Pierre Nora

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Pierre Nora
Pierre Nora
Pierre Nora em junho de 2011.
Nascimento 17 de novembro de 1931 (92 anos)
8.º arrondissement de Paris
Nacionalidade Francês
Cidadania França
Progenitores
  • Gaston Nora
Parentesco Simon Nora
Cônjuge Françoise Cachin, Anne Sinclair
Irmão(ã)(s) Simon Nora
Alma mater
Ocupação Historiador
Prêmios
  • Oficial da Ordem Nacional do Mérito (34 ans de services civils et militaires, 1993)
  • Comendador das Artes e das Letras (1994)
  • Prêmio Gobert (1993)
  • Jean-Zay Award (2011)
  • prix Montaigne de Bordeaux (2012)
  • Prêmio Dan David (2014)
  • doutor honoris causa na Universidade de Laval (1999)
  • Cavaleiro da Legião de Honra (31 ans d'activités professionnelles, 1989)
  • Oficial da Legião de Honra (1998)
  • Comandante da Legião de Honra (2004)
  • Grande-Oficial da Legião de Honra (2013)
  • Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito (2022)
Empregador(a) École des hautes études en sciences sociales
Escola/tradição Nova História

Pierre Nora (Paris, 17 de novembro de 1931) é um historiador francês da terceira geração da Escola dos Annales, associado ao campo da chamada Nova História. É reconhecido pelos seus trabalhos sobre a identidade francesa e a memória, o ofício do historiador. Destacou-se, ainda, pelo seu papel como editor em Ciências Sociais. Organizou um livro sobre o conceito lugares de memória, pelo qual recebeu o Prêmio Gobert em 1993.[1]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Carreira académica[editar | editar código-fonte]

Na década de 1950 foi aluno do Lycée Louis-le-Grand, mas não foi recebido, ao contrário do que comumente se afirma, na Escola Normal Superior de Ulm. Obteve, em seguida, a licenciatura em Filosofia. Tendo recebido a agregação em História em 1958, lecionou no Lycée Lamoricière de Orão (Argélia) em 1960. Nesse período produziu um ensaio publicado com o título de "Les Français d'Algérie" (1961).

Foi bolsista da Fundação Dosne-Thiers, de 1961 a 1963, e assistente, depois professor-assistente, no Institut d'Etudes Politiques de Paris, de 1965 a 1977. A partir de 1977, tornou-se director de estudos na École des hautes études en sciences sociales.

Tomando como referência as contribuições de Halbwachs, em sua obra Les lieux de mémoire, Pierre Nora propõe uma nova História das políticas de memória e uma História das memórias coletivas da França. A valorização de uma História das representações, do imaginário social e da compreensão dos usos políticos do passado pelo presente promoveu uma reavaliação das relações entre história e memória e permitiu aos historiadores repensar as relações entre passado e presente e definir para a história do tempo presente o estudo dos usos do passado. Nora aprofunda ainda a distinção entre o relato histórico e o discurso da memória e das recordações. A história busca produzir um conhecimento racional, uma análise crítica através de uma exposição lógica dos acontecimentos e vidas do passado. A memória é também uma construção do passado, mas pautada em emoções e vivências; ela é flexível, e os eventos são lembrados à luz da experiência subseqüente e das necessidades do presente.[2]

Como editor[editar | editar código-fonte]

Paralelamente, Pierre Nora construiu uma importante carreira como editor. Ingressou em 1964 na Juilliard School, onde criou uma colecção de livros de bolso. Em 1965, juntou-se à Gallimard: a prestigiada editora, já bem instalada no mercado da literatura, desejava desenvolver o seu sector das Ciências Sociais. Foi Nora que desempenhou esta tarefa pela criação de duas importantes colecções: a Biblioteca de ciências humanas, em 1966, e a Biblioteca de história, em 1970. Dirigiu coleções de grande importância, cujos trabalhos foram reconhecidos como referências obrigatórias em seus respectivos campos de pesquisa, a saber:

Biblioteca de ciências humanas[editar | editar código-fonte]

Biblioteca de história[editar | editar código-fonte]

Este importante papel concedeu a Nora um certo poder no mercado editorial francês, que o expôs às críticas. Assim, recusou, em 1997, a ser o tradutor do livro de Eric Hobsbawm, Era dos Extremos (1994), em virtude do "compromisso com a causa revolucionária" de Hobsbawm, que reinterpreta os grandes acontecimentos do século XX em torno do comunismo e, especificamente, a rejeição ou medo da União Soviética. Nora afirma que François Furet, que solicitou a tradução do livro, aconselhou-o: "Tradu-lo, sangue bom! Não será o primeiro mau livro que tu publicarás". Serge Halimi, comentou sobre essa "censura" no jornal Le Monde diplomatique.[5]

Em maio de 1980, Nora fundou na Gallimard a revista Le Débat com o filósofo Marcel Gauchet, que se constituiu uma das mais importantes revistas intelectuais francesas.

Outros trabalhos[editar | editar código-fonte]

Também participou da Fondation Saint-Simon, criada em 1982 por François Furet e Pierre Rosanvallon e dissolvida em 1999.

Nora destacou-se ainda por ter dirigido a obra Lugares de memória, três volumes destinados a fornecer um inventário dos lugares e objetos nos quais se encarna a memória nacional francesa.

Distinções[editar | editar código-fonte]

Prêmios[editar | editar código-fonte]

  • Prix Diderot-Universalis em 1988;
  • Prix Louise-Weiss de la Bibliothèque nationale em 1991;
  • Prix Gobert da Academia Francesa em 1993;
  • Grand Prix national de l'histoire em 1993.

Associação e[editar | editar código-fonte]

Pierra Norra participou de uma série de instituições importantes da França, das quais se destacam:

Honrarias[editar | editar código-fonte]

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Faire de l'histoire (dir.), com Jacques Le Goff, Gallimard (Bibliothèque des histoires), Paris, 1974, 3 tomos : t. 1 Nouveaux problèmes, t. 2 Nouvelles approches, t. 3 Nouveaux objets.
  • Les Lieux de mémoire (dir.), Gallimard (Bibliothèque illustrée des histoires), Paris, 3 tomos : t. 1 La République (1 vol., 1984), t. 2 La Nation (3 vol., 1987), t. 3 Les France (3 vol., 1992)
  • Essais d'ego-histoire (dir.), Gallimard (Bibliothèque des histoires), Paris, 1986.
  • NORA, Pierre. Entre memória e história: a problemática dos lugares. In: Projeto História. São Paulo, nº 10, p. 7-28, dez. 1993.

Referências

  1. «Grand Prix Gobert | Académie française». www.academie-francaise.fr. Consultado em 24 de maio de 2021 
  2. Ferreira, Marieta de Moraes (dezembro de 2002). «História, tempo presente e história oral». Topoi (Rio de Janeiro): 321. ISSN 1518-3319. doi:10.1590/2237-101X003006013. Consultado em 4 de janeiro de 2024 
  3. «Bibliothèque des Sciences humaines - Site Gallimard». www.gallimard.fr. Consultado em 24 de maio de 2021 
  4. «Bibliothèque des Histoires - Site Gallimard». www.gallimard.fr. Consultado em 24 de maio de 2021 
  5. Halimi, Serge (1 de junho de 2005). «La mauvaise mémoire de Pierre Nora». Le Monde diplomatique (em francês). Consultado em 24 de maio de 2021 
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