Papa-formiga-pardo

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Como ler uma infocaixa de taxonomiaPapa-formiga-pardo

Estado de conservação
Espécie pouco preocupante
Pouco preocupante (IUCN 3.1) [1]
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Aves
Ordem: Passeriformes
Família: Thamnophilidae
Gênero: Formicivora
Espécie: F. grisea
Nome binomial
Formicivora grisea
(Boddaert, 1783)
Distribuição geográfica

Papa-formiga-pardo (nome científico: Formicivora grisea) é uma espécie de ave pertencente à família dos tamnofilídeos. Pode ser encontrada na Colômbia, Guianas e Brasil.

Taxonomia[editar | editar código-fonte]

A espécie foi descrita pela primeira vez pelo polímata francês Georges-Louis Leclerc, conde de Buffon em sua obra Histoire Naturelle des Oiseaux, de 1775, a partir de uma espécime coletada em Caiene, na Guiana Francesa.[2] Também foi ilustrado em uma placa colorida à mão gravada por François-Nicolas Martinet em Planches Enluminées D'Histoire Naturelle, que foi produzida sob a supervisão de Edme-Louis Daubenton para acompanhar o texto de Buffon.[3] Nem a legenda da placa nem a descrição de Buffon incluíam um nome científico, mas em 1783 o naturalista holandês Pieter Boddaert cunhou o nome binomial Turdus griseus em seu catálogo Planches Enluminées.[4]

Atualmente, a espécie está agora localizada no gênero Formicivora, que foi introduzido pelo naturalista inglês William Swainson em 1824.[5][6] O nome genérico combina as palavras latinas formica (que significa "formiga") e -vorus (que significa "comer"), originada de vorare (que significa "devorar"). O epíteto específico grisea vem do latim medieval griseus, que significa "cinza".[7]

A espécie Formicivora intermedia foi anteriormente considerada como uma subespécie do Formicivora grisea, mas agora está separada como uma espécie separada com base nas diferenças nas vocalizações.[8][9]

Duas subespécies são reconhecidas:[6]

Descrição[editar | editar código-fonte]

Possui entre 12–13 cm (4.7–5.1 in) de comprimento e pesa entre 9–12 g (0.32–0.42 oz).[10] Os machos são normalmente cinzas-marrom nas costas e preto no ventre, mantendo uma grossa sobrancelha branca que conecta com as laterais brancas. Já as fêmeas são variáveis, geralmente com sobrancelha branca e manchas nas asas.[11]

Distribuição e habitat[editar | editar código-fonte]

É uma ave comum, geralmente encontrada em duplas. As populações do sul estão associadas a arbustos frondosos em solos de areia branca e habitat de restinga. As aves habitam as terras baixas, até cerca de 200 metros acima do nível do mar. Em alguns lugares, são simpátricos com a ave Formicivora rufa. A espécie se alimenta de pequenos insetos e outros artrópodes retirados de galhos de vegetação rasteira e folhagem.[12]

Comportamento[editar | editar código-fonte]

A fêmea põe dois ovos brancos marcados com púrpura, que são incubados por ambos os sexos, em um ninho de rede de grama baixo em uma árvore ou arbusto. Os ninhos são ocasionalmente saqueados por predadores, por exemplo, pequenos mamíferos como o saguim (Callithrix jacchus), apesar das tentativas dos pássaros de defender sua prole.[13]

De um total de 13 aves estudadas na Colômbia - no Parque Nacional de La Macarena e perto de Turbo - apenas uma estava infectada com parasitas sanguíneos (uma espécie indeterminada de Plasmodium).[14]

Conservação[editar | editar código-fonte]

A União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) não considera a espécie ameaçada.[1][15] No entanto, sua resiliência à alteração humana do habitat não é muito pronunciada e, em algumas regiões, sua presença contínua parece depender da proteção do habitat.[12]

Referências

  1. a b BirdLife International (2016). «Formicivora grisea». Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas. 2016. doi:10.2305/IUCN.UK.2016-3.RLTS.T103657300A93838815.enAcessível livremente 
  2. Buffon, Georges-Louis Leclerc de (1775). «Le Grisin de Cayenne». Histoire Naturelle des Oiseaux (em French). Volume 6. Paris: De L'Imprimerie Royale. pp. 114–115 
  3. Buffon, Georges-Louis Leclerc de; Martinet, François-Nicolas; Daubenton, Edme-Louis; Daubenton, Louis-Jean-Marie (1765–1783). «Le Grisin de Cayenne». Planches Enluminées D'Histoire Naturelle. Volume 7. Paris: De L'Imprimerie Royale. Plate 643 figs. 1 & 2 
  4. Boddaert, Pieter (1783). Table des Planches Enluminéez d'Histoire Naturelle, de M. d'Aubenton. Avec les denominations de M.M. de Buffon, Brisson, Edwards, Linnaeus et Latham, precédé d'une Notice des Principaux Ouvrages Zoologiques enluminées. Utrecht: Boddaert. p. 39, Plate 643 
  5. Swainson, William John (1824). «An inquiry into the natural affinities of the Laniadae, or shrikes; preceded by some observations on the present state of ornithology in this country». Zoological Journal. 1: 289–307 [301] 
  6. a b Gill, Frank; Donsker, David, eds. (2018). «Antbirds». World Bird List Version 8.1. International Ornithologists' Union. Consultado em 16 de março de 2018 
  7. Jobling, James A. (2010). The Helm Dictionary of Scientific Bird Names. London: Christopher Helm. pp. 163, 178. ISBN 978-1-4081-2501-4 
  8. Hilty, Steven L. (2003). Birds of Venezuela 2nd ed. Princeton, New Jersey: Princeton University Press. p. 534. ISBN 978-0-691-09250-8 
  9. Boesman, Peter (abril de 2016). «Notes on the vocalizations of White-fringed Antwren (Formicivora grisea. HBW Alive Ornithological Note 46. Consultado em 17 de março de 2018 
  10. Zimmer, K.; Isler, M.L.; Kirwan, G.M. (2018). del Hoyo, J.; Elliott, A.; Sargatal, J.; Christie, D.A.; de Juana, E., eds. «Southern White-fringed Antwren (Formicivora grisea. Handbook of the Birds of the World Alive. Lynx Edicions. Consultado em 16 de março de 2018 
  11. «papa-formiga-pardo». eBird. 2021. Consultado em 13 de julho de 2021 
  12. a b Venturini & de Paz (2005)
  13. de Lyra-Neves et al. (2007)
  14. Basto et al. (2006), Londono et al. (2007)
  15. BLI (2008)

Referências bibliográficas[editar | editar código-fonte]

  • Basto, Natalia; Rodríguez, Oscar A.; Marinkelle, Cornelis J.; Gutierrez, Rafael & Matta, Nubia Estela (2006): Haematozoa in birds from la Macarena National Natural Park (Colombia). Caldasia 28 (2): 371–377 [English with Spanish abstract]. PDF fulltext
  • de Lyra-Neves, Rachel M.; Oliveira, Maria A. B.; Telino-Júnior,Wallace R. & dos Santos, Ednilza M. (2007): Comportamentos interespecíficos entre Callithrix jacchus (Linnaeus) (Primates, Callitrichidae) e algumas aves de Mata Atlântica, Pernambuco, Brasil [Interspecific behaviour between Callithrix jacchus (Linnaeus) (Callitrichidae, Primates) and some birds of the Atlantic forest, Pernanbuco State, Brazil]. Revista Brasileira de Zoologia 24 (3): 709–716 [Portuguese with English abstract]. doi:10.1590/S0101-81752007000300022 PDF fulltext.
  • Londono, Aurora; Pulgarin-R., Paulo C. & Blair, Silva (2007): Blood Parasites in Birds From the Lowlands of Northern Colombia. Caribbean Journal of Science 43 (1): 87–93. PDF fulltext
  • Venturini, Ana Cristina & de Paz, Pedro Rogerio (2005): Observações sobre a distribuição geográfica de Formicivora spp. (Aves: Thamnophilidae), no Estado do Espírito Santo, sudeste do Brasil. Revista Brasileira de Ornitologia 13 (2): 169–175. PDF fulltext

Referências