Planejamento urbano de Fortaleza

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Uma das primeiras plantas do arquiteto Adolfo Herbster.

O início do planejamento urbano do município de Fortaleza, no Brasil, remonta à feitura da primeira planta do município, datada do ano de 1726, atribuída ao capitão-mor Manuel Francês.[1] António José da Silva Paulet fez o primeiro desenho de configuração das ruas do centro histórico, em 1818, além de ter sido o responsável pela reforma da Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção, iniciada em 1812 e concluída em 1821.[2][3]

Em 1859, o arquiteto Adolfo Herbster fez a primeira planta detalhada e precisa de Fortaleza. Na planta de 1875, ele esboçou a continuação de ruas e avenidas para a expansão da cidade. Os bulevares circundantes do Centro, que hoje são as avenidas Duque de Caxias, Dom Manuel e Imperador, formavam a principal característica dessa planta. Herbster consolidou o plano de Paulet de organizar o traçado das ruas em xadrez, que continuou sendo a principal característica das expansões que se seguiram.[4]

Durante todo o século XX, vários planos de desenvolvimento urbano foram propostos para a cidade, porém, não tiveram grande impacto em seu desenvolvimento de modo definitivo por conta do avanço da especulação imobiliária à frente das iniciativas do poder público. O primeiro deles foi o Plano de Remodelação e Extensão de Fortaleza, de 1933, do urbanista Nestor de Figueiredo, inspirado por Le Corbusier, durante o governo de Raimundo Girão. Suas principais propostas foram a implantação de um sistema radial concêntrico de vias principais e o zoneamento urbano tendo por base as diretrizes da Carta de Atenas. Sua proposta não foi aprovada pelo Conselho Municipal, levando à suspensão do seu contrato em 1935.[5]

Região central da cidade, a partir de Imagem de satélite da NASA.

O plano seguinte foi elaborado por Saboia Ribeiro, entre 1947 e 1948, na administração de Acrísio Moreira da Rocha. O Plano Diretor para Remodelação e Expansão de Fortaleza de Saboia propunha a divisão da malha urbana em bairros demarcados por cintas de avenidas, implantação de parques urbanos e um sistema viário com avenidas radiais caracterizando a cidade como "radial-perimetral", a elaboração de código urbano, além de mudanças no traçado do sistema ferroviário, projetos específicos para alguns bairros e implantação de um centro cívico no entorno do riacho Pajeú.[6]

Entre os anos de 1962 e 1963, o urbanista Hélio Modesto, contratado pela administração do prefeito Cordeiro Neto, elaborou o seu Plano Diretor de Fortaleza, mantendo as propostas anteriores de um sistema viário radial, com recuos dos prédios, soluções de cruzamentos, uso e ocupação específica para o centro com a implantação de terminais de transporte, implantação de polos por bairro concentrando atividades comerciais, serviços, institucionais e de recreação, uso e ocupação específicos para bairros industriais e a regulamentação do parcelamento do solo.[7]

Entre os anos de 1969 e 1971, o Plano de Desenvolvimento Integrado da Região Metropolitana de Fortaleza (PLANDIRF) foi elaborado no governo do prefeito José Walter, e sua principal característica foi o desenvolvimento integrado de Fortaleza em conjunto com as cidades vizinhas, mesmo antes da implantação das regiões metropolitanas no Brasil. O projeto previa a integração da gestão urbana em seus múltiplos aspectos, zoneamento com a introdução do conceito de corredor de atividades e um programa de obras viárias com um horizonte máximo para o ano de 1990.[8]

A BR-116, principal e maior rodovia pavimentada brasileira, inicia-se na cidade de Fortaleza.

Em 1975, o Plano Diretor Físico foi elaborado pela Coordenadoria de Desenvolvimento Urbano de Fortaleza, com base no PLANDIRF e em um levantamento aerofotogramétrico de 1972 no governo do prefeito Vicente Fialho. O plano criava quatro zonas residenciais diferenciadas, zonas de adensamento comercial e residencial, zonas industriais, zona especial de praia, zonas especiais de preservação paisagística e turística, áreas de uso institucional, áreas de renovação urbana e um plano viário hierarquizado classificando as vias como expressas, arteriais, coletoras e locais.[9]

Já no final do século XX, em 1992, no governo de Juraci Magalhães, foi lançado o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano de Fortaleza - PDDU-FOR. Seu planejamento gerou metas para 20 anos, com a remodelação do trânsito e novas vias, ordenamento urbano e áreas para lazer. Durante a gestão de Luizianne Lins, ocorreu uma revisão do Plano Diretor, a qual contemplava a participação da sociedade e da Câmara de Vereadores.[10] Em 2007, foi elaborado um plano diretor de geoprocessamento da prefeitura municipal, visando definir as plataformas tecnológicas necessárias para a implantação do Cadastro Técnico Multifinalitário, com base num projeto de geoprocessamento corporativo.[11] Em 2013, foram realizados os estudos para elaboração do Plano Diretor Cicloviário Integrado de Fortaleza, realizados por consórcio sob a supervisão da Secretaria Municipal de Infraestrutura[12]

Referências

  1. Fábio de Oliveira Matos (2009). «A cidade de papel: cartografia e fotografia na formação do espaço litorâneo de Fortaleza - Ceará» (PDF). Universidade Estadual do Ceará. Consultado em 2 de fevereiro de 2015 
  2. «Mudanças na Av. Santos Dumont terão que esperar novos projetos». Diário do Nordeste. 6 de agosto de 2012. Consultado em 2 de fevereiro de 2015 
  3. Fábio de Oliveira Matos; Fábio Perdigão Vasconcelos (2010). «O litoral de Fortaleza e o planejamento urbano na primeira metade do século XIX a partir das plantas de Silva Paulet e Simões de Farias». Universidade de Brasília. Consultado em 2 de fevereiro de 2015 
  4. José Almir Farias Filho (2008). «O Plano moderno e a morfologia do traçado». X Seminário de História da Cidade e do Urbanismo. Consultado em 2 de fevereiro de 2015 
  5. Eustógio Wanderley Correia Dantas; José Borzachiello da Silva; Maria Clélia Lustosa Costa (2009). De Cidade a Metrópole: (Trans)formações Urbanas em Fortaleza. [S.l.]: Edições UFC. pp. 153–154 
  6. Maria Águeda Pontes Caminha Muniz (2006). «O Plano Diretor Como Instrumento de Gestão da Cidade: o caso da cidade de Fortaleza/CE». UFRN. Consultado em 2 de fevereiro de 2015 
  7. Eustógio Wanderley Correia Dantas; José Borzachiello da Silva; Maria Clélia Lustosa Costa (2009). De Cidade a Metrópole: (Trans)formações Urbanas em Fortaleza. [S.l.]: Edições UFC. pp. 80–81 
  8. Alexandre Queiroz Pereira (2009). «Estruturação urbana litorânea da região metropolitana de Fortaleza: planos para Aquiraz, Caucaia e São Gonçalo do Amarante». Universidade Federal do Ceará. Consultado em 2 de fevereiro de 2015 
  9. Fernanda Oliveira Cavalcante Demes; Francisco Suetônio Bastos Mota (2013). «Impactos das atividades urbanas do riacho Pajeú, em Fortaleza, Ceará. Uma abordagem histórica e ambiental» (PDF). Associação Brasileira de Recursos Hídricos. Consultado em 2 de fevereiro de 2015. Arquivado do original (PDF) em 3 de fevereiro de 2015 
  10. E. G. Machado (2010). «Planejamento urbano, cidadania e participação popular: o caso da revisão do plano diretor de Fortaleza (2003-2008)» (PDF). Universidade Federal do Ceará. Consultado em 2 de fevereiro de 2015 
  11. «Plano Diretor de Geoprocessamento da Prefeitura Municipal de Fortaleza» (PDF). Portal do Software Público Brasileiro. 23 de outubro de 2007. Consultado em 2 de fevereiro de 2015 
  12. «Como o Plano Cicloviário pode mudar o trânsito de Fortaleza». O Povo. 11 de setembro de 2013. Consultado em 2 de fevereiro de 2015