Polideísmo

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

O polideísmo (do grego πολύ, "poly", ou seja, "muitos") e do latim deus (cujo significado é deus) refere-se a uma forma politeísta de deísmo, englobando a crença de que o universo teria sido resultado da criação coletiva de vários deuses, cada um dos quais criou um pedaço do universo ou multiverso e então deixou de intervir em sua evolução. Relembrando, que a diferença fundamental entre teísmo e deísmo, consiste na premissa básica de que para os deístas, a divindade cria o mundo e dele se afasta, enquanto para os teístas, a divindade cria o mundo e permanece agindo sobre ele. Este conceito aborda uma aparente contradição no deísmo, que um Deus monoteísta criou o universo, mas agora não expressa nenhum interesse aparente nele, ao supor que se o universo é a construção de muitos deuses, nenhum deles teria um interesse no universo como um todo.[1][2][3][4]

William O. Stephens, professor de filosofia da Creighton University, que ensinou esse conceito, sugere que C. D. Broad teria o estabelecido num artigo datado de 1925, cujo título é "The Validity of Belief in a Personal God"[5] - A validade na crença de um Deus pessoal. O autor observou que os argumentos para a existência de Deus apenas tendem a provar que "uma mente projetada existiu no passado, não que ela exista agora. É bastante compatível com este argumento de que Deus deveria ter morrido há muito tempo, ou que ele deveria ter voltado sua atenção para outras partes do Universo ", e nota ao mesmo tempo que" não há nada nos fatos que sugira que exista apenas um tal ser. C.D. Broad teria criado a noção de polideímo a partir do pensamento de David Hume. Stephens afirma: "As críticas de David Hume ao argumento do design incluem o argumento de que, até onde sabemos, um comitê de seres divinos muito poderosos, mas não onipotentes, poderia ter colaborado na criação do mundo, mas depois o deixou sozinho ou até mesmo deixou de existir. Isso seria polideísmo".[6][7]

Este uso do termo parece ter se originado pelo menos já no ensaio de 1997 de Robert M. Bowman Jr., Apologetics from Genesis to Revelation (Apologética: do livro de Genêsis ao livro de Revelações). Bowman[8] escreveu: "Materialismo (ilustrado pelos epicuristas), representado hoje pelo ateísmo, ceticismo e deísmo. O materialista pode reconhecer seres superiores, mas não acredita em um Ser Supremo. O epicurismo foi fundado por volta de 300 a.C. por Epicuro. Sua visão de mundo pode ser chamada de "polideísmo": existem muitos deuses, mas eles são meramente seres sobre-humanos; eles são remotos, não estão envolvidos no mundo, não representam nenhuma ameaça e não oferecem nenhuma esperança aos seres humanos. Os epicuristas consideravam a religião tradicional e a idolatria inofensivas o suficiente, desde que os deuses não fossem temidos ou esperassem que fizessem ou dissessem algo."[8]

A socióloga Susan Starr Sered usou o termo em seu livro de 1994, Sacerdotisa, Mãe, Irmã Sagrada: Religiões Dominadas por Mulheres, que inclui um capítulo intitulado "Nenhum Pai no Céu: Androginia e Polideísmo". Ela escreve que "escolheu encobrir o 'polideísmo' uma gama de crenças em mais de uma entidade sobrenatural". A autora usou este termo de uma forma que abrangeria o politeísmo, ao invés de excluir muito dele, já que ela pretendia capturar sistemas politeístas e sistemas não-teístas que afirmam a influência de "espíritos ou ancestrais". Esse uso do termo, entretanto, não está de acordo com tradicional mau uso do deísmo como um conceito para descrever um deus criador ausente.[9]

Referências

  1. «What does polydeism mean?». www.definitions.net. Consultado em 5 de novembro de 2021 
  2. Sered, Susan Starr (1996). Priestess, mother, sacred sister : religions dominated by women. New York: Oxford University Press. OCLC 34667797 
  3. «Variantes do Deísmo». Guia da Filosofia. 29 de janeiro de 2021. Consultado em 5 de novembro de 2021 
  4. Harper, Leland Royce (28 de maio de 2020). Multiverse Deism: Shifting Perspectives of God and the World (em inglês). [S.l.]: Rowman & Littlefield 
  5. «The Validity of Belief in a Personal God». www.ditext.com. Consultado em 5 de novembro de 2021 
  6. C. D. Broad, "The Validity of Belief in a Personal God", reprinted in C. D. Broad, Religion, Philosophy and Psychical Research, (1953),
  7. «home». ccas.creighton.edu (em inglês). 11 de agosto de 2014. Consultado em 5 de novembro de 2021 
  8. a b "Atlanta Apologist: Genesis to Relevations PDF" (PDF). Archived from the original (PDF) on 2006-08-31. Retrieved 2018-07-07.
  9. Susan Starr Sered, Priestess, Mother, Sacred Sister: Religions Dominated by Women (1994), p. 169.