Pampa do Tamarugal

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Mapa do Pampa do Tamarugal

O Pampa do Tamarugal é uma planície localizada na Região de Tarapacá, Chile; e está inserido no núcleo hiper árido do deserto do Atacama. O pampa recebeu este nome devido a árvore nativa Prosopis tamarugo, que nasce na região.[1][2]

História[editar | editar código-fonte]

Há evidências que as primeiras ocupações humanas na região da planície ocorreram por volta de 13.000 anos, por caçadores-coletores, quando havia um bom evento pluvial central andino. Uma série de ocupações humanas ocorreram entre 12.800 e 11.700 anos, onde foram descobertos artefatos como ferramentas líticas, pigmentos vermelhos para uso doméstico, e fibras vegetais e animais processadas. Entre 10.000 e 3.000 anos, a região passou por um período intenso e prolongado de aridez, e as pessoas abandonaram a região, migrando para a costa ou para o altiplano.[3]

Entre 2.500 e 1.100 anos, gradativamente houve um aumento dos níveis freáticos da planície, o que estimulou a cobertura vegetal natural, atraindo novamente a ocupação humana. Começaram a surgir assentamentos dispersos como Pircas, Caserones, Ramaditas, Guatacondo, La Capilla, entre outros. Durante este período, houve um desenvolvimento no sistema de caça e coleta, na produção têxtil e na produção de cerâmica e cestaria. Também passaram a desenvolver técnicas para a gestão da água, como construção de barragens, de canais de irrigação e de áreas de cultivo bem drenadas, pois ainda ocorriam períodos de seca, de curto prazo.[3]

Por volta de 1.100 anos, o período de chuvas reduziu, e novamente houve uma nova migração para a costa e para o altiplano, diminuindo permanentemente a presença de pessoas na planície.[3]

No período colonial, a região passou a ser explorada para a mineração de prata. E a árvore nativa, tamarugo e o alfarroba passaram a ser utilizadas extensivamente para a produção de lenha e carvão, para a mineração. No início do século XIX, a região também passou a ser explorada para a mineração de salitre, aumentando o uso das árvores nativas para combustível, ocorrendo a diminuição descontrolada da florestal nativa desértica.[1][4]

Localização[editar | editar código-fonte]

Possui aproximadamente de 30 a 40 metros de largura, e 400 quilômetros de extensão. Fica localizado na depressão central, entre a Cordilheira da Costa, no oeste; e a Cordilheira dos Andes, no leste; e delimitado pelo rio Loa, ao sul; e pelo desfiladeiro de Tiliviche, ao norte.[1][2][3]

Características[editar | editar código-fonte]

A região é extremamente árida, com a umidade relativa do ar oscilando entre 10% e 30% durante o dia, e precipitação pluviométrica menor que 1 mm/ano. Possui uma ampla oscilação térmica diurna, com presença de neblina nas regiões mais baixas da planície, na parte da manhã. E temperaturas baixas durante à noite, podendo ocorrer geadas em algumas épocas do ano. A temperatura mínima varia entre -5°C a -12°C e a temperatura máxima varia entre 35°C e 36°C, com médias mensais de 18°C.[2][5][6]

O relevo é suave, com inclinação de 1 a 2% de leste para oeste. Com altitude que varia entre 300 e 1.200 metros acima do nível do mar. Somente interrompido pelos morros Challacollo e Gordo, que possuem altitude de 2.000 acima do nível do mar.[1][2]

A flora local é apresentada pela tamarugo (Prosopis tamarugo), a alfarroba chilena (Prosopis chilensis), a alfarroba branca (Prosopis alba) e a fortuna (Prosopis strombulifera).[1]

A planície abriga o Aquífero Pampa do Tamarugal, que abrange uma área de 5.000 km², e é a única fonte de água potável para uma vasta região no deserto do Atacama, principalmente para a cidade de Iquique.[7][8]

Reserva Nacional Pampa do Tamarugal[editar | editar código-fonte]

A reserva está localizada nas comunas Huara e Pozo Almonte; foi criada em 18 de dezembro de 1987, com uma área de proteção de 128.763 hectares. Está aberta ao público, e pode ser observada a maior plantação de floresta nativa de tamarugo (Prosopis tamarugo) do Chile e os geoglífos do Cerro Pintado.[9]

Referências

  1. a b c d e Castro, Luis Castro (1 de julho de 2020). «641. El bosque de la Pampa del Tamarugal y la industria salitrera: el problema de la deforestación, los proyectos para su manejo sustentable y el debate político (Tarapacá, Perú-Chile 1829-1941)». Scripta Nova. Revista Electrónica de Geografía y Ciencias Sociales (em espanhol). ISSN 1138-9788. doi:10.1344/sn2020.24.26507. Consultado em 25 de setembro de 2023 
  2. a b c d Habit, Mario; Contreras, David; González, Roberto. «Prosopis tamarugo: arbusto forrajero para zonas áridas». Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura. ISBN 92-5-301055-X. Consultado em 24 de setembro de 2023 
  3. a b c d Santoro, Calogero; Capriles, José; Gayo, Eugenia; Porras, María Eugenia de; Maldonado, Antonio; Standen, Vivien; Latorre, Claudio; Castro, Victoria; Angelo, Dante; McRostie, Virginia; Uribe, Mauricio; Valenzuela, Daniela; Ugalde, Paula; Marquet, Pablo. (2016). Continuities and discontinuities in the socio-environmental systems of the Atacama Desert during the last 13,000 years. Journal of Anthropological Archaeology. Ed. Elsevier. (em inglês).
  4. «Cuando La Pampa Del Tamarugal Era Un Bosque Hace Dos Siglos Atrás | Diario El Longino». Diario Longino (em espanhol). 22 de setembro de 2022. Consultado em 25 de setembro de 2023 
  5. Fritz, P.; Suzuki, O.; Silva, C.; Salati, E. (1 de setembro de 1981). «Isotope hydrology of groundwaters in the Pampa del Tamarugal, Chile». Journal of Hydrology (1): 161–184. ISSN 0022-1694. doi:10.1016/0022-1694(81)90043-3. Consultado em 24 de setembro de 2023 
  6. Campillo, Raul; Hojas, Agustin. (1975). Hidrogeología de la Pampa del Tamarugal. Biblioteca do Centro de Información de Recursos Naturales.
  7. Chávez, R. O.; Clevers, J. G. P. W.; Decuyper, M.; de Bruin, S.; Herold, M. (1 de janeiro de 2016). «50 years of water extraction in the Pampa del Tamarugal basin: Can Prosopis tamarugo trees survive in the hyper-arid Atacama Desert (Northern Chile)?». Journal of Arid Environments: 292–303. ISSN 0140-1963. doi:10.1016/j.jaridenv.2015.09.007. Consultado em 24 de setembro de 2023 
  8. Jayne, R., Jr.; Pollyea, R.; Dodd, J. P.; Olson, E. J.; Swanson, S. (1 de dezembro de 2015). «Assessing groundwater recharge mechanisms in the Pampa del Tamarugal Basin of northern Chile's Atacama Desert»: H51D–1399. Consultado em 24 de setembro de 2023 
  9. «Reserva Nacional Pampa del Tamarugal». Sistema Nacional de Áreas Silvestres del Estado (em espanhol). Consultado em 24 de setembro de 2023