Paleocanais

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Paleocanais são feições geológicas de antigos percursos de rios existentes no passado geológico onde o nível do mar estava mais baixo do que o encontrado atualmente. Encontram-se submersos cortando algumas plataformas continentais. Geralmente estão conectados a cânions submarinos no talude continental, com profundidade máxima de até 180 metros, são descontínuos e apresentam pequenas bacias ao longo do seu comprimento.[1][2]

Importância dos paleocanais[editar | editar código-fonte]

A identificação de paleocanais auxilia na reconstituição e entendimento da evolução dos sistemas fluviais. Ao longo do tempo, processos como alteração climática e intemperismo provocam a realocação e o redimensionamento de canais fluviais. Antigos canais são preenchidos por sedimentos e novos canais surgem como caminhos alternativos ao fluxo de água. Paleocanais fornecem informações sobre o paleoclima, possíveis ocorrências minerais associadas à dinâmica fluvial e quanto à favorabilidade hidrogeológica. Muitas vezes a sua presença não pode ser detectada em superfície, fazendo-se necessário o uso de métodos geofísicos para a sua localização e dimensionamento.[3]

Váriações no nível do mar[editar | editar código-fonte]

As variações do nível do mar são resultantes da flutuabilidade dos níveis globais dos oceanos, conhecido por eustasia, e das mudanças verticais na crosta terrestre, devidas ao tectonismo e/ou isostasia. Tantos as variações eustáticas como as isostáticas possuem diversas causas, mas a principal é a glacio-eustasia, provocada por alterações climáticas, que resulta na alternância entre derretimento (deglaciação) ou congelamento (glaciação) de calotas polares que causam uma variação nos volumes de águas contidas nas bacias oceânicas.[4]

Ao longo de toda a história geológica da Terra ocorreram alternâncias cíclicas entre períodos quentes e frios, decorrentes de mudanças na quantidade de luz solar que atinge o planeta, controladas pelos Ciclos de Milankovitch. Dessa maneira, períodos glaciais causam o congelamento de grandes massas d'água e diminuição no volume dos oceanos, ocasionando uma regressão no nível do mar. Ao contrário dos períodos de interglaciações em que o aumento da temperatura provoca derretimento de geleiras causando a transgressão do nível do mar. A última Era do Gelo ocorreu há aproximadamente 2,5 milhões de anos, durante o Quaternário. No Pleistoceno ocorreu o último máximo glacial e consequentemente o máximo regressivo do nível do mar, com regresso de aproximadamente 150 m da linha de costa atual.[5]

Referências

  1. Iran Carlos Stalliviere Corrêa, "Morfologia do Ambiente Marinho", p. 40, Editado pelo autor, 2021
  2. Milton José Porsani, "Paleocanais: uma opção para a prospecção de água subterrânea rasa na Ilha de Marajó, Programa de Pós-Graduação em Ciências Geofísicas e Geológicas da Universidade Federal do Pará, 1981"
  3. Marina Ghedin Jerônimo e José Gustavo Natorf de Abreu, "RECONHECIMENTO E MAPEAMENTO SÍSMICO DE PALEOCANAIS AO LARGO DA PLATAFORMA CONTINENTAL INTERNA DA ILHA DE SANTA CATARINA", Geosul, Florianópolis, v. 35, n. 76, p. 107-137, 2020
  4. WESCHENFELDER, J.; CORRÊA, I.C.S.; TOLDO Jr, E.E. e BAITELLI, R. Paleocanais como indicativo de eventos regressivos Quaternários do nível do mar no sul do Brasil. Revista Brasileira de Geofísica, Rio de Janeiro, v. 26, n. 3, p. 367-375, abr. 2008.
  5. VIEIRA, P.C. 1981. Variações no nível marinho: Alterações eustáticas do Quaternário. Revista IG, São Paulo, v. 2, n. 1, p.39-58, jun. 1981.