Palacete do Gavião

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Palacete Gavião
Estilo dominante arquitetura neoclássica
Construção 1860
Estado de conservação Ativo
Património nacional
Data 1993
Geografia
País Brasil
Cidade Cantagalo, Rio de Janeiro

O Palacete do Gavião é um palacete fundado no ano de 1860, localizado a dois quilômetros do município de Cantagalo, no estado do Rio de Janeiro.[1] Foi construído no ano de 1860, com a ideia da construção do ramal férreo de Cantagalo à Nova Friburgo.[2][3] A sede foi projetada por Carl Friedrich Gustav Waehneldt, mesmo arquiteto do Palácio do Catete.[4][5]

História[editar | editar código-fonte]

A edificação foi construída como uma das residências de António Clemente Pinto, pecuarista e traficante de escravos, (1° Barão de Nova Friburgo) na cidade de Cantagalo, no interior do estado do Rio de Janeiro, importante centro produtor de café da época colonial.[6][7][8][9]

Projetada pelo alemão Waehneldt, os trabalhos terminaram em 1860.[10] Com a a construção do palacete, o ramal férreo, utilizado principalmente para o transporte do café, fora também iniciado com a realização de António Clemente Pinto e concluída por seu filho Bernado Clemente Pinto Sobrinho.[11] A estação Férrea estendeu-se de Muri à Portela, atravessando as terras dos Nova Friburgo.[12]

Características[editar | editar código-fonte]

A sede é um exemplo da arquitetura neoclássica do Brasil.[13] O Palacete encontra-se a 2 km do centro da Cidade de Cantagalo e estende-se até chegar à Aldeia, sendo que do outro lado vai em direção a Cantagalo até a Caixa de Despejo.[14]

O edifício encontra-se plantado numa colina, entre arvoredos, pomares e uma indústria de laticínios, representando uma atalaia perdida no deserto, guardando sonhos e esperanças dos antigos e poderosos senhores.[10]

No interior do palacete ainda existem vestígios da belíssima pintura a óleo.[13] Na sala de jantar, cuja decoração notavam-se peixes, aves e frutas, feitas com perfeição por um notável pintor vindo de Paris, capital da França, para realizar o serviço.[13][15]

Há na fazenda uma capela denominada Pedro II.[13] Sobre o altar existe uma formosa imagem natural de Nossa Senhora da Conceição Aparecida e no centro existe um quadro emoldurado com a autorização escrita a punho por D. Pedro II e pelo Bispo de São Sebastião do Rio de Janeiro, permitindo que fossem rezadas missas no local.[16] O documento data de 19 de junho de 1882.[17] O imperador já chegou a pernoitar na propriedade.[17]

Atualidade[editar | editar código-fonte]

Atualmente o palacete encontra-se sob propriedade privada.[18] Não está aberto a visitações.[18][19] Em 2012, o atual proprietário da fazenda em que o palacete está situado, que havia sido condenado em entre os anos de 2004 e 2008 por trabalhadores em condição de escravidão na propriedade, foi obrigado a por parte da propriedade em leilão, no valor de sete milhões de reais, porém não houve compradores.[19][20][21][22]

No ano de 2015, a propriedade sofreu um roubo de algum mobiliário e itens na sede da fazenda, informação confirmada pelo delegado da 153ª Delegacia de Polícia de Cantagalo.[14]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Centro de Estudos e Pesquisas Euclides da Cunha (2009). Fazenda Cafeeira Cantagalense: Marco de Riqueza e Civilização. [1] Visitado em 2 de abril de 2012.
  2. Schuabb, Sara (21 de janeiro de 2019). «Conheça um pouco da história do Palacete Gavião, em Cantagalo». Portal Multiplix. Consultado em 15 de maio de 2021 
  3. «Museu da República adquire Retrato dos Barões de Nova Friburgo – Museu da República». Palácio do Catete. 12 de novembro de 2018. Consultado em 15 de maio de 2021 
  4. «Gustav Waehneldt (1830-1873)». A Casa Senhorial. Consultado em 15 de maio de 2021 
  5. Freire, Quintino Gomes (14 de agosto de 2015). «História do Palácio do Catete». Diário do Rio. Consultado em 15 de maio de 2021 
  6. Faria, Sheila De Castro; Faria, Sheila De Castro (2018). «Gold, pigs, slaves and coffee: the origins of nineteenth century fortunes in São Pedro de Cantagalo, Rio de Janeiro (last decades of the eighteenth century and first of the nineteenth century)». Anais do Museu Paulista: História e Cultura Material. ISSN 0101-4714. doi:10.1590/1982-02672018v26e04d1. Consultado em 15 de maio de 2021 
  7. Marreto, Rodrigo (2015). «De traficante de escravos a Barão de Nova Friburgo: a trajetória de Antônio Clemente Pinto na primeira metade do oitocentos.» (PDF). Associação Nacional de História. Consultado em 15 de maio de 2021 
  8. «Cantagalo». Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Consultado em 15 de maio de 2021 
  9. Adam, Joana (2016). «Estudo histórico demográfico da população escrava nas fazendas cafeeiras do Barão de Nova Friburgo: Cantagalo / Rio de Janeiro (1850-1873)» (PDF). Universidade de Brasília. Consultado em 15 de maio de 2021 
  10. a b «O Palacete do Gavião». Saiba História. 30 de agosto de 2019. Consultado em 15 de maio de 2021 
  11. «Cantagalo - Palacetes dos Gaviões». iPatrimônio. Consultado em 15 de maio de 2021 
  12. «Muri -- Estações Ferroviárias do Estado do Rio de Janeiro». Estações Ferroviárias do Brasil. 19 de abril de 2010. Consultado em 15 de maio de 2021 
  13. a b c d «Palacete do Gavião: Imponente construção do ciclo do café em Cantagalo – Serra News | Notícias do interior do Rio de Janeiro». Serra News. 24 de março de 2020. Consultado em 15 de maio de 2021 
  14. a b «Furto no Palacete Gavião, em Cantagalo». Jornal da Região. 28 de setembro de 2015. Consultado em 15 de maio de 2021 
  15. «Paris | Definition, Map, Population, Facts, & History». Encyclopædia Britannica (em inglês). Consultado em 15 de maio de 2021 
  16. Alegrio, Leila. «Um Palacete no meio do Cafezal» (PDF). Revista do Café. Consultado em 15 de maio de 2021 
  17. a b Melnixenco, Vanessa (2014). «Friburgo & Filhos: tradições do passado e invenções do futuro (1840 - 1888)». Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. Consultado em 15 de maio de 2021 
  18. a b «Palacete do Gavião é propriedade particular, mas um patrimônio histórico do país». Jornal da Região. 6 de agosto de 2020. Consultado em 15 de maio de 2021 
  19. a b Ferreira, B (3 de agosto de 2014). «Joias do Rio: Um palácio do Catete na terra de Euclides da Cunha | | O Dia». O Dia. iG. Consultado em 15 de maio de 2021 
  20. «Metade da Fazenda do Gavião vai a leilão público em 4 de outubro». Jornal da Região. 14 de setembro de 2012. Consultado em 15 de maio de 2021 
  21. Victal, Renata (9 de fevereiro de 2004). «Folha de S.Paulo - Brasil profundo: Inspeção encontra 20 em regime de escravidão em fazenda perto do Rio - 09/02/2004». Folha de S. Paulo. Consultado em 15 de maio de 2021 
  22. Werneck, Antônio (14 de dezembro de 2010). «Fazendeiro condenado a oito anos de prisão por tortura em fazenda de Friburgo». Extra. Consultado em 15 de maio de 2021