Peirópolis

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Peirópolis é um distrito de Uberaba, localizado às margens da rodovia BR-262 e situado a aproximadamente 20 km do centro da cidade.

Ferrovia e calcário[editar | editar código-fonte]

Ao longo do século XX, o distrito se destacou como um importante polo produtor de calcário. Atualmente, Peirópolis é um destino turístico de grande interesse devido à sua rica concentração de fósseis. A antiga estação ferroviária da Companhia Mogiana de Estradas de Ferro, agora desativada, abriga o renomado Museu dos Dinossauros, que faz parte do Complexo Científico Cultural de Peirópolis. Além disso, o distrito conta com opções de hospedagem em pousadas, uma variedade de restaurantes e um parque temático com réplicas de dinossauros, oferecendo aos visitantes uma experiência completa e enriquecedora.

A "linha do Catalão", pertencente à Companhia Mogiana de Estradas de Ferro, foi a primeira ferrovia a chegar ao Triângulo Mineiro, alcançando Uberaba em 1889. No trecho entre os municípios de Conquista e Uberaba, havia uma pequena estação chamada originalmente de "Cambará", que recebeu o nome de Peirópolis em 1924.[1]

O surgimento do bairro de Peirópolis está relacionado ao imigrante espanhol Frederico Peiró, que em 1911 estabeleceu duas fábricas de cal virgem utilizando o calcário da região. A localidade ganhou importância econômica ao comercializar o produto através da ferrovia, principalmente para o estado de São Paulo. No entanto, a partir da década de 1950, a Companhia Mogiana começou a desativar gradualmente a antiga linha de Conquista, dando preferência à linha de Igarapava, inaugurada em 1915, por ser mais viável economicamente. O fechamento definitivo ocorreu em 1976, após a construção do lago da Usina Hidrelétrica de Jaguara nos anos 1970.

A Estação Peirópolis, que pertencia à Companhia Mogiana de Estradas de Ferro, atualmente abriga o Museu dos Dinossauros.

Sítio Paleontológico[editar | editar código-fonte]

Réplica em tamanho natural de um Titanossauro, criada pelo artista plástico Northon Fenerich, e exposta em frente ao Museu dos Dinossauros.

A partir da década de 1940, foram feitas descobertas paleontológicas que trouxeram uma nova notoriedade para a região. Após receber informações de que fósseis de ossos foram encontrados durante as obras de retificação da linha da Companhia Mogiana, o paleontólogo gaúcho Llewellyn Ivor Price (1905-1980) iniciou seu trabalho em Peirópolis em 1947.[2] Ele conduziu uma escavação sistemática na região de Caieira entre 1949 e 1961. Como resultado, centenas de ossos fossilizados do período Cretáceo Superior (100 a 65 milhões de anos atrás), principalmente de dinossauros do grupo dos titanossauros, foram recuperados.

Por quase 30 anos, Ivor Price pesquisou as terras do Triângulo Mineiro e de municípios paulistas. Ele é considerado o pai da paleontologia brasileira e permaneceu na região até 1974. Todo o acervo de fósseis coletado por ele e seus auxiliares ao longo de três décadas faz parte da coleção do Museu de Ciências da Terra do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), localizado no Rio de Janeiro.[3]

Museu e Centro de Pesquisas[editar | editar código-fonte]

Réplica do Uberabasuchus terrificus, um crocodilomorfo do Cretáceo Superior encontrado em Peirópolis.
Fósseis do Uberabasuchus terrificus.

Em 1991, a Prefeitura Municipal de Uberaba empreendeu a restauração do prédio da estação e outras estruturas adjacentes com o objetivo de criar o "Centro de Pesquisas Paleontológicas Llewellyn Ivor Price". No ano seguinte, sob a supervisão do geólogo Luiz Carlos Borges Ribeiro, o centro foi inaugurado. A antiga estação foi transformada em um laboratório de preparação de fósseis e abriga um museu paleontológico, aberto ao público, que é vinculado à Fundação Cultural de Uberaba. Além disso, outras construções próximas foram adaptadas como residências para pesquisadores.

Uma das principais atrações do museu é o esqueleto fossilizado do crocodilomorfo do Cretáceo Superior conhecido como Uberabasuchus terrificus. Descoberto na região em 2000, esse esqueleto é considerado um dos mais completos do seu tipo no mundo. Atualmente, ele está em exposição no museu, ao lado de uma réplica do animal. O Uberabasuchus terrificus faz parte da família de crocodilomorfos denominada Peirosauridae, em homenagem a Peirópolis. Estima-se que essa criatura media cerca de 2,5 metros de comprimento e pesava aproximadamente 300 kg.[1][4]

Mais recentemente, foram descobertos fósseis do Uberabatitan ribeiroi na região, sendo considerado o maior dinossauro brasileiro já encontrado. Em 2004, durante as obras de duplicação da rodovia BR-050, foram encontrados fósseis de três indivíduos dessa espécie na região da Serra da Galga, entre as cidades de Uberaba e Uberlândia. O processo de retirada dos fósseis foi concluído em 2006, com os técnicos realizando escavações manuais de aproximadamente 300 toneladas de rochas que datavam do período Cretáceo e Paleogeno para a extração do material. Em 2011, novas descobertas foram feitas na mesma área, incluindo um fêmur de 1,4 metros pertencente ao Uberabatitan.[5][6]

Rede Nacional de Paleontologia[editar | editar código-fonte]

Sede da antiga Rede Nacional de Paleontologia, integrado ao Complexo Científico Cultural de Peirópolis.

Durante o período de 2003 e 2004, o Ministério da Ciência e Tecnologia do Governo Federal concedeu financiamento para a construção da sede da Rede Nacional de Pesquisas Científicas em Paleontologia em Peirópolis. O objetivo do projeto era preservar sítios fossilíferos e promover a divulgação da paleontologia. No entanto, surgiram várias polêmicas relacionadas à iniciativa.[7][8]

Embora um amplo prédio tenha sido construído nas proximidades do antigo museu para abrigá-la, a Rede Nacional nunca foi concretizada e acabou sendo extinta. Atualmente, suas instalações são utilizadas para exposições científicas, atividades lúdicas e educativas sobre paleontologia, voltadas para crianças e estudantes de Uberaba e região. O edifício agora abriga um auditório para palestras, salas para oficinas e também serve como sede da Associação dos Amigos do Sítio Paleontológico de Peirópolis - AASPP. Além disso, abriga réplicas de um Megaterium (Preguiça Gigante) e de um Titanossauro, ambos encontrados na região.

Em 2011, todas as edificações e seus equipamentos foram integrados ao Complexo Científico Cultural de Peirópolis, em uma parceria entre a Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM) e a Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior de Minas Gerais. Essa integração fortaleceu a colaboração entre as instituições e impulsionou o desenvolvimento científico e cultural da região.[9]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

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