Patrícia Campos Mello

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Patrícia Campos Mello
Patrícia Campos Mello
Nome completo Patrícia Toledo de Campos Mello
Nascimento 6 de abril de 1974 (50 anos)
São Paulo, SP
Nacionalidade Brasil brasileira
Ocupação Jornalista, escritora e comentarista
Alma mater Universidade de São Paulo
Atividade 1993–presente
Trabalhos notáveis Jornal da Tarde
Gazeta Mercantil
Valor Econômico
O Estado de S.Paulo
BandNews TV
TV Cultura
Folha de S.Paulo
Prêmios Lista

Troféu Mulher Imprensa
Prêmio Comitê Internacional da Cruz Vermelha
Prêmio Internacional de Jornalismo Rei de Espanha
• Grande Prêmio Petrobras de Jornalismo
• Grande Prêmio Folha de Jornalismo
• CPJ International Press Freedom Award
Prêmio Vladimir Herzog
Prêmios Maria Moors Cabot
Ordem Nacional do Mérito (França)

Patrícia Toledo de Campos Mello (São Paulo, 6 de abril de 1974) é uma jornalista, comentarista e escritora brasileira. Desde março de 2011, é repórter e colunista da Folha de S. Paulo.

Iniciou a carreira em agosto de 1993 como repórter no extinto Jornal da Tarde, no qual permaneceu até maio de 1997. Em seguida, foi contratada pela extinta Gazeta Mercantil, na qual saiu em dezembro de 1999, tendo sido correspondente na Alemanha entre agosto e dezembro de 1999. Logo em seguida, foi contratada pelo jornal Valor Econômico, no qual trabalhou até agosto de 2000.

Em 1998, formou-se bacharel em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo pela Universidade de São Paulo. No biênio 1999-2001, fez Mestrado em “Business and Economic Reporting” pela New York University. Entre maio e setembro de 2001, trabalhou no The Wall Street Journal. Em setembro de 2001, estava em Nova Iorque e fez a cobertura dos ataques de 11 de setembro de 2001 contra o World Trade Center.

Entre 2006 e 2010, foi correspondente internacional do jornal O Estado de S. Paulo em Washington. Em março de 2011, foi contratada pela Folha de S.Paulo para integrar o elenco de colunistas fixos. Entre julho de 2017 e abril de 2019, foi comentarista de política internacional do BandNews TV.[1] Desde setembro de 2019 é comentarista do Jornal da Cultura. Foi também enviada especial em áreas de conflito e de refugiados como por exemplo Afeganistão, Iraque, Líbano, Líbia, Quênia, Síria, Serra Leoa e Turquia.[2]

Carreira[editar | editar código-fonte]

Formação[editar | editar código-fonte]

Tem formação em Jornalismo pela USP e mestrado em Business and Economic Reporting pela Universidade de Nova York, com bolsa de estudos. É autora de Lua de Mel em Kobane, livro publicado pela Companhia das Letras e Índia – da miséria à potência pela Editorial Planeta.[1] É senior fellow do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI).[3]

Cobertura internacional[editar | editar código-fonte]

De 2006 a 2010, foi correspondente em Washington pelo Estado de S. Paulo. Cobriu a crise econômica americana, a guerra do Afeganistão, as eleições de 2008, 2012, 2016. Na Casa Branca, entrevistou o presidente George W Bush. Também cobriu os atentados de 11 de setembro de 2001. Idealizou o premiado projeto "Mundo de Muros", especial multimídia sobre a crise das migrações feito em quatro continentes.[4]

Esteve diversas vezes na Síria, Iraque, Turquia, Líbia, Líbano e Quênia fazendo reportagens sobre os refugiados e a guerra. É autora do livro “Lua de Mel em Kobane”, da Companhia das Letras, sobre um casal de sírios sobrevivendo do cerco do Estado Islâmico do Iraque e do Levante, que ela conheceu na Síria.[5][6][7] Foi também a única repórter brasileira que, em 2014 e 2015, cobriu a epidemia de ebola em Serra Leoa.[1]

Eleições de 2018[editar | editar código-fonte]

A jornalista ganhou destaque no contexto da eleição presidencial no Brasil em 2018 ao assinar uma reportagem sobre supostos crimes eleitorais na campanha do candidato Jair Bolsonaro.[8] Ela publicou que havia financiamentos ilegais à campanha de Bolsonaro em redes sociais realizados por empresários partidários. Por sua reportagem, foi alvo de perseguições e ataques de ódio.[9] Foi citada na escolha de Pessoa do Ano da revista Time como jornalista vítima de perseguição.[10][11] A reportagem também sofreu críticas por não apresentar evidências do financiamento ilegal.[carece de fontes?] Posteriormente, em resposta a um questionamento do Tribunal Superior Eleitoral, comunicados das principais redes sociais alegaram que a campanha de Bolsonaro não comprou impulsionamento de conteúdo.[12][13] No entanto, essas mesmas redes sociais se negaram a fornecer informações quanto ao financiamento de impulsionamento de conteúdo por parte de empresários e empresas ligadas a Bolsonaro, objeto da matéria realizada por Mello.[14] Em junho, publicou mais duas reportagens sobre o uso de WhatsApp durante as eleições, desta vez, com agências de marketing estrangeiras.[15] Em julho, nove meses após a abertura de investigações sobre o uso ilegal de disparos de WhatsApp na eleição de 2018, nem um único suspeito havia sido ouvido pela polícia.[16] Em setembro de 2019, quase um ano depois da campanha eleitoral, o WhatsApp admitiu pela primeira vez que a eleição brasileira de 2018 teve uso ilegal de envios maciços de mensagens, com sistemas automatizados contratados de empresas.[17]

Ataques sofridos[editar | editar código-fonte]

Insulto de Jair Bolsonaro e filho[editar | editar código-fonte]

Em 18 de fevereiro de 2020, durante uma entrevista a um grupo de simpatizantes em frente ao Palácio da Alvorada, Jair Bolsonaro insinuou: "ela queria dar o furo a qualquer preço contra mim." O depoimento à CPMI ao qual o presidente se referia era de Hans River do Rio Nascimento, que trabalhou para a empresa Yacows, especializada em marketing digital, que disse que a jornalista queria informações para uma matéria em troca de sexo.[18]

Diversos partidos e políticos e por entidades jornalísticas, que consideraram a fala um ataque à democracia, repudiaram a atitude do presidente.[19] Para a Associação Nacional de Jornais (ANJ), a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) e o Observatório da Liberdade de Imprensa da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a fala de Bolsonaro desrespeita a imprensa e o seu trabalho essencial na democracia. A Associação Brasileira de Imprensa (ABI) chamou a agressão de "covarde" e pediu à Procuradoria-Geral da República que denuncie a quebra de decoro de Bolsonaro. O Sindicato dos Jornalistas Profissionais de São Paulo afirma que a fala do presidente pode ser classificada como injúria e é passível de responsabilização criminal. A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), em nota assinada pela Comissão Nacional de Mulheres, diz que o episódio foi de "machismo, sexismo e misoginia". Em nota, a Folha de S. Paulo afirmou: "O presidente da República agride a repórter Patrícia Campos Mello e todo o jornalismo profissional com a sua atitude. Vilipendia também a dignidade, a honra e o decoro que a lei exige do exercício da Presidência".[20][21][22]

Condenações[editar | editar código-fonte]

Em janeiro de 2021, o deputado federal Eduardo Bolsonaro, filho de Jair, foi condenado pela Justiça de São Paulo a indenizar Patricia em R$ 30 mil por danos morais. A ordem é consequência das publicações de informações falsas (fake news) feitas pelo deputado em maio de 2020 no canal “Terça Livre” que sugeria que Patricia teria se insinuado sexualmente em troca das informações que mais tarde levaram à investigação do uso ilegal de envios maciços de mensagens pelo WhatsApp. Segundo declaração do juiz Luiz Gustavo Esteves, da 11ª Vara Cível, as declarações de Eduardo 'transbordaram limites do direito do outro", ofendendo a honra e “colocando em dúvida, inclusive, a seriedade do seu trabalho jornalístico e de sua empregadora” .[23][24][25]

Jair Bolsonaro foi condenado, em março de 2021, a indenizar a jornalista em vinte mil reais por atacá-la de maneira machista. Conforme a juíza responsável pelo caso, da 19ª Vara Civil de São Paulo, as declarações do político atingiram a honra de Campos Mello, uma vez que repercutiram no país e no exterior e deram ensejo para comentários ofensivos nas redes sociais.[26]

No mês seguinte, Hans River foi condenado a indenizar a jornalista em cinquenta mil reais por danos morais por juiz da 42ª Vara Civil de São Paulo. Em sua decisão, o magistrado afirmou que Rivers atingiu a jornalista como ser humano e que "tais sofrimentos são evidentes e a demonstração de existência dos mesmos independe, realmente, de maiores comprovações, além das constantes nos autos".[27]

Prêmios[editar | editar código-fonte]

Obra[editar | editar código-fonte]

  • O mundo tem medo da China? Nós também. O maior enigma da economia mundial, 2005. Editora Terceiro Nome: São Paulo.
  • Índia - Da miséria à potência, 2008. Editora Planeta: São Paulo.[38]
  • Lua de Mel em Kobane, 2017. Companhia das Letras: São Paulo.[39]
  • Fronteiras: Territórios da literatura e da geopolítica, 2019. Editora Dublinense; 1ª edição: Curitiba.[40]
  • A Máquina do Ódio: Notas de uma repórter sobre fake news e violência digital, 2020. Companhia das Letras: São Paulo.[41]

Referências

  1. a b c «Patrícia Campos Mello». Agência Riff. Consultado em 24 de dezembro de 2018 
  2. «Conheça Patrícia: Uma Mulher Empresária Inspiradora». She Means Business: Celebrating Women Entrepreneurs. Facebook. Consultado em 20 de outubro de 2018 
  3. «Ilona Szabo nomeada para conselho do Cebri». Correio Braziliense. 26 de abril de 2019. Consultado em 7 de agosto de 2019 
  4. «Premiada, série "Um Mundo de Muros" humanizou tragédias e foi além dos números». Folha de S. Paulo. 3 de dezembro de 2018. Consultado em 7 de agosto de 2019 
  5. «Lua de mel em Kobane». Companhia das letras. Consultado em 7 de agosto de 2019 
  6. «Uma improvável história de amor: autora comenta livro 'Lua de Mel em Kobane'». El país. 13 de março de 2018. Consultado em 7 de agosto de 2019 
  7. «Livro mostra vida de recém-casados em meio à guerra na Síria». O Globo. 27 de janeiro de 2018. Consultado em 7 de agosto de 2019 
  8. «Empresários bancam campanha contra o PT pelo WhatsApp». Folha de S. Paulo. 18 de outubro de 2018 
  9. «Após reportagem, jornalista da Folha é atacada e colegas saem em sua defesa». Correio Braziliense. 19 de outubro de 2018. Consultado em 20 de Outubro de 2018 
  10. «Escolha da Time para Pessoa do Ano cita repórter da Folha». Folha de S.Paulo. 11 de dezembro de 2018. Consultado em 24 de dezembro de 2018 
  11. Vick, Karl. «TIME Person of the Year 2018: The Guardians». Time (em inglês). Consultado em 24 de dezembro de 2018 
  12. Pontes, Felipe (12 de novembro de 2018). «Facebook e Twitter dizem que Bolsonaro não pagou por impulsionamento». Agência Brasil. Consultado em 2 de dezembro de 2018 
  13. Richter, André (13 de novembro de 2018). «WhatsApp diz ao TSE que não foi contratado por campanha de Bolsonaro». Agência Brasil. Consultado em 2 de dezembro de 2018 
  14. Alves, Cíntia (13 de novembro de 2018). «Gigantes da internet não fornecem dados sobre caixa 2 de Bolsonaro». Jornal GGN 
  15. «Empresas contrataram disparos pró-Bolsonaro no WhatsApp, diz espanhol». Folha de S. Paulo. 18 de junho de 2019. Consultado em 7 de agosto de 2019 
  16. «Investigação eleitoral sobre disparos em massa pelo WhatsApp engatinha no TSE». Folha de S. Paulo. 18 de junho de 2019. Consultado em 7 de agosto de 2019 
  17. «WhatsApp admite envio maciço ilegal de mensagens nas eleições de 2018». Folha de S. Paulo. 8 de outubro de 2019. Consultado em 1 de novembro de 2019 
  18. «Ex-funcionário de empresa de disparo em massa mente a CPI e insulta repórter da Folha». Folha de S. Paulo. 11 de fevereiro de 2020. Consultado em 15 de abril de 2021 
  19. «Jair Bolsonaro, presidente da república, ofende jornalista da Folha». Folha de S. Paulo. Uol. 18 de fevereiro de 2020. Consultado em 18 de fevereiro de 2020 
  20. «Entidades de jornalismo e OAB dizem que insulto de Bolsonaro a repórter é ataque à democracia». NSC Comunicação. 18 de fevereiro de 2020. Consultado em 25 de fevereiro de 2020 
  21. «Repórter da "Folha" é alvo de insulto sexual de Bolsonaro». Deutsche Welle. 18 de fevereiro de 2020. Consultado em 25 de fevereiro de 2020 
  22. «O carnaval das imoralidades de Bolsonaro». IstoÉ. 21 de fevereiro de 2020. Consultado em 25 de fevereiro de 2020 
  23. «Eduardo Bolsonaro é condenado a indenizar repórter Patrícia Campos Mello por danos morais». Época. 21 de janeiro de 2021. Consultado em 28 de janeiro de 2021 
  24. «Eduardo Bolsonaro é condenado a indenizar jornalista Patrícia Campos Mello em R$30 mil». O Globo. 21 de janeiro de 2021. Consultado em 28 de janeiro de 2021 
  25. «Justiça de SP condena Eduardo Bolsonaro a indenizar jornalista em R$ 30 mil por danos morais». G1. Consultado em 28 de janeiro de 2021 
  26. «Jair Bolsonaro é condenado a indenizar jornalista Patrícia Campos Mello». Jota. 27 de março de 2021. Consultado em 15 de abril de 2021 
  27. «Justiça condena Hans River a indenizar repórter da Folha em R$ 50 mil por danos morais». Folha de S. Paulo. Folha da manhã. 15 de abril de 2021. Consultado em 15 de abril de 2021 
  28. «Repórter especial da Folha vence Troféu Mulher Imprensa». Folha de S.Paulo. 23 de Março de 2016. Consultado em 20 de Outubro de 2018 
  29. «Vencedora do Prêmio CICV: É uma iniciativa que reconhece o trabalho de mostrar pessoas por trás dos conflitos». Comitê Internacional da Cruz Vermelha. 26 de outubro de 2017. Consultado em 24 de dezembro de 2018 
  30. «Equipe da "Folha de S.Paulo" se coloca na pele do outro para derrubar muros». www.efe.com. Consultado em 24 de dezembro de 2018 
  31. «Prêmio Petrobras de Jornalismo - V Prêmio Petrobras de Jornalismo». www.premiopetrobras.com.br. Consultado em 24 de dezembro de 2018 
  32. «Reportagem sobre disparos em massa bancados por empresários é premiada». Folha de S.Paulo. 24 de fevereiro de 2019. Consultado em 14 de agosto de 2021 
  33. Avenue, Committee to Protect Journalists 330 7th; York, 11th Floor New; Ny 10001. «Patrícia Campos Mello, Brazil - Awards». cpj.org (em inglês). Consultado em 12 de agosto de 2019 
  34. «Jornalista da Folha vence prêmio sobre democracia e justiça». Folha de S.Paulo. Grupo Folha. 21 de agosto de 2019. Consultado em 4 de novembro de 2019 
  35. «Patrícia Campos Mello ganha prêmio Maria Moors Cabot de jornalismo». Poder360. 15 de julho de 2020. Consultado em 13 de maio de 2021 
  36. «Patrícia Campos Mello da Folha, receberá nesta segunda condecoração da França». Folha de S.Paulo. 8 de agosto de 2021. Consultado em 13 de agosto de 2021 
  37. «DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO - Seção 1 | Nº 220, terça-feira, 21 de novembro de 2023». Imprensa Nacional. 21 de novembro de 2023. p. 12. Consultado em 26 de janeiro de 2024 
  38. «Índia - Da miséria à potência - - Editora Planeta». www.planetadelivros.com.br. Consultado em 14 de agosto de 2021 
  39. Mello, Patricia Campos. Lua de mel em Kobane. [Brazil?]: [s.n.] OCLC 1038400343 
  40. Fronteiras : territórios da literatura e da geopolítica. Curitiba, Brasil: Litercultura Festival Literário. 2019. OCLC 1137194568 
  41. «A máquina do ódio». Companhia das letras. Consultado em 28 de janeiro de 2021 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]