o declínio da produção de borracha e o falecimento dos membros da família ao longo do século XX, as Oficinas Camelier, se tornaram ociosas. Hoje[quando?], o Palacete Camelier (ou Oficinas Camelier), está abandonado e totalmente degrado, restando apenas a lembrança de sua opulência.[6]

Referências

  1. «Leal Moreira Especial - Camelier, generalíssimo da radiofonia paraense». www.lealmoreira.com.br. Consultado em 23 de agosto de 2021 
  2. Paiva, Jose Vasconcelos (20 de maio de 2014). «José Vasconcelos Paiva: PALACETE CAMELIER , BELÉM DO PARÁ». José Vasconcelos Paiva. Consultado em 23 de agosto de 2021 
  3. Paiva, Jose Vasconcelos (19 de maio de 2014). «José Vasconcelos Paiva: PALACETE ROBERTO CAMELIER - A imagem do descaso.». José Vasconcelos Paiva. Consultado em 22 de agosto de 2021 
  4. 1076425. «memorialdaindustria». Issuu (em inglês). Consultado em 23 de agosto de 2021 
  5. «Site do Sindicato». www.sindicatodaindustria.com.br. Consultado em 23 de agosto de 2021 
  6. Paiva, Jose Vasconcelos (19 de maio de 2014). «José Vasconcelos Paiva: PALACETE ROBERTO CAMELIER - A imagem do descaso.». José Vasconcelos Paiva. Consultado em 23 de agosto de 2021